Cap. 28-Traição.

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Eu tentei respirar, mas encontrar ar era impossível. Mike. Era Mike. O meu Mike. Ele era o herdeiro. Era o príncipe das trevas. Eu olhei para ele, com a tristeza estampada em meu rosto.
Logo um outro sentimento tomou conta de mim. Raiva. Era ele esse tempo todo. Me enganando, me afastando de meu objetivo. Minha vontade era de esmurrá-lo até a morte. Mas ao invés disso, eu me aprumei e respirei fundo.
-Isso explica tudo. -Eu disse, antes de desviar meu olhar dele e olhar para seu pai, o Rei Demônio. Estava na hora de eu fazer a minha jogada.-Quem diria, huh?-Eu disse, dando uma risada seca. Não vou enfraquecer, não agora.- O Rei do Maior Ego do Mundo, caiu de amores por uma anjinha qualquer?-Eu ri alto.
O olhar de Lúcifer poderia queimar metade da Terra enquanto ele ouvia o que eu dizia.-Soa ainda mais ridículo quando eu falo. Meu Deus, não dá pra acreditar. Pensei que fosse mais forte que isso, Rabo-de-Flecha.-Eu virei de costas, andando calmamente, mesmo estando morrendo de medo internamente.
-Oh, e quem diria que você foi fruto da mesma fraqueza. Quem diria que a nossa heroína mestiça aqui é uma fraude? Eu diria. Por que você nunca fez nada para ninguém nessa cidade. Eu sei que não, eu observei você o tempo todo.-Ele disse, se aproximando de mim.- Você não é nada sem seus amiguinhos fracotes. Agora mesmo, eu estou cuidando para que essa sua defesa caia. Seus amigos, sua família, vai morrer, por sua causa! Por que você não sabe o que pode fazer. Você nem ao menos sabe, se está lutando no lado certo. Você nunca se perguntou, por que Deus os deixou? Você, do nada, perdoou todos aqueles anjos que lhe fizeram sofrer? Que não te aceitaram, até saber que você era supostamente a escolhida de Deus? Você acha que não, mas o ódio que deveria sentir por eles vêm todo para mim, sendo que você nem ao menos sabe quem eu sou! Ridícula!-Ele cuspiu na minha cara. É tudo o que ele diz me fez me senti um lixo, porque no fundo, ele tinha razão.

-Bem, Lúcifer, querido, está me dando apenas mais motivos para te odiar.-Eu retorqui, mesmo sabendo que ele estava nesse jogo há muito mais tempo que eu.

-Ah, Emma, querida, até parece que é isso que está sentindo. Eu sei o conflito que está dentro de você. Eu sinto o medo, o ódio, a raiva... E... Encanto?-Ele riu.

Droga. Pensei. O pior é que eu realmente tinha me encantado com ele. Mas não podia demonstrar. Comecei a rir.

-Encantada por você, uma cópia demoníaca do Tom Hiddleston?!-Voltei a rir, torcendo para que ele não soubesse quem era Tom (lindo) Hiddleston.

Ele me ignorou, e se sentou no trono de cristal quartzo enegrecido.

-Emma, querida... Não minta para mim. Não vale a pena. Mas agora, vamos falar de outra coisa. É uma pergunta que quero te fazer tem um tempo. Você perdoou seu pai por ter mentido pra você a sua vida toda? Por ter feito você conviver com uma madrasta preconceituosa e desrespeitosa? Você perdoou a sua mãe por nunca ter aparecido, mesmo quando ela sabia que você precisava de seu apoio? Você perdoou Hillary, por ter te deixado sozinha para ficar com uma outra garota? Você perdoou Dylan, por ter dado em cima de você mesmo quando você estava com outro? Você perdoou Deus, por ter obrigado seus pais a se separarem e mentirem para você, por causa de uma rixa boba comigo? Perdoou Deus por ter sido preconceituoso?! Perdoou?!-ele falava e eu ia ficando cada vez mais confusa, até ter que me ajoelhar no chão, com as mãos nos ouvidos. Mas quando ele fez a última pergunta, eu parei, por um segundo. Eu sabia a resposta, para todas as perguntas. Por mais que detestasse Lúcifer, ele tinha razão sobre o fato de que Deus foi preconceituoso, mesmo quando era obrigado a favorecer a paz e a aceitação entre as pessoas.

Droga, droga, droga, droga. Ele tem tem toda a razão.

-E-eu... Não sei...-Menti.

Ele levantou de novo, e se aproximou de mim bem rápido, com um olhar estranhamente sofrido.

-Acho que você sabe sim, Emma. E acredite ou não, eu sei como é se sentir assim. Não pense que está sozinha, porque não está. Eu estou aqui. Eles não falam a verdade, mas eu sim. Junte-se a mim. Entenda a minha causa, me deixe mostrar como as coisas são de verdade no Submundo. Me dê uma chance. E se no fim, você decidir ficar do lado da luz, eu deixo você ir.-Ele estende a mão para eu me levantar.

-Como sei que posso confiar em você?-Eu perguntei, com uma sobrancelha erguida. Não ia cair na laia dele tão facilmente.

-Um: Eu estou convidando a garota que supostamente me odeia para morar na minha casa. Dois: Eu estou desarmado e você não e terceiro: Eu nunca menti para você, mas eles? Eles sempre mentiram e continuarão a mentir, a não ser que você faça alguma coisa sobre isso.-Ele disse, ainda com a mão estendida para mim.

Era agora. Eu tinha que decidir. O Lado do Céu, o lado de Deus, cheio de Seres da Luz, onde a minha família, meus amigos e Dylan estavam. Dylan. Eu nunca me senti tão culpada quanto me sinto em relação a ele. Nunca me enganou, nunca me disse "não"... Um pensamento me ocorreu. "Ele nunca me disse não!" Se eu pedisse algo, ele me daria, se eu me juntasse a Lúcifer, ele viria comigo! É, também tinha o lado do Submundo, o lado de Lúcifer, cheio de seres que a minha vida toda pensei serem maus, sem nem ao menos ouvi-los. Bem, qualquer coisa, eu poderia voltar para casa certo?

Eu suspirei, e encarei a mão de Lúcifer. Essa era a coisa certa fazer. Alguém precisava ouvir o que eles tinham a dizer e quem seria melhor para esse trabalho do que a Escolhida?

Peguei a mão dele e ele me puxou para cima, me fazendo ficar de pé. Um sentimento totalmente novo corria pelas minhas veias. Eu não sabia o que era, mas me fazia me sentir extremamente resoluta.

-Eu vou, mas com duas condições.-eu disse, limpando o pó das minhas roupas e me ajeitando.

-Diga.-ele falou, serenamente.

-Primeira, se eu resolver ficar, quero retornar aqui uma última vez, para ver se consigo converter um amigo meu. Segunda condição, seu filho magoou meu coração e eu sei que ele é seu herdeiro e tal mas... Me deixe dar um soco nele? Por favor! Por favor!-perguntei, fazendo a minha melhor cara maldosa. Ele riu e apontou para Mike, que agora estava vermelho como um pimentão.

-Á vontade.-ele falou, me dando espaço.

-Oh, droga.-disse Mike, antes de eu me aproximar lhe dar um belo de um soco em seu nariz.

Balancei a mão, enquanto via ele caindo para trás. Lúcifer se aproximou e pôs a mão em meu ombro, rindo. A súcubo ao longe, ria baixinho numa voz aguda ligeiramente irritante.

-Me lembra de nunca pisar no seu calo.-ele disse, ainda entre risos. A súcubo que estava em um canto veio ajudar Mike a se levantar. Lúcifer estendeu o braço para mim, e eu timidamente o aceitei.-Está pronta?
Eu respirei fundo e pensei mais sobre o assunto, antes de assentir com a cabeça. Aquela era a minha decisão final sobre o assunto.

Uma luz negra me envolveu bem a tempo de eu ter um vislumbre de Dylan abrindo a porta de da sal do trono, com a lança ensanguentada na mão e vê-lo recuar na presença daquela luz anormal e daquele homem que ele tanto conhecia.

Desculpe, Dylan. Eu volto para te buscar. Mas agora, vou descobrir o que esses demônios querem conosco. Pude ouvir o íncubo gritar o meu nome, antes que eu fosse abraçada pela completa escuridão.

Demon's LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora