Cap. 6- Michael

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       Ele me olhou de novo, com uma sobrancelha erguida para mim. Seu olhar era divertido e desafiador ao mesmo tempo, o que só ,e deixou mais intrigada e curiosa por ele.
       Ele era um mestiço. Era como eu. Uma onda de curiosidade tomou conta do meu corpo. Aquele garoto era metade anjo, metade demônio. Nós éramos iguais, com os somos poderes, asas parecidas e até parecidos fisicamente. Nunca havia conhecido alguém como eu antes.
       -Como se chama?-Pergunta ele, me olhando de maneira cada vez mais divertida e amigável, como se entendesse o porquê de eu estar tão perplexa. E deve realmente entender.
       -Emma. E você é o Michael certo?-Digo eu. Pelo menos para isso meus poderes valiam a pena. Ler mentes era bom para nunca passar por situações em que não se sabe o nome da pessoa á sua frente. Eu pus uma mecha de cabelo atrás da orelha, timidamente.
       -É proibido usar seus poderes na aula.-Ele fala, com uma das sobrancelhas levantadas, mas de maneira compreensiva. Todos deveriam fazer isso quando chegavam na escola.-E pode me chamar de Mike.
       -Ok, Mike. Posso saber quem irá vigiar isso?-Perguntei fazendo uma cara incrédula, revirando os olhos.
       -O Detector.-Afirmou ele, cruzando os braços, cheio de convicção.
       -Detector?-Fiz uma cara confusa. Eu passei uma semana nesse lugar e ainda haviam milhões de coisas novas com que se aprender, se surpreender e se cativar. Acho que isso tornava o Céu um lugar muito mais sujestivo do que inicialmente parecia ser. Não me arrependo nenhum pouco de ter me mudado para cá. O povo é todo certinho e tal, mas a Cidade em si era realmente impressionante.
       -Tá vendo aquilo ali? É um detector. Ele capta a magia e muda de cor, uma vez que isso acontece, uma advertência é feita automaticamente com o nome de quem utilizou e tudo o mais. É uma sistema rígido. Para evitar... acontecimentos indesejados..- Explica ele pausada e pacientemente, apontando com a cabeça para uma pequena tela azul brilhante.
       -Quem cor ele fica quando detecta a magia?-Pergunto a Mike, olhando novamente para ele.
      -Eu não sei. Cheguei aqui há mais ou menos dois meses e ainda não vi ninguém ser pego.-Ele falou, reencostando na cadeira de madeira, própria para seres como nós, com asas, com a tábua do encosto com uma depressão considerável, para que as asas não ficassem espremidas.
       Nem era totalmente necessário, visto que na nossa idade, já se conseguia fazer com que suas asas sumissem quando desejado. Eu tive que aprender a fazer isso muito cedo, já que eu vivia na Terra.
      O Professor Noperly começou a explicar a matéria, enquanto a caneta encantada escrevia tudo o que ele dizia. Escreveu até o som que ele fez quando espirrou, o que dificultava um pouco na hora de copiar.
     O Professor Argus Noperly era um homem de estatura média e que já não tinha muito cabelo. Seus olhos eram cor de âmbar e ele tinha lábios muito finos. Sua pele era muito clara e ele andava com o peito estufado, assemelhando-se a um pavão. Ele usava um colete com estampa de losangos de cores pastéis, calça social leve e uma gravata borboleta estampada. Seus sapatos era de ótima qualidade e seu blaser marrom parecia extremamente caro.
      -Silêncio alunos. Não tolero conversas na minha aula.-Ele falou, olhando para todos os cantos da sala, procurando aqueles que estavam conversando. A caneta anotou seu pedido de silêncio em letras garrafais no quadro branco menor do lado do principal, onde haviam rascunhos e datas de trabalhos.
     Assim que ele desviou a sua atenção e continuou a falar, andando em círculos na frente do quadro branco, eu me virei para Michael de novo.
      -Então pode ser que eu passe meu ano todo sem ver isso brilhar?-Pergunto, erguendo as sobrancelhas, claramente decepcionada, anotando algumas coisas antes de olhar para o belo menino ao meu lado.
      Mike solta uma risadinha e bate a caneta azul escura na folha do seu caderno, desviando sua atenção do professor e olhando para mim.
      -Duvido. Três Perdoados e dois Mestiços na mesma sala... Duvido muito que não haja nenhum problema por aqui. Ainda mais agora que tenho uma dupla de encrencas.-Ele diz, divertidamente, sorrindo para mim com seu jeito naturalmente galanteador.

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