Harry's Sky || h.s

c i nq u e n t a e s e t e

                             O quarto era preenchido pelo som da chuva a cair lá fora. Ainda não tinha parado desde aí. O meu corpo já não tremia de frio. Tremia de nervosismo.

Estamos os dois sentados na sua cama. De pernas á chinês, cruzadas. De frente um para o outro. Ninguém ainda falou. Parece ridículo a maneira como as palavras não me saem quando preciso delas. E tudo por causa dele.
Olho para ele e ele está a olhar para mim, enquanto leva aos seus lábios a caneca de chá de mel e limão que fiz para nós os dois enquanto ele tomava banho. Levo também eu a caneca azul a dizer 'swett home' aos lábios e sorriu ao pensar no Harry a fazer compras com a sua mãe Anne e a comprar canecas com frases tão simples e inspiradoras.

O meu olhar já não está nele, mas sim no fundo da caneca a ver o líquido fumegante e doce a desaparecer para dentro de mim.

Eu sei que ele ainda me olha. Sinto o seu poderoso olhar em todo o meu corpo.

"Perdoa-me Sky." Ele diz baixo depois de algum tempo.

"Eu não te vou perdoar por uma coisa que nem sei o que é. Conta-me o que se passou." Digo enquanto me preparo para o que ai vêm.

Harry respira fundo e coloca a sua chávena verde em cima da mesinha de cabeceira.

"Já deves saber metade da história." Ele pragueja. Sim eu sei. Mas eu quero ouvir da boca dele.

"Eu sei que tu convidas-te-me para dançar de uma forma estranha, certo?" Sorriu e ele abana a cabeça. "Depois nós vimos que não sabíamos dançar e tu perguntas-te se eu queria algo para beber. Eu aceitei. Sabia a morango." Engulo a minha saliva que por momentos soube há tal bebida alcoólica. "Na manhã seguinte acordei na tua cama. É tudo o que me recordo. Agora explica-me! O que é que eu fazia de manhã, em tua casa, no teu quarto, deitada na tua cama semi nua e contigo ao meu lado sem camisola? Explica-me porque essa parte eu ainda não entendi!" Estou prestes a explodir de raiva por minha causa de ter sido estúpida e irresponsável por ter bebido e por causa do Harry. Respiro fundo e bebo mais um gole do chá.

Eu nunca mais vou tocar numa porra de uma bebida alcoólica. Nunca!

"Todo o que dizeste é verdade. Agora deixa-me explicar o resto." Ele olha para mim, como se a pedir permissão.

"Estou á espera!" E sento-me melhor, dando a entender que o ia ouvir até ao fim. Sem interrupções. As interrupções é que provocam sempre o mau ambiente entre nós.

"Bem... hm... nós fomos beber, mas tu continuas-te. Tu não paravas de beber e só te rias. Eu já tinha parado na minha segunda, quando tu já ultrapassavas a quinta bebida. Eu estava completamente sóbrio e estava sempre ao teu lado. Só ne restava observar-te. Eu não podia fazer nada. E tu estavas a dar comigo em doido, não só no sentido de não parares de beber como sem saberes estavas a seduzir todos os rapazes que ponham os olhos em ti até que um abusou demais. Ele estava a agarrar-te e tu sem a noção só te rias. Eu estava cheio de raiva. Por tua causa que deixavas o caralho do merdoso fazer o que quisesse e por causa dele que estava a agarrar algo que me preten- estava a agarrar-te." Harry imendou-se. Eu sorri sem ele ver. Ele ia dizer que eu era dele. Eu sou mas agora não vamos falar disso.
"Eu aproximei-me de ti e perguntei o que se passava ao rapaz. Ele riu-se e começou com bocas e a perguntar quem eu era. Eu disse que era o teu namorado e ele voltou a rir-se e eu bati-lhe e-"

"O quê? Namorado?" Eu interrompiu. O quê?

"S-sim..." Ele baixa a cabeça e passa as mãos pelo cabelo e elas param na sua nuca. "Desculpa."

"Tu bateste-lhe?"

"Ele estava a pedi-las." Harry exalta-se demasiado depressa. "Eu só te queria proteger." Ele acaba por dizer. Eu suspiro e dirigo os olhos para a janela. Ainda chove.

"O que se passou a seguir?" Eu pergunto sem mover a minha cabeça.

"Eu levei-te da festa e trouxe-te até minha casa e... o resto tu já sabes..." Eu sabia o que nós fizemos.

"É essa a verdade Harry?"

"Não confias em mim Skylar?" A voz dele sai baixa e com ternura. Eu confio nele? Confio.

"Eu confio, mas isto tão confuso e complicado. Eu não queria que isto tivesse acontecido e ainda por cima eu estava naquele estado." O vulgar castanho dos meus olhos encontra os belos olhos verdes dele. "Promete-me que nunca mais fazemos nada se eu de nós estiver bêbado. Não que eu queira voltar a beber porque não quero." Sorriu.

"Eu prometo Sky." Ele promete e sorri-me enquanto me agarra na mão e começa a fazer carícias com o seu polegar.

"Harry?"

"Hm?" Ele continua com as carícias na minha mão transmitindo-me pequenos arrepios. Eu sorri e olhei-o.

"Nós não fizemos... hum... " Eu olhei para as nossas mãos que brincavam umas com as outras. Eu não o conseguia olhar agora.

"Não. Nós não o fizemos." Uma onda de alívio para por mim.

Sento-me melhor e retiro as minhas mãos das dele e passei-as pela minha cara para tirar qualquer vestígio de sofrimento. Deviam ser umas quatro da manhã. Eu devia estar a dormir mas mesmo que eu queira eu não consigo. Estou tão desperta que nem consigo pensar em mais nada.

"Eu gosto tanto de ti." O quê? Arrega-lo os olhos e a respiração prende na minha garganta. É agora que vou desmaiar. Oh deus... Levanto a cabeça e vejo o rapaz de quem também gosto a olhar-me com uma intensidade brutal. Volto a baixar o olhar.

Sinto uma respiração muito próxima de mim e um movimento por parte de Harry. Ele estava mais próximo.

Ele leva a sua mão até ao meu queixo e levanta-me o rosto. Ele olha para mim e perco-me na intensidade com que me olha, será que vai ser sempre assim, vou passar a vida a render-me a cada olhar que ele me der? Parece ridículo.

"Tu és tão linda. Eu adoro perder os meus olhos em todo o teu corpo e não me canso disso. Deixa-me mostrar-te o quão és importante para mim. Deixa-me que me perca em ti." A minha respiração estava completamente descordenada e o ar parecia faltar." Eu só te quero a ti e a mais ninguém." Ele aproxima o seu rosto do meu, ficando com os seus lábios a milímetros dos meus que desesperadamente pelos seus.
Eu queria dizer algo, mas eu simplesmente não conseguia. Nada estava programado para sair da minha boca.

"Shh... não digas nada. Vais estragar tudo." E cola as nossas bocas. Eu não reagi ao princípio mas era aquilo que eu queria. Eu estava tão desesperada.