c i n q u e n t a e n o v e

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s k y
 
                                    Mais uma vez a minha mãe não estava em casa. É. Já é rotina e eu tenho de me habituar a ela.

Entro na cozinha e tiro a camisola que Harry me tinha emprestado ficando com a t-shirt branca também dele. Pouso a mesma na cadeira e vou até ao frigorífico e tiro o leite. Retiro também uma caneca do armário e despejo leite para a mesma. Levo a mesma á boca e bebo o seu conteúdo de uma vez.

Lavo rapidamente a caneca e pego na camisola de Harry e subo para o meu quarto. Dispo-me e entro no poliban. Estava a precisar de um banho. Estava suada e pegajosa. Sorriu com o pensamento e deixo-me escorrer pelo ralo do poliban tal como a água. Sinto-me a derreter. A madrugada foi tão boa. Eu nunca me tinha acreditado que se ia passar o que se passou naquele quarto. O que aquele quarto presenciou.

Passo o champô pelo me cabelo pela segunda vez retirando cada pedaço de pecado e luxúria.

Acabo o duche e enrolo uma toalha no meu corpo e mesmo antes de secar o meu cabelo caminho até ao quarto e visto a roupa interior. Volto á casa de banho e trato do meu cabelo.
O relógio marca as 7 e 50 sa manhã e eu tenho realmente de me despachar para a escola.

Visto umas calças pretas justas, uma camisola de lã branca e as minhas all star brancas. Coloco o meu relógio e agarro na mala preta.

Os livros fazem o mesmo percurso que o caderno e estojo e fecho a mala. Tiro o meu telemóvel que se encontrava a carregar e já são 7 e 59.
Visto o casaco preto grosso mas feminino. Muito demais para mim. Foi um presente da minha mãe. Acho que o que posso para agradecer é usá-lo. Não digo que é feio mas não faz bem o meu género. Agarro na mala e saiu a correr de casa, depois de fazer uma paragem pela cozinha para agarrar em dois pacotes de bolacha oreo. Uma para agora outra para quando tiver fome.

Chego á escola depois de um percurso pequeno e vejo a mesma agitação de sempre. Dou um passo a seguir ao outro e vejo Steff e Elene ao longe. Sorriu-lhes e aceno-lhes suavemente. Ela retribuem e continuo o meu caminho.

Os olhares de todos estavam misturados como pastéis de óleo numa tela branca e virgem. Porque que as pessoas só olham para o nosso exterior e não tem a coragem nem descernimento de olhar para o que nós realmente somos. Para o nosso interior. Mas não, as pessoas limitam-se a mandar um olhar de superioridade e deixam-nos no chão.

As pessoas magoam. Algumas sem querer e outras porque sim. O que me mete mais repugnância são as que magoam pelo simples prazer de ver o outro a sofrer. Mas onde raio pára a dignidade das pessoas? Cada vez as pessoas o fazem por se acharem superiores aos outros. Como se estivessem um pé á frente e nós com dois atrás.

Os humanos continuam a usar constantemente a culpa. A culpa de fazerem isto ou aquilo. Não. A culpa não existe, é só uma coisa que os humanos inventam para fazerem alguém se sentir mal...

É como tudo na vida. Tu não podes decidir se sais magoado deste mundo. Mas tu tens uma palavra a dizer sobre quem tu queres que te magoe. Mas enfim! O que se há-de fazer!

Cambada de gente influenciada. É a única coisa que existe no mundo.

A aula de história e cultural das artes estava quase a começar e só me encontrava eu e mais uma rapariga que percebi ser Jenna no grande auditório. Professor Smith ainda não tinha chegado, mas o seu blazer castanho e velho e a sua mala de colo também ela velha estavam em cima da pequena secretária em frente ao grande quadro dando a entender que a sua pessoa ia dar aula.

Retirei o caderno preto e o estojo da mala e preparei-me para a aula quando o toque soou e o professor ia sorrindo para as várias pessoas que iam entrando.

Harry's Sky || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora