Cap. 23- Desconfiança e Cegueira

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        A última semana tinha sido extremamente corrida. Alguns ataques estavam ocorrendo na fronteira, como disse anteriormente e eu e Mike nos oferecemos, juntamente com Dylan e Ester, para cuidar dos feridos.
        Aliás, eu tinha medo de que Callie e Hillary estivessem certas sobre meu namorado. Ele realmente tinha andado estranho naqueles últimos dias. Olhei preocupada para ele, e nossos olhos se encontraram repentinamente, ele me mandou um belo sorriso, e então eu não tive mais medo de nada.
      Faltavam apenas duas semanas para o meu aniversário, que coincidentemente, seria no dia em que eu e Mike faríamos dois meses de namoro. A culpa me atingiu pela milésima vez, afinal, eu e Dylan tivemos aquela noite, em que nos beijamos até à meia noite, quando ele me levou para casa. "Droga" pensei. Desconfio de Mike, mas quem andou mentindo e traindo fui eu.
       Deu um suspiro cansado, enquanto distribui cobertores aos refugiados, imaginando quando aquela guerra iria acabar.
                                              
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         Os dias se passaram e Mike havia estado distante, desmarcando encontros, e às vezes não atendia o telefone nem mandava mensagens. Minha desconfiança se alimentava mais e mais e já haviam dias em que eu acordava chorando, pensando que ele me deixaria
     Quando o dia do meu aniversário chegou, recebi apenas uma mensagem dele:

     Amor,

     Infelizmente estarei ocupado a manhã toda, e boa parte da tarde. Tenho assuntos a resolver e coisas que preciso fazer, coisas extremamente importantes, que certamente mudarão o meu futuro. Saiba que te amo muito, e que realmente desejo estar aí com você, mas minha felicidade depende disso, espero que entenda.
      Com muito amor, Seu namorado lindão.

       Foi então que eu admiti a verdade. Ele realmente estava escondendo alguma coisa e todos estavam certos ao desconfiar dele. O que me doía era eu não fazer parte Dessa tal felicidade que ele mencionou em sua mensagem. Eu caí no chão, gritando e chorando, como ninguém nunca fez no Céu.
       Parecia que parte do meu corpo tinha se arrancado de mim.
        -Não! Não pode ser... E-eu não acredito. Não!-eu dei um grito extremamente agudo, e senti algo em mim se abrindo. É como se a partir daquele momento, eu pudesse enxergar tufo. Ele sempre me traiu. Ele sempre mentiu, mas eu estava cega, cega demais para ver.
       Dei mais um grito, finalmente percebendo uma Callie assustada e uma Hillary atordoada me encarando
       -Vocês estavam certas, afinal. Ele não me ama. Felizes?- disse eu. Por algum motivo, esse comentário me machucou, afinal, essa não foi a única coisa que ele me garantiu?
       Minha vontade era de cavar meu peito até encontrar meu coração e jogá-lo o mais longe que pudesse.
        Eu não queria mais fazer nada e ajudar aquelas pessoas não parecia fazer mais sentido. Todas elas só estavam rindo. Rindo da minha desgraça e do meu sofrimento sem fim.
        Não, Emma. A culpa não é de nenhum deles. Eles precisam de você. Algo dentro de mim disse, me fazendo parar de chorar e olhar o chão. Eu respirei fundo.       
        Me levantei, enxuguei as lágrimas e fui comer alguma coisa. Ele me ama e é isso que importa, certo?
        "Como pode ter certeza que ele o ama se a única coisa que ele fez foi deixar uma mensagem? Nem se dignou a ligar para você." Uma voz maldosa falou na minha cabeça rindo.
      Eu encostei meu corpo na parede de azulejos frios da cozinha, sem energia para me mover. A raiva e a determinação pareciam rolar ladeira abaixo.
        Enfim, eu desejei que Dylan estivesse lá. Ele apareceu, com vestes completamente negras e olhos negros.

         -Em's...?- ele começou, me vendo andar até a saída do meu apartamento, decidida.
        Ele veio andando ao meu lado, me olhando, sem entender nada. Nós saíram do prédio andando, e eu não olhei uma vez sequer para ele, apenas para rua de asfalto prateado a minha frente.
        -Eu não acho que...-começou Dylan, me fazendo revirar os olhos de impaciência.
         -Cale-se. Venha, vamos treinar.- eu disse, o chamando. Eu tinham um brilho determinado nos olhos. Lúcifer mal sabia o que lhe esperava. Eu aprendi muito durante essas semanas. A dor de Mike passaria assim que eu cortasse a cabeça de alguns lobisomens de madeira.-Se é guerra que querem, então guerra terão.-eu falei, confiante.
        Mas se era assim, por que havia, ainda, no fundo do peito, uma esperança, de não precisar lutar? É a mesma esperança que me fazia não conseguir odiar Mike, nem por um segundo sequer?
       Algo a dizia que não. Algo me dizia que havia algo muito errado com essas esperanças.  Pensou em desistir delas, mas uma vozinha no fundo de meu coração a impedia de fazer algo que não fosse acertar uma flecha bem no olho de lobisomem.
        Dylan a olhou por mais uns segundos, antes de ajustar os manequins na arena de treino da escola e fazer a contagem regressiva para ela se preparar.
      Os lobos, vampiros e demônios estavam espalhados a minha frente. Eu tinha que conseguir resgatar o anjinho no tomo de terra cercado por vários deles.
      Haviam armadilhas no caminho e os manequins eram capazes de se movimentar ao sentir sua presença.
      Eu sabia que deveria tomar cuidado com a boca dos lobos. Um passo em falso e um deles poderia ser acionado e eu poderia ser mordida.
      Os vampiros podias me atingir com facas de madeira e me morder também, mas cada um só poderia tentar morder uma vez.
       Os demônios eram os piores. Eles podias lutar com lanças de madeira e jorrar ácido.
      Eu me preparei e abri minhas asas.
      -Vai!-gritou Dylan, da sala de segurança.
      Eu hesitei, pensando no que fazer, antes de correr e voar, usando o ambiente ao meu favor.
      -Isso, muito bom! Agora ataque!-ele falou pelo microfone.
      Eu apoiei as pernas na pilastra da parede e impulsionei para frente, me virando no ar bem na hora que o primeiro vampiro foi acionado. E voando de costas, eu mirei em sua cabeça, acertando em cheio. O manequim longo parou de se mexer e largou a faca.
        Três lobos foram acionados e eu me virei para atirar neles. Tudo parecia estar em câmera lenta.
     Um, dois, três. Eu acertei os dois primeiros, mas o terceiro pulo em minha direção e eu recuei na hora, acionando um demônio e um vampiro.
      Eu percebi que estava cercada e voei para cima, pisando no teto e fazendo impulso para baixo, atirando em todos no meu caminho.
      Não demorou muito para que todos os manequins tivessem sido desligados. Eu peguei o anjinho e Dylan sorriu para mim na cabine. 
       -Você está pronta, Emma.-ele falou pelo microfone da sala de proteção.

Demon's LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora