c i n q u e n t a e q u a t r o

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                          Acordei após ter sindo atingida pelo raio de luz que escapava por entre as cortinas. Abri os olho mas logo os voltei a fechar por causa da intensa dor de cabeça, não só provocada pela luz mas também pelo sabor amargo da minha boca que me dava a confirmação da bebedeira que havera apanhado na noite anterior.

Senti um arrepio percorrer o meu corpo e levantei a cabeça para olhar-me. O quê? Estou de lingerie? Mas que raio. Oh merda. Harry?
Mas o que faz ele a dormir ao meu lado?
Levei as minhas mãos á cabeça devido a enorme dor que ai sentia e respirei fundo. Calma Skylar.
Mas? E se?

"NÓS FIZEMOS SEXO??" Gritei para Harry que logo acordou atrapalhado fazendo-o cair ao chão. Faço uma careta por ele ter caído e tento ao máximo não me rir. Isto é sério.

"Responde-me Harry!"

"Respondo a quê?" Ele esbugalhou os olhos para mim e bocejou sentando-se no chão. Tão belo.

"Nós fizemos... coiso?"

"Coiso?" A sua cara estava confusa, mas um tanto brincalhona.

"Sim Harry! Tu sabes! Coiso."

"Sex..."

"Não. Não digas a palavra. Já me bastou tê-la dito a berrar." Queixei-me das dores de cabeça que ficavam cada vez mais fortes.

Ugh... odeio ressacas.

"Não."

"Não o quê? Porra Harry! Se mais específico nas coisas que dizes. Não é o momento ideal para brincadeiras."

"Não Sky. Não fizemos. Só... digamos assim. Curti-mos?!?!"

"Curti-mos?" Estou confusa e a luz a bater nos meus olhos não me está a ajudar nada. Não gosto da palavra curtir. Quer dizer, não gosto nada deste tipo de palavras. Só quando o Harry as diz para mim. "Que tipo de curtir?"

"Tipo... beijos e tal..." Ele levou a mão ao cabelo e puxou-o. Ele estava nervoso. E com um bocado de receio?!?!

"Beijos e tal?" Olhei de olhos arregalados para a sua cara, e depois para mim, e depois para ele. E outra vez para mim.

E quando dei conta, estava a vestir a camisola dele, que me chegava até quase aos joelhos. Agarrei na minha roupa espalhada pelo quarto e calcei á pressa as minhas sapatilhas.

"Sky!" Harry gritou quando eu saí a correr do seu quarto, descendo as escadas a correr. "Skylar!"

"Isto não devia ter acontecido. Não agora. Eu... não podia." Digo e abro a porta de entrada, e saio para a rua, correndo em direção a minha casa. Tenho sorte em ter a minha casa mesmo ao lado da dele. Iria ser uma vergonha andar neste estado pela rua. As pessoas iriam achar-me doida.
Ainda consigo ouvir Harry a divagar qualquer coisa com a palavra merda quando entro em casa.

Não me lembro de mais nada, e subo as escadas em direção ao meu quarto. Fecho a porta atrás de mim e respiro fundo, como nunca antes tinha respirado.

Eu estou tão assustada com o que se tinha passou ontem a noite. É que eu não me lembro de nada. Só de ir para a festa da tal rapariga, encontrar lá o Harry, de beber e de...
Nada... a partir daí e só uma nuvem que invade todos os meus pensamentos. É como uma dança viciante que nunca mais termina, não me deixando ver o que vem a seguir a ela. O que eu quero saber.
Tenho medo que tenha feito algo que me arrependo. Ou que me vá arrepender. Eu não sei se Harry estava a dizer a verdade ou não quando disse que nós não tínhamos feito o coiso. Eu acredito, mas ainda me custa saber o que fiz e não me lembrar. É fantasmagórico.

Eu sei com o Harry é diferente, e se por acaso o fizemos ainda bem que foi com ele e não com outro qualquer, mas eu não estava preparada e nem sequer me lembro. De nada. Nada de nada. E isso está me a consumir aos poucos por dentro.

Quando dei por mim, estava a enrolar uma toalha a volta do meu corpo  agora frágil e possivelmente explorado por Harry.

Saí para me vestir, e depois de o fazer desci até á cozinha para comer algo. Tirei um pacote de bolachas oreo e quando ia para abrir o frigorífico um bilhete colado ao mesmo despertou a minha atenção.

"Filha, não sei o que andaste a fazer e onde dormiste, só te peço que me ligues quando leres isto e que estejas bem.

P.s: Não vou jantar. Hoje tenho o turno da noite. Faz qualquer coisa para ti. Beijos"

Oh bolas...

Corri escadas acima e procurei pelo aparelho que me iria fazer comunicar com a minha progenitora.

"Sim mãe? Sou eu a Sky."

"Haaa... és tu. Não tens nada para me dizer?"

"Desculpa por não ter avisado que não ia dormir em casa. Também não foi nada previsto." Sussuro mais para mim a última frase.

"Pois... bem falamos quando eu estiver em casa. Tenho de ir." E desligou a chamada.

Olhei mais uma vez para o ecrã do telemóvel e coloquei-o em cima da ilha da cozinha. E tratei do meu jantar. E quando eu digo tratar do jantar é colocar uma piza no forno e tirar um sumo. Tinha a minha disposição em baixo para fazer até um simples arroz ou massa.

Caminhei até á sala e liguei a televisão num canal aleatório. Desliguei as luzes da sala deixando-a ao escuro, sem vida e sem rumores. Deixando-a como me sinto agora. Vazia.

Como a piza ainda ia durar, sentei-me no sofá, aconchegando-me nos cobertores e afundando-me neles tentando esconder-me de tudo e todos. Pelo menos uma vez na vida. Uma vez na vida que podia ser a tal cobarde e frágil Skylar.

Harry's Sky || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora