Cap.7-Conhecendo...

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Olho para Michael de novo, de olhos arregalados. Me aproximo um pouco dele, para que ninguém mais ouça.
        -Perdoados?-Digo incrédula. Isso significava que Deus havia perdoado demônios pecadores, o que era algo praticamente inédito.
        Mike assentiu. Deus... estava perdoando demônios? Afinal, aquilo nunca acontecera antes desde que me entendo por gente. Já houveram casos anteriormente, mas eram tão poucos que nem se considerava. Será que ele estava reunindo forças no céu? Será que algo está pra acontecer onde nem mesmo os arcanjos conseguirão vencer sozinhos? Parecia extremamente impossível. As dúvidas me corroeram, e eu olhei para minha mesa, balançando a caneta na minha mão.
      -Quem são?-Perguntei pra ele, olhando para o resto dos alunos a minha frente. Nenhum deles parecia um Perdoado. Afinal, suas auras eram límpidas, de cores claras e "fofinhas", de azul a rosa bebê.
      Ele aponta com a cabeça para um dos cantos da sala atrás de mim. Lá havia um trio de alunos que tinham auras absurdamente mais escuras que as do resto dos alunos.
     Havia uma menina loiras cabelos extremamente lisos e olhos vermelhos, com um corpo perfeito e estatura mediana, um menino ruivo de olhos verdes, magro e muito alto e um outro de cabelos negros. Seus olhos mudavam de cor constantemente, mas permaneceram no azul por mais tempo. Ele tinha um corpo atlético e era alto, além de estar praticamente coberto com roupas pretas.
       -Simon é o ruivo. Ele era um Demônio Assassino. Era vulgarmente chamado pelos humanos de Serial Killer.-Ele diz. Ele torna a olhar para a garota loura.-Ester era uma súcubo, dá pra notar pelo... Você entendeu.-Ele fala desconfortável e eu rio.
     -Sim, sim, entendi. Continue-Eu falo, sorrindo.
    -Uma das boas, na verdade. Dizem que nem mesmo os maiores generais das forças de lá de baixo a dispensariam.-E ele finalmente olha para a frente, mas começa a falar sobre o terceiro garoto.-O moreno é Dylan. Eu não sei o que ele era no Mundo Inferior. Ele não costuma falar sobre isso. Mas eles são legais. Mesmo já tendo pecado muito. Recomeçaram aqui, tanto eles quanto suas famílias se arrependeram e foram Perdoados.
       Olhei para o trio. Dylan olhava para mim e para Mike. Ele deu um sorriso lindo, que faria qualquer garota do Céu, da Terra ou do Inferno derreter.
        Íncubo. Com certeza. Só íncubos eram tão bonitos e...sexys. Os olhos deles se tornaram vermelhos de súbito e seu sorriso só aumentou. Droga, ele ouviu meus pensamentos. Eu tinha o hábito de esquecer aquilo que cada raça pode fazer, como de costume.
        Virei para Mike, olhando para ele. Dali em diante percebi que ele e Hilary eram os únicos confiáveis naquele lugar. Não dava para acreditar em Perdoados, muito menos em Anjinhos.
O professor que daria a próxima aula era alto e muito magro e tinha um nariz de tamanho anormal, além de usar um terno azul bebê muito brega e velho. Quando ele entrou na sala, todos alunos ficaram em silêncio. Bem, todos exceto Hillary e a garota loira com a qual ela havia se sentado. Elas tentavam segurar o riso diante das roupas daquele professor, mas pelo que parecia, estava meio complicado.
O professor pigarreou e se virou para o quadro com se estivesse dançando. Ele pediu discretamente para que a caneta escrevesse seu nome no quadro, o que só serviu para que mais alunos tentassem se conter.
-Boa tarrrde alunos.-Ele exagerou nos floreios dos erres, e pôde-se perceber que ele tinha sotaque espanhol.-Eu soy Señor McFlorinde. Eu voy ensinar espanhol para vocês. A língua mais bela del planeta Terrra. Em classes, só vamos hablar español. E nada mais. Hoje eu estoy dando una folga para que vocês possam entender o básico. Assim, nosotros poderemos hablar com mais facilidad. Tudo bien? Vamos começar.
Bufei. Eu demorava meia hora só para decifrar uma ou duas palavras, imagina um texto inteiro! Eu revirei os olhos e abri meu caderno de "español".
        Mike olhou pra mim com um olhar divertido e riu baixinho da minha irritação. Eu não pude evitar de rir também, afinal, aquele cara andava com as asas abertas, ou seja, elas estavam a amostra e esbarravam em tudo.
Quase no fim da aula, um menino foi para perto dele pedir para ir ao banheiro e ele estava observando a caneta escrever no quadro, e assim que ele foi se virar para atendê-lo, suas asas jogaram o garoto porta a fora. A sorte era que o banheiro masculino era a porta logo à frente.
-Considere isso um sí. -Ele disse fazendo os alunos da sala rirem, com um pequeno sorriso.
Eu me segurava para não cair da cadeira enquanto ria e constatei que talvez as coisas no Céu não fossem tão perfeitinhas o tempo todo afinal, o que me fazia ter uma vontade súbita de ficar lá portais tempo.

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