Cap.2-A verdade vem à tona

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           -Ela é uma anja. Vem do Céu.-Diz o meu pai, sereno, olhando para mim.
           Uma onda de pânico passou pelo meu corpo, afinal, a população do Céu não se relaciona com demônios a não ser que seja estritamente necessário.
           -Eu vim por sua causa. Para falar com você.-Ela disse, se sentando novamente e apontando para o lugar ao seu lado no sofá preto da sala.
          Certamente, eu havia feito algo errado. Afinal, eu procuro manter os meus poderes especiais escondidos daqueles que não confio, mas mesmo assim, sempre escapa alguma coisa, vez outra. Como a minha confissão no lago. Merda.
          -O que? Por que? Fiz algo errado? Ela veio me levar para o Inferno junto com os Maliciosos? Eu vou pra lá? E você papai você vai comigo? Você vai deixar ela fazer isso? E a mamãe vai também? Ela foi morta e vieram avisar? E a historia de Hilary e verdade? E por que não me respondem?-Eu perguntei, extremamente rápido, fazendo com que a anjo e o meu pai arregalassem os olhos pela minha reação exasperada.
          Mais mil perguntas voavam pela minha cabeça, mas Hilary me beslicou como se dissesse que eu já havia perguntado o suficiente. Lhe dei um tapa em resposta que a fez sussurrar um palavrão mal humorado.
             -Tenha calma. Você não fez nada de errado. A parte sobre Hilary é verdade, mas ninguém irá para o Submundo.-Diz meu pai, amenizando minha ansiedade.
       -Tá, então... Por que você tá aqui mesmo?-Digo, logo me arrependendo depois. Sentia que seria ingratidão fazer algo desse tipo justo com ela, mas por que será? Eu nem ao menos a conhecia.
       -Bem...isso...-Começa ela, parecendo extremamente nervosa de repente.-Bem... Como eu havia dito, vim aqui para falar com você. Emma, você está oficialmente sendo convidada a morar no céu.
       -Por que? O que essa mulher louca quer comigo?-Pergunto pro meu pai, tentando me aproximar dele o máximo que conseguia, sem parecer mais rude do que já havia sido com a coitada da mulher. Já não era comum anjos na Terra, mas anjos convidando demônios a morar no céu era uma insanidade completa.
      De repente Callie, se levanta e seus olhos tornam-se completamente negros com um ar assustador. Sua sombra parecia se agigantar pela sala, e sua voz pareciam ser três em um uníssono perfeito.
       -Não fale assim com a sua mãe, está entendendo?-Ela diz, severamente, fazendo eu me arrepiar dos pés à cabeça. Não só pela forma assustadora, mas pelas suas palavras. Eu fiquei desnorteada por um momento e toda a sala pareceu rodar e rodar, como uma roda gigante.
      -M-ma-mãe?-Pergunto, me apoiando em Hilary.-Mãe.-Repito, como se experimentasse dizer a palavra pela primeira vez.-Você... mas você é um anjo. Isso é impossível.
       -Não, filha não é.-Diz meu pai, com um suspiro cansado e triste ao mesmo tempo.

                                           ×××

       -E não te contamos que você era Mestiça, por que era proibido...-Diz minha mãe Callie terminando a explicação de como eu nasci, com os olhos marejados.
       No fundo, eu sabia que era verdade. Eu sentia a dor que eles haviam sentido, eu enxergava a história. Mas não queria acreditar. Eu podia sentir nas minhas veias, o bem e o mal lutando para ver quem iria ganhar.
        -Sei que no fundo você sabe que é verdade. -Falou Callie.-Você está sendo caçada pelos Seres Infernais. Mestiços são extremamente fortes, e o que um Malicioso daria para tê-la em seu exército...talvez a própria vida. Mas lá o objetivo é tirar Deus do poder e colocar Lúcifer. Não pode acontecer tal coisa. O mundo voltaria ao Caos do primeiro governo desse demônio. Mas se você se unir a nós, Emma, se se unir as forças celestiais, seu poder se tornará muito maior e você ajudará milhões de vidas. Você irá comigo para o céu? Irá em nome de sua espécie, assumindo então seu verdadeiro posto na sociedade?
         -Eu vou só...-Digo, fechando os olhos por um momento, para tentar me acalmar.- Só me dêem um tempo para...pensar.
         -Sei como deve estar...-Começa meu pai, pegando na minha mão. Eu puxei meus dedos dos deles.
         -Não! Você não sabe! Você não faz a mínima ideia do que eu estou sentindo. Você mentiu pra mim a vida toda. Fez Hill ser expulsa de casa! Você fez com que eu fosse odiada, uma anomalia na sua vida perfeita, fez com que todos tivessem medo do meu próximo passo!-Suspirei e tentei falar mais devagar.-Se você ao menos tivesse me dito que minha mãe não podia estar conosco invés de inventar uma mãe falsa! Você fez questão de criar um cenário para a sua peça! E por tudo isso, Jeff, eu te odeio! Te odeio como nunca odiei ninguém!!!
            -Filha eu...-Ele começou, antes que eu o interrompesse.
            -VOCÊ FEZ DE MIM UM MONSTRO!-Eu gritei, como nunca havia gritado antes. Minha garganta doía, mas eu não me importava mais. Lágrimas quentes brotavam dos meus olhos, e eu tentei limpá-las rapidamente, mesmo manchando a minha maquiagem.
           Ele abriu a boca para falar, mas eu não suportava mais ouvir sua voz.
           -Que horas partiremos?-Pergunto, olhando para os olhos assustados de Hillary. Ela, como todos os outros, nunca havia me visto assim.
           -Quando quiser.-Respondeu Callie, em um tom de voz baixo.
          -Me dê apenas uma hora.-Eu disse, indo em direção às escadas, sem nem ao menos olhar para o meu pai, ou para Callie.
          Eu e Hill fomos para o meu quarto pegar algumas coisas. Hilary havia levado uma bolsa com seus pertences e só estava ajudando a arrumar a minha, já que ela teria que ir para o céu de qualquer maneira.
          -Acha que fui dura demais?-Pergunto, abrindo a minha caixa de all stars.
         -Não. Aliás, não sei como você não disse palavrão. Você é a rainha!-Ela brinca, tentando descontrair o clima pesado que se formou na casa.
         -Niep. Ia pegar mal na frente da minha mãe. E eu estou tentando me controlar.-Respondi, no mesmo tom.
        -Esse "tentando" é que mata.-Ela falou, com um sorriso no rosto.
       Ri terminando de colocar tudo em minha bolsa
       -Mãe!-grito. Normalmente se fosse Cass a safada da minha mãe falsa, ela perguntaria de onde estivesse. Callie não, veio toda deposição.
      -Prontas?-Ela pergunta, claramente animada com o que quer que estivesse prestes a acontecer.
     Nós acentimos  com a cabeça.
     -Então lá vamos nós.-Ela disse, pegando as nossas mãos e fechando os olhos, com a cabeça levemente erguida. Um segundo depois, um tubo de luz multi colorida nos puxou do chão, para nos levar aonde todos queremos ir.

Demon's LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora