Demon's Love

13-A Facada

       Ninguém merecia isso. O Mike tem que ser muito inseguro para ficar com ciúmes de algo tão bobo. Já bastava ter perdido a Hillary pra aquela garota, não podia perder Michael também.
        Encaro o teto, emburrada olhando seus desenhos de querubins felizes tocando música que se mexiam levemente de um lado para o outro, como se estivessem dançando.
        Quem me dera estar com eles naquela hora. Adorava tocar violino, mas não tinha mais cabeça para isso, não com a guerra e a possessão de minha mãe.
       Ouvi um barulho na porta do quarto ao lado. Era Callie finalmente acordando depois de horas a fio desmaiada. Bem, mesmo que Dylan não a tivesse acertado com uma frigideira, acho que ela estaria na mesma situação.
       Levantei-me da cama, apesar dos protestos do meu corpo e fui até ela. Ela estava com a mão na cabeça e apoiada na porta.
      -Mãe! Venha, vou te colocar no sofá. -Peguei ela por um dos braços e envolvi meus ombros com ele enquanto a segurei pela cintura para dar estabilidade enquanto descíamos as escadas e ela gemia de dor constantemente até que a sentei no sofá.-O que houve lá?
      -E-eu não sei. -Ela gaguejou, ainda com a mão na cabeça.-Estávamos conversando e eu desmaiei. Tive sonhos estranhos... O que aconteceu enquanto estava desacordada?
        Contei toda historia a ela, que ouviu sem dizer uma palavra, parecendo preocupada.
        -Eu fui possuída por um demônio... Isso é magia avançada, nenhum perdoado em nosso catálogo poderia fazê-lo. Eu tenho que descobrir o que está acontecendo aqui.-Ela fala, agora completamente desperta.
       -Isso tudo não pode ser apenas estranhas coincidências, Lúcifer está aprontando algo antes da batalha...-Suspirei, tentando colocar as ideias no lugar.-Realmente não sei o que fazer, tudo isso é muito novo pra mim.
       -Não depende apenas de você, minha querida. Eu falarei com o Conselho, com o próprio Deus se necessário. Precisamos saber o que está acontecendo aqui.-Disse minha mãe, colocando as mãos sobre a mesa.-Eu vou marcar uma reunião com eles, mas enquanto isso, devemos pesquisar sobre isso. Biblioteca, internet, todas as fontes de informação possíveis.
        Eu assento, olhando para a mesinha de centro da sala, tentando ter ideias, antes de me levantar.
-Eu vou ver se tem algo no meu livro de História Celestial.-Eu falo, me levantando.-Você vai ficar bem?-Pergunto, um pouco preocupada.
-Vou sim, não se preocupe querida. Faça sua pesquisa e seus deveres de casa. Depois conversamos.-Ela me diz.
-Qualquer coisa é só me chamar, Callie.-Eu falo e ela meneia com a cabeça em sinal de afirmação.
Eu dou um pequeno sorriso e subo até meu quarto, me jogando na cama e abrindo meu livro, sem ideias do que poderíamos fazer.
       Por que que Hilary tinha que ficar de manha justo agora?! Ela saberia como consertar tudo isso...

...........
        Hilary chega no quarto e bate a porta com um estrondo. Como ela entrou aqui não sei, mas não importa. Eu estava escrevendo em um papel na escrivaninha quando ela chega até mim, encostando em meu ombro, com sua mão estranhamente fria.
      -Espero que você tenha uma boa explicação para...-Paro. Hill olha pra mim, mais pálida que nunca, antes de desmaiar, tombando na minha cama.
       -Mãe!!!-Eu grito, agarrando Hillary e colocando ela de forma confortável.
       Callie vem e olha para Hilary, caída sem jeito, de olhos semiabertos. Os olhos de minha mãe tomam uma aparência preocupada, como se já soubesse o que fizeram com ela.
       -Faca envenenada.- Callie diz, examinando-a.-Vou chamar Dean.
       Callie some na sala, enquanto eu olho para o ferimento. Veias negras estão aparentes em sua pele.
       -Ahhhh.-Hilary diz acordando.-Fuja. Fuja Emma. Ele está vindo. Ele vai te achar.- Ela me puxa por um braço, suando e começa a convulsionar até desmaiar novamente.
       Um cara entrou praticamente voando pelo quarto, sem nem olhar para mim e deu uma bebida de um frasquinho pequeno a minha melhor amiga anjinha. Eu o observo bem e dou um passo para trás. Ele era humano.
       -Ela ficará bem. Tem sorte da faca ter sido na barriga. Sanguede demônio não é fácil de eliminar e age rápido, se injetado no coração.-Diz ele. Seus olhos são verdes e cabelos castanho claros, quase louros ele era alto e musculoso. Provavelmente uns dez anos mais novo que a minha mãe.
        -Obrigada, Dean.-Minha mãe fala, parecendo aliviada
        -De nada. Eu devia um favor a você. Ela ficará bem, demorará um pouco para acordar, mas ficará bem. Só um pouco tonta, talvez. - Ele diz pra mim.
       -Valeu. Tem alguma ideia de quem pode ter feito isso?- Pergunto a ele, colocando minhas mãos nos bolsos dos jeans.
      -É uma faca típica de um demônio senhorita. Mas qualquer um pode ter feito, desde que tenha parte do sangue escuro.-Ele explicou calmamente, com as mãos na cintura.
      -Até um mestiço?-Eu questionei pensativa, tentando imaginar quem havia feito algo assim.
     -Até mesmo o neto de um.- Ele disse, sério.-Uma pequena gota de sangue demoníaco já é suficiente. Tem muitos mestiços e demônios nesse prédio. Pode ter sido qualquer um deles.
      -Uou.- Sussurro, impressionada e preocupada ao mesmo tempo.
      A campainha soa e eu vou atender. Mike está parado a minha frente, com um olhar preocupado.
      -Não precisa falar nada. Eu sei que fui um idiota.- Ele falou, agora olhando para os seus subitamente interessantes sapatos.
      -É, foi. -Eu cruzo os braços, indiferente.-Não precisava fazer aquele escândalo. Ele é só um amigo, ok? Eu às vezes preciso de outras pessoas pra conversar.
      -Me desculpa, então?-Ele me encara com seus adoráveis e hipnotizantes olhos castanhos que me fizeram derreter por dentro e sorrir.
      -Pensei que nunca ia perguntar.- Digo puxando-o pra perto em um abraço.
      Dean passa pela porta, ainda falando com a minha mãe sobre os medicamentos de Hillary, até parar, olhando Mike atentamente, como se ele fosse um animal de circo.
      -Michael-Cumprimentou ele, passando pelo vão da porta.
      -Winchester.-Acenou Mike, indiferente.
     Olhei confusa para Mike, e ele dá de ombros. Não importava mesmo. Assim que minha mãe e Dean sumiram no corredor, meus lábios e os de Mike se encontraram em sintonia, me fazendo queimar por dentro enquanto ele me puxava mais pra perto e eu o puxava também pelos cabelos, acariciando os fios.
     Ele se separou de mim e me olhou atentamente, com um sorrisinho, antes de me abraçar e eu olho para o corredor vazio. Ou quase. Dylan estava embaixo da escada, sentado em um degrau com um olhar sombrio, encarando Michael diretamente.