c i n q u e n t a e c i n c o

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                           O meu olhar estava preso no quadro preto cheio de rabiscos feitos por alguém que agora não me ocorria o seu nome. Estava noutro mundo. De vez em quando ouvia o homem que era chamado de professor falar de Leonard Da Vinci e como ele tinha sido muito importante para a história da arte mundial. Estava na primeira aula da tarde, História e Cultura das Artes.

Podia parecer a pessoa mais atenta de toda a sala, mas dentro da minha cabeça só voavam os mesmos pensamentos. Parecia que a minha mente era uma redoma de vidro que não deixava entrar algo novo para eu não pensar no que aconteceu. Simplesmente isso não deixava em paz todo o meu ser.

Passaram dois dias desde o que aconteceu em casa do tão e famoso rapaz que me roubou o coração e tempo, o Harry Edward Styles. O homem rapaz que me deixa completamente fora de mim.

Eu ainda não falei com ele. Passaram dois dias e eu nada. Ainda não falei com ele. Nem ele comigo. Tenho o evitado desde aí. Ok, evitado não tanto. Fugido é mais a palavra certa. Eu ainda não sei o que aconteceu naquela noite. Por mais vezes que tente lembrar-me nada aparece na minha memória. Apenas branco. E ainda não acreditei na versão de Harry. Eu sei que ele não me iria forçar a nada, mas eu não sei. E eu ainda não me acredito que fiquei bêbada. Mas que raio de pessoa me ando a tornar? Sky tu não és assim. Tu és... és.... tu és tu e esse tu não bebe.

Devo ter recebido uns três encontrões desde que saí da sala.
Não ouvi a campainha a tocar e nem dei por mim a sair da sala. Quer dizer só depois do professor me chamar inúmeras vezes.

Os corredores pareciam nunca mais acabar e eu já estava farta do barulho proveniente dos adolescentes agitados que tal como eu tentavam encontrar a próxima sala onde iria decorrer a última aula do dia.

Eu gosto de aproveitar o silêncio e de desfrutar do seu barulho.

"Harry." Sussurei quando o vi a passar mesmo á minha frente mas com sorte não me viu. Baixei a cabeça e continuei a andar, mas desta vez tentando me desviar o máximo possível de corpos em movimento.

A última aula tinha sido de português. Não entrou nada na minha cabeça. Mas também era só a matéria que já tínhamos dado. Eram revisões. Eu sempre foi boa a português. Quer dizer, eu sou uma ótima aluna, acho eu. Sempre tirei boas notas. Os meus pais sempre me incentivaram a estudar para ter um bom futuro, mas claro que não eram aqueles que só viam o meu futuro a frente. Eles sempre me apoiaram em todas as minhas decisões.

Agora pergunto-me pelo meu pai. Será que ele está bem? Bem apesar de todo o que ele nos fez, principalmente á minha mãe, eu preocupo-me com ele. Afinal de contas ele é meu pai.

"Não se esqueçam de ler a página número 67 e resolver as questões e problemas. Até para a próxima aula." O professor disse e todos saíram da sala após o toque.

"Resolver as questões e problemas? Resolver as questões e problemas!" Repeti para mim. Harry.

Arrumei as minhas coisas e quando levantei a cabeça lá estava ele. Na sua estatura audaz e de cortar a respiração.

"H-Harry?" Gaguejei.

"Precisamos de falar Sky." Virei a cara. "Por favor." Ele suou desesperado. Não lhe ia dar essa satisfação.

"Eu... eu não posso agora." Levantei-me e comecei a caminhar em direção á saída da sala. Já estava á tempo demais dentro deste edifício. Preciso de respirar. Urgentemente. Quando estava prestes a sair da sala sou 'brutalmente' agarrada na cintura puxada contra o tronco de Harry. O seu cheiro a menta enche-me as narinas e um longo suspiro é libertado por mim. Tentei sair do aperto dele colocando as mãos no seu peito, mas como é óbvio ele era mais forte que eu e não o permitiu. Estava presa nas suas garras até ele decidir libertar-me.

"Por favor Sky. Só te peço que me ouças." Ele diz e leva a sua mão até ao meu queixo elevando o meu rosto e olhando-me com uma profundidade brutal. E mais uma vez o meu castanho fundiasse no verde esmeralda dele.

"Eu... eu não sei Harry..." Disse baixinho mas nunca quebrando o contacto dos nossos olhos.

"Só te peço isso Sky. Deixa-me explicar-te tudo e depois logo vês se me perdoas ou não. Por favor."

"Ok... ok... mas aqui não."

"Em minha casa. Á noite. Aparece lá. Vou estar sozinho." Quando ele disse que ele ia estar sozinho afastei-me dele com receio. " Eu vou estar á espera Sky. E por favor não tenhas medo de mim." Dito isto ele deixa um beijo na minha testa e afasta-se deixando-me ali a olhar para o nada. Respirei fundo e decidi que ia. Não só porque queria ouvir o que ele tinha para dizer como queria estar com ele.

Argh... isto é tão confuso.

Ajeitei a minha mala no ombro e saí da sala caminhando em direção á rua. Ainda se viam adolescentes na escola e eu pergunto-me o que eles ainda fazem aqui. Bem é lá com eles. Quando estava a sair dos portões da escola ouço um carro a apitar e logo vejo a minha mãe. Encaminho-me para o carro e entro.

"O que estás aqui a fazer? Pensava que estavas a trabalhar!"

"Eu vim te buscar filha. Já não se pode fazer isso?" Ela diz um pouco indignada.

"Bem eu não sei. Já não sei o que isso é a muito tempo. Normalmente só pensas em trabalho." As palavras rudes saem-me da boca sem medo ou escrúpulos.

"Porque estás a ser assim Sky?" Ela quase grita.

"Apenas dirige para casa. Não estou nos meus melhores dias." Divago e encosto a cabeça á janela.

Durante todo o trajecto até casa foi feito em silêncio. Só se ouvia o carro e a baixa música que passava. Felizmente o caminho era pouco e já estávamos a chegar á minha rua.

Depois de a minha mãe entrar com o carro para a garagem, saio e subo as escadas para o primeiro andar tendo em conta que a casa da minha avó tem 3 andares contando com a garagem. Estava cansadissima. Não só fisicamente como também psicologicamente.

E isto já anda a ser demasiado repetitivo.

Harry's Sky || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora