O toque de saída soa por toda a escola e logo começo a arrumar as coisas para sair da sala. Passamos quase 3 horas a ouvir o professor falar das suas férias. Que belo começo de aulas. Em vez de fazermos revisões e darmos os conteúdos, fui a porra das férias do professor que estivemos a ouvir a aula toda. Para alguns fui a aula mais seca e mal aproveitada como o meu caso porque queria mesmo começar a dar revisões para poder estudar, mas para outros fui uma aula bem mercida para o começo de aulas, não fazer nada. E quem pensa assim é aqueles que vem passear os livros á escola e os que ainda recuperavam de ressacas passadas e lutavam contra todo e todos para não adormecerem na aula, coisa que eu fazia depois desta 'intensa' aula. Sintam a ironia.Saio da sala e caminho pelo longo corredor principal. Vejo Niall e Stef ao longe e aceno com a mão ao qual eles retribuem. Quando entro em contacto com o vento frio que habita nas ruas de Londres, fecho mais o zip do casaco e agraço-me aquecendo-me o mais possível.
Mais um enorme caminho para percorrer e encontro-me a debater se deva ir já para casa. Não queria ficar sozinha, visto que o Liam só chegava do estágio às 7 da tarde e a minha mãe tinha o turno da noite no hospital.
Acabo por fazer o caminho para casa e não para o centro de Londres. Ainda não conhecia muito a enorme cidade de Londres, mas ainda tinha tempo já que ia viver aqui uns bons e longos anos.
Só de pensar que Liam me ia abandonar daqui a dois dias faz o meu estômago dar uma volta e os olhos arderem. Fui ele que me ajudou em todo desde que me mudei para aqui e agora simplesmente desaparece, vai embora. Sei que estou a ser egoísta e egocêntrica, mas eu preciso do meu melhor amigo aqui, comigo, a ajudar-me a derrotar todos os meus medos que são assombrados por fantasmas e demónios. Quero que ele me abrace quando estou embaixo e me segrede coisas bonitas e calmas ao meu ouvido quando o choro e a revolta começem a tomar conta do meu interior e o mundo esteja prestes a cair em cima de mim, a desabar. Quero que ele aqui esteja para me aturar quando faço as minhas birras e me ralhe quando algo de mau e horrível eu tenha feito e quero que me dê os seus maravilhosos e sábios conselhos quando não consigo dar rumo á minha vida. Eu quero-o aqui.
Mas isso é uma coisa que não vai acontecer e eu tenho de me habituar.
Quando dou por mim estou em frente á minha casa a arranjar coragem para entrar e com a cara feita em lágrimas. Não quero chorar, mas não consigo parar. Quero gritar mas não tenho voz. Quero me esconder mas não tenho para onde ir. Quero que todo fique bem mas não fica. Soluço.
Entro em casa e subo logo para o quarto. Não me atrevo a procurar algum recado ou mensagem de voz deixado no telefone de casa pela minha mãe. Só me quero fechar no quarto e deprimir. Deprimir por a minha vida não ser vida com que sempre sonhei. Com um pai e mãe presente, um melhor amigo a apoiar-me e um namorado que não seja ciumento. Três simples coisas que não tenho e nunca irei ter.
Depois de ter tomado um banho que me relaxou por completo mas que não afastou toda a confusão formada na cabeça, visto uns calções um tanto curtos desportivos e uma camisola da Roxy comprida, visto que a temperatura dentro de casa era mais elevada que a lá de fora. Desço até a cozinha e vou até ao telefone. Sem mensagens como sempre. Abro o frigorífico e tiro de lá o pacote de leite deitando um pouco dentro de uma caneca. Pego num pacote de bolachas oreo e subo para o quarto com o meu lanche nas mãos.
Antes de me dirigir aonde quer que fosse vou ao quarto para calçar umas meias grossas e só depois me dirigo á varanda e sento-me no pofe que tinha lá posto. Sem dúvida o pôr do sol é sem dúvida o espetáculo mais espantoso e extraordinário que existe e admirei. Reparo na casa ao lado e penso no ser que habita nela. Um ser de olhos verdes, lábios apetecíveis e cabelo encaracolado. Esse ser que não abandona os meus pensamentos e me atormenta desde que lhe pôs a vista em cima. Ele era um ser tão pacífico, angelical... mas não podemos só observar por fora mas sim conhece-lo por dentro, coisa que já fiz e me arrependi de ter sido demasiada curiosa e ido mais fundo até á parte mais escura que nele habita. Nunca pensei que Harry tivesse uma reação daquelas hoje de manhã. O Zayn só estava a ser simpático e eu burra como sou só queria o Harry, acabando com o coração despedaçado e um amigo querido deixado para trás.
O som da campainha ecoa por toda a casa, acordando-me do meu transe. Saiu da varanda fechando-a atrás de mim deixando entrar um brisa que me arrepiou dos pés a cabeça. Levo a mão á cara tentando fazer desaparece todos os vestígios de uma rapariga que esteve a chorar por causa da sua vida e respiro fundo antes de abrir a porta. O som da campainha volta a tocar e a minha paciência começa a esgotar-se.
"Já vai!" Grito. Abro a porta e engulo em seco. Harry estava a minha frente.
"Olá." Ele murmura enquanto passa a mão pelo cabelo e que aterra na parte de trás do pescoço.
" O que estás aqui a fazer?" Pergunto.
"Eu vinha falar..."
"Sobre o quê? Sobre o Zayn e em como foste rude? Desculpa mas podes sair se é para falar disso!" Exaspero.
"Não! Quer dizer... Sky!" Ele eleva a mão para tocar-me mas eu afasto-me rapidamente. Olho de relance para ele e vejo o quão triste e fechado está.
"Estiveste a chorar?" Ele eleva a voz, mas não grita.
"Porquê? Isso preocupa-te?" Digo.
"Humm... sim preocupa!" Ele murmura, mostrando um pouco de ironia.
"Sim Harry. Estive a chorar e a mostrar o quão fraca sou e estúpida fui." Grito e tento fechar a porta, objetivo que falhei miseravelmente. Harry era sem dúvida mil vezes mais forte e não me deixou fechá-la. Resisto mas em vão. Única opção: fugir para o meu quarto e fechar-me lá.
Largo a porta e corro escada acima. O som da porta a fechar e os passos de Harry fazem-me acelarar e a ele nota porque entra de rompão no quarto não me deixando fechar a porta. Outro objetivo totalmente falhado.
Sinto-o agarrar com alguma brutidade no meu braço e empurra-me contra a parede fazendo-me estremecar com a pancada que dei. As minhas costas doíam e o corpo de Harry pressionado contra o meu não ajudava a aliviar a dor. Uma lágrima escapa e soluço baixinho. Não gosto deste Harry, não quero este Harry. Quero o Harry querido, adorável e preocupado de á uns dias atrás, de á uns segundos atrás.
"Sky, porque estiveste a chorar?" Harry ruge. Mas porque que tem de saber o motivo e porque está zangado? Eu às vezes não o compreendo.
"Não tens nada a ver com isso!" Cospo-lhe. Ele fica mais irritado e os olhos ganham um tom mais escuro. Encolho-me mais contra a parede e ele pressiona-me mais fazendo-me choramingar baixinho. O ar começava a faltar e a visão estava turva devido às lágrimas que se acumulavam nos olhos.
"Sky, porque estiveste a chorar? Estou preocupado!"
"Se a maneira de demonstrares que estás preocupado é esta, parabéns. Conseguiste! Eu chorei porque sou fraca... uma fraca egoísta que quer ter uma vida normal como todas as outras raparigas têm. Quero um família estável e feliz, o amor da minha vida... amigos." Suspirei deixando mais uma lágrima rolar pelo meu rosto. "Estou farta... a minha mãe quase não está presente na minha vida, o Liam vai embora daqui a dois dias e eu vou ficar sozinha! É isso!" Grito e soluço cada vez mais.
"Não estás sozinha, Sky!" Harry diz. O seu corpo pressionado contra o meu era cada vez mais doloroso. "Tens me a mim. Eu vou estar contigo sempre!" Ele sussurra perto do meu ouvido, fazendo-me estremecer e uma pequena chama acender dentro de mim.
"Harry, p-por favor..." Choramingo e tento me mexer, tarefa impossível. A dolor alastravasse cada vez pelas minhas costas e as minha pernas tremiam demasiado. Não tinha forças no meu corpo e quase de certeza se Harry me larga-se eu iria cair.
"Estás-me a magoar, Harry! Por favor... "
"Oh meu deus... desculpa!" Ele diz e afasta-se rapidamente de mim. Sem o apoio de Harry, caiu instantaneamente para a frente ficando de joelhos. A dor nas minhas costas era horrível e dei por mim a soltar um grito de dor. Levei as mãos á cara e chorei compulsivamente.
"Sky!" Ouvi uma pancada forte no chão e só ai é que reparei que tinha sido Harry a bater com os joelhos no chão para ficar ao meu lado.
"Sky, fala comigo!" Harry exaspera. Olho-o pelo canto dos olhos e vejo a sua mão a ser elevada para certamente me tocar. Não, ele não vai voltar a fazer o que fez.
"Não me toques!" Grito e afasto-me dele, acabando sentada no chão. Agarro nas minhas pernas e prendi-as ao meu tronco com a ajuda dos meus braços e enterrei a cabeça nos joelhos formando assim um pequeno casulo consumido por de lágrimas e soluços abafados.
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Harry's Sky || h.s
Random" If your (S)ky is falling, just take my hand and hold it." Um enorme segredo que a envolve. E uma imensa vontade de descobri-lo atormenta-o. , "A tua fraqueza é o meu ponto fraco, por isso mantém-te forte e eu serei indestrutível." "A vida é a di...