Devo ter ganho um sexto sentido em relação ao Harry. Sinto sempre a sua presença mesmo não o vendo, quando ele está por perto. Eu sabia que a sua presença residia na cadeira ao meu lado, mas só tinha coragem de o olhar através da imensão do meu cabelo. Tinha vergonha sobre o que aconteceu ontem. Eu gostei do beijo. Oh... se não gostei e passei a noite toda a pedir por mais e com um sorriso estúpido de uma rapariga a viver o seu primeiro amor, mesmo isso já sendo impossível para mim.
De repente a minha cara estava á vista deste anjo que tinha caído do céu e aterrado ao meu lado. Olhei-o pelo canto dos olhos mas logo o meu olhar se travou na mesa. Os seus olhos queimavam-me a pele e lançavam imensas correntes eléctricas pelo meu corpo.
Então logo... BAM... era a rapariga mais sortuda do mundo por ter os lábios deste deus grego na minha bochecha rosada. E aí explodi para um mundo desconhecido. Um mundo onde não há ódio e medo, guerra e choro. Um mundo onde os sentimentos andam como um corropio á nossa volta. Senti as minhas bochechas aquecerem imenso e por momentos tive medo de queimar os lábios de Harry. Que estúpida...
"Olá." Ouvi a sua voz tão ruca mas tão suave aos meus ouvidos. Os seus lábios ainda não deixavam por completo as minha bochecha e engoli em seco. A sua respiração quente a bater-me e respirei fundo para não fazer alguma de que me viesse arrepender.
"O-olá Harry!" A minha voz a pregar-me partidas.
"O lugar está ocupado?" Ele afasta-se um pouco de mim, mas ainda sentia o calor do seu corpo a aquecer o meu e a enviar arrepios por todo o meu corpo. Tinha as mãos a suar e as minhas pernas tremiam com uma gelatina ou as ervas embaladas pelo vento suave e quente de verão.
"Não, podes te sentar!" Tento lutar contra a minha voz tremida e ganho a batalha.
Ouço-o mandar um riso baixo, e sorriu também, ainda com os olhos cravados na mesa.
"Sky!" Ouço Harry a chamar. Oh deus... como o meu nome parece do outro mundo saindo da sua perfeita boca. Viro a cara muito devagar e logo encontro os seus olhos verdes. Castanho a fundir-se em verde, levando-me para um mundo totalmente diferente.
"S-sim." Pisco os olhos repetivamente.
"És tão linda!" Ele leva a sua mão á minha cara e acaricia levemente. Coro e sorriu. Logo sou retribuida com um sorriso encantador. Dentes alinhados na perfeição e brancos dando-lhe uma ar angelical.
"Obrigada. Tu-tu também és!" Arranjo coragem para o dizer.
Estava ainda perdida na floresta que os olhos cor de jade do Harry me transportavam. Era um verde intenso a entrar no meu castanho com um profundidade incalculável e incomparável. Tentava encontrar a saída na floresta calma e serena, que pareciam nunca ter fim, até que...
"Bom dia alunos. Queiram se preparar para a aula?" O professor de matemática, imponente, entra a matar na sala, fazendo-me suspirar e desconectar os meus olhos com os de Harry, num movimento repentino, deixando-me desamparada. Viro-me completamente para a frente e tento focar-me ao máximo á aula, tentando captar cada ponta de matéria e explicações.
"Daqui a 8 dias temos teste, por isso toca a trabalhar!" O professor imperrompe a minha concentração. Se já com ao Harry ao meu lado é difícil, então juntando-o com o professor e as suas interropções deixavam a minha cabeça a mil.
"Não quero negas!" Assinto e começo a fazer exercícios e mais exercícios. E tentando, ao máximo, abstrair-me deste rapaz ao meu lado.
Passado quase uma hora de aulas e sem olhar uma única vez para Harry, a voz do professor faz-se soar, forte e rude.
"Mr. Styles, será que pode prestar atenção á aula e deixa a sua colega livre de olhares?" Penso em Angy ou outra qualquer, mas quando olho para Harry, quase por impulso, consigo encontrá-lo ainda a mirar-me antes de olhar para o professor.
Um desculpe sai da boca perfeita de Harry de uma maneira envergonhado mas mesmo assim tendo um pouco de bravura. A sua voz rouca batuta na minha cabeça, deixando o meu coração a mil. O professor desvia o olhar de Harry, e eu ainda me encontro de queixo caído. Harry volta a olhar para mim com um sorriso envergonhado e um enorme rubor nas suas maçãs do rosto. Riu baixinho e escondo a cara. Pequenos piropos eram ouvidos de trás de nós, mas, como sempre, ignorei-os por completo.
"Apanhado!" Sussurro para Harry, fazendo-o soltar um riso suave e divertido.
Finalmente a hora de almoço. Durante toda a manhã Harry não me largou nem por um segundo. Sentou-se sempre ao meu lado nas aulas e durante os intervalos falávamos de coisas aleatórias - sem nunca tocar no assunto de ontem: o beijo - e agora deixou-me sozinha. Às vezes eu não o compreendo. Por mais esforço que faça, não o entendo. O refeitório estava cheio de adolescentes que falavam alegremente, riam e aproveitavam o seu almoço. Eu estava sentada numa mesa, abandonada, a olhar para todo a minha volta e de vez em quando olhava para o meu almoço que gritava para ser comido. Sintam a ironia.
Estava triste por estar sozinha. Sentia-me posta de parte, abandonada, sentia-me uma 'pita' antissocial, mas também não tinha coragem para meter conversa com alguém.
Elene tinha ido para casa devido a uma dor de cabeça e a Stef andava a namorar com o Niall.
Mais uma vez olhei á minha volta e os meus olhos encontraram os olhos cor de mel de Zayn, que se encontrava a uns metros de mim com o tabuleiro cheio de comida nas suas mãos. Os seus olhos pediam licença para se sentar ao pé de mim e eu concedi-lha. Odiava estar sozinha. Odiava ter um motivo para a minha cabeça levar-me a pensar coisas ou assuntos que não queria, e estar sozinha era sem dúvida um motivo. O único momento que necessitava ficar sozinha era quando tinha uma caneca de chá na mão e um livro á minha frente. Nesse momento abomino que alguém me incomode.
Muito timidamente, mas ainda assim com uma postura riga, depravado e imponente, Zayn senta-se á minha frente, murmurando um olá.
"Olá." Digo-lhe e dou-lhe um sorriso caloroso.
"Não há problema eu me sentar aqui? É que o Har..."
"Não. Podes ficar." Curto-o com um sussurro/ grito.
"OK... Bom apetite." Ele diz. Ele estava estranho. Não conhecia este Zayn tímido, envergonhado, mas no entanto tão revoltado com todo e todos. Com o mundo.
Mas como podes tu já odiar a vida quando ainda nem sequer a conheceste?
O silêncio era constrangedor mas não tinha coragem - mais uma vez - para quebrar o gelo. A sua companhia já era suficiente para uma pequena parte do meu coração encher-se de alegria, mas tristeza ainda residia no meu corpo. Eu sou como um poema de Fernando Pessoa:
" Se estou só, quero não'star,
Se não'stou, quero 'star só.
Enfim, quero sempre estar
Da maneira que não estou.
Ser feliz é ser aquele.
E aquele não é feliz.
Porque pensa dentro dele
E não dentro do que eu quis.
A gente faz o que quer
Daquilo que não é nada,
Mas falha se o não fizer,
Fica perdido na estrada."
Oh deus... como este poema me define.
O silêncio era como uma brisa que pairava entre eu e o Zayn. Ia de vez em quando pondo uma ervilha ou outra na boca, mas cada vez tinha mais vontade de vomitar. O meu estômago dava imensas voltas e reviravoltas e tinha os olhos cansados de tantas vezes que já tinha contado as ervilhas. Eram 13. 13 pequenas bolinhas verdes a pedirem para as digerir, mas eu não conseguia. Quando penso que o silêncio ia reinar durante todo o almoço, ouço o tossir de Zayn. Olhei para ele, um tanto preocupada, e procurei pelo contacto dos olhos cor de avelã dele. E quando os encontros, eles encontravam-se vermelho - tal como sua cara dele - e com lágrimas presas nas sua pestanas. Afinal não era um tossir normal. Ele tinha-se engasgado, certamente, com as ervilhas.
"Zayn, estás bem?" Pergunto. A minha voz a sair a fraca e preocupada.
Ele não diz nada, apenas dirige o olhar para a entrada do refeitório. O meu coração saltou ao ver a imagem de um Harry zangado a formar-se na minha cabeça.
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Harry's Sky || h.s
Overig" If your (S)ky is falling, just take my hand and hold it." Um enorme segredo que a envolve. E uma imensa vontade de descobri-lo atormenta-o. , "A tua fraqueza é o meu ponto fraco, por isso mantém-te forte e eu serei indestrutível." "A vida é a di...
