Cap. 26-Eles Acreditam Em Você.

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        Eu, Hill e Dylan estávamos voando até o Senado, um prédio estilo greco-romano todo  feito de madrepérola, onde todos os anjos, arcanjos e Puros estavam, em uma completa bagunça. Callie já estava lá, junto com o meu pai, que fugiu da Terra por causa do alistamento de Lúcifer.
         A muvuca estava a tão intensa, que Dylan precisou gritar usando o charme de íncubo, para que eles se calassem.
       -Quietos! Todos vocês!- Ele gritou.
      Todos se calaram subitamente, olhando para nós cinco em cima do pequeno Palco de Anunciações Oficiais.
      Eu sabia que deveria ser eu a controlar a multidão. Fui eu a designada por Deus para vencer aquela crise e apenas eu era capaz de vencer Lúcifer. Naquele momento, eu era a líder deles.
      -Obrigada Dylan.- disse a minha mãe, sorrindo antes que eu pudesse abrir a minha boca para falar. Aquilo me fez me sentir melhor do que eu gostaria de admitir. Ela se aproximou do fim do palco, onde o microfone de prata estava posicionado.- Ontem descobrimos uma verdade. A verdade de que Deus, o nosso Criador e Líder, desapareceu. Não se sabe quem está com Ele, e muito menos quem esteve no comando do Céu por todo esse tempo.
      "Obviamente, nós temos nossa principal suspeita. Lúcifer, o Rei das Trevas, o Rei Demônio, nos enganou. Ele pôs seu filho e herdeiro entre nós, coletando informações. Ainda não se sabe a identidade deste, mas posso assegurar de que durante a guerra, as máscaras sempre acabam caindo. Essa verdade, porém, foi apenas uma de todas que as se mostraram ao longo dessa crise. Emma, a Escolhida por Deus, por favor."

       Eu me aproximei do microfone. Todos olhavam para mim com expectativa quase palpável.

       -Quando eu descobri que era a Escolhida, que estaria em uma guerra, eu senti medo. Senti medo como nunca senti antes, e realmente quis desistir, ou melhor, eu não quis nem mesmo tentar. Mas então eu percebi, que se eu não lutasse, muitos morreriam. Pessoas, anjos e qualquer outra coisa que fossem, perderiam suas vidas por seguir ordens e não por terem alguém em quem acreditar.-eu falei, antes de pegar um pouco de ar, dizendo várias vezes a mim mesma que precisava me acalmar.
       "Esses seres não tinham em quem acreditar, assim como eu não tinha. E morrer pelo que se acredita, é a melhor e mais honrosa maneira de morrer. Hoje, eu acredito. Não acredito em mim, ou em Deus. Acredito em vocês, anjos, arcanjos, cupidos, mestiços, Puros e Perdoados. Acredito que juntos, venceremos. Venceremos porque acreditamos."Eu disse. O efeito de Dylan já havia passado, as pessoas estavam quietas por querer ouvir. Ouvir o que eu tinha a dizer. "Então venham comigo, vamos vencer esta guerra acreditando no ser ao seu lado, acreditando em mim e em si mesmos. A verdade é que, quando eu cheguei, achei que esse seria um povo que viveria pra sempre em paz e que nunca precisaria se esforçar para ter o que quer. Mas quando eu conheci vocês, descobri, que não há nenhum outro lugar em que as pessoas sejam tão prestativas, altruístas e sinceras umas com as outras. No fim, o Céu me encantou. E espero que continue a encantar depois que a poeira tiver baixado. Por que é gente como vocês que merecem o lugar onde estão, e a vida que levam. Então vamos manter assim! Vamos lutar!" Eu gritei, finalizando meu discurso.

       Todos lançaram um grito de guerra final. Eu sorri. Eu realmente comecei a gostar daquele povo peculiar e que parecia ser perfeito, mas que tinha imperfeições como qualquer outro e que era feliz assim.

       -Todos para o arsenal!- disse um general arcanjo, guiando-os.

       Eu dei mais um sorriso, mesmo que as lágrimas estivessem as acompanhando. Quantos deles irão morrer? Me perguntei mentalmente. Mike apareceu ao meu lado, segurando meu ombro, como um sinal de apoio. Eu dei algo que devia ser um sorriso, e o beijei rapidamente.

      -Tenho que ir.-ele disse baixinho.

       -Te vejo no campo de batalha.-disse, antes dele abrir as asas para partir.

       Olhei para o lado onde Hillary e Dylan estavam. Hillary sorriu levemente, antes de acompanhar minha mãe até a saída do palco.
      Minha mãe se aproximou de mim e sorriu. Seus cabelos estavam soltos e voavam ao vento.
       -Emma, minha menina corajosa...-ela falou, com os olhos repletos de lágrimas.-Você é incrível, mesmo que não acredite nisso. Conseguiu fazer com que todos acreditassem em você. Não há nada mais que eu precise lhe ensinar sobre o Céu, meu amor. Acho que você compreendeu melhor que eu o que é fazer parte dessa sociedade. E eu estou tão orgulhosa de você...
       Eu a puxei para um abraço. Minha mãe chorou no meu ombro.
       -Queria ter mais tempo com você...-ela falou baixinho.
       -Não diga isso, mamãe. Nós ainda nos veremos de novo. Seu disso.-eu disse sorrindo, a olhando nos olhos.
      Minha mãe sorriu, mas algo me dizia que ela não acreditava em nada de minhas palavras.
       -Nós nos veremos sim, minha querida.-ela disse, se afastando de mim.-Boa sorte. E tenha juízo.
       Aquele último comentário me fez rir um pouco e aliviou boa parte da tensão sobre meus ombros.
       Meu pai também se aproximou logo depois. Ele beijou a minha testa e eu pude notar o quanto ele parecia cansado.
       -Cuide-se, filha.-ele disse.-Eu encontro você no palácio assim que acabarmos nos muros. Eu prometo. Sei que Dylan cuidará bem de você. Ele é um bom garoto.
       Eu ri e o abracei também.
       -Eu te amo, papai.-falei baixinho.-Me desculpe por gritar com você antes.
       -Está tudo bem, amor. Espero que você ainda tenha tempo de gritar comigo muito mais vezes.-ele falou, com um sorriso triste antes de decolar, batendo suas asas inteiramente negras.
       Dylan olhou para mim. Seus olhos estavam claros como cristal em um azul quase transparente.

       -Amigos pra sempre, né?- ele disse carinhoso, mostrando a tatuagem de lua.

      -Mesmo se a morte nos separar, bonitão.- Eu disse, antes de abraçá-lo.

       -Eu sei que você não sente o mesmo mas... Se alguma coisa acontecer comigo lá eu só gostaria de dizer que eu te amo.- ele disse.

       -Eu meio que notei isso. -eu disse, antes de rir e abrir as asas lilases para o céu.

      Ele me acompanhou, e nós voamos o mais alto que pudemos. Fechei os olhos e senti o vento no rosto. Aquele podia ser meu último voo.

      -Emma.-disse Dylan, me tirando de meus devaneios com seu tom preocupado. -Temos companhia.

     Olhei para frente, além dos portões. Um enorme exército negro estava do lado de fora, e clamavam por sangue. Eu parei onde estava, ouvindo os urros de guerra mais horrendos que já puderam existir, tentando inutilmente, encontrar ar para respirar.

      -O exército de Lúcifer.- Eu disse, ainda perplexa com a visão aterrorizante.-Não se parece nenhum pouco com os manequins de treino.
      Dylan olhava o exército e vi seus olhos mudarem para um amarelo perigosamente determinado.
       -Não mesmo.

     

Demon's LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora