Capítulo 6 - Cellphone.

1.4K 73 14
                                    

P.O.V. Amanda Evans

Olhei para o loiro na minha frente.
- Não sou sua. Nunca serei. Aceita que dói menos. Ou já que nós estamos nessa brincadeirinha de "Conformar-se", acho que é o que lhe resta.
Justin riu.
- Não vou discutir com você, docinho. Fale com o Christian depois; ele levará você ao shopping para você comprar roupas, o que quiser. Não pode ficar com nada da Madison...
- Você não tem um pouco de compaixão, não? A garota está morta! - Eu disse, quase batendo nele.
- Ela está morta porque eu a matei, Amanda. E não acho que você queira ter o mesmo fim que ela. - Ele se levantou, aproximando o rosto do meu.- Se você ficar do meu lado, será tratada como uma princesa. Se não, poderemos classificar você como a Madison 2.0.
- Estúpido. Ridículo. Idiota. Galinha. Eu. Te. Odeio.
Ele riu.
- Já sabe, docinho. Não quero ver você andando com as roupas da Madison por aí. Me traz lembranças daquela vadia. Seja uma garota como qualquer outra e vá passar o resto da tarde no shopping. Esqueça o resto. Quando voltar, estarei lhe esperando.
Ele saiu do quarto e continuei sentada na ponta da cama. Minutos depois, Christian entrou e ficou olhando para mim.
- O que você quer? - Perguntei.
- Eu não quero nada. O Justin quer. Vamos. - Ele fez menção à porta.
- Não quero ir.
Ele suspirou, sentando-se ao meu lado.
- Olha, Amanda. Tenta ver o lado bom: você vai ter dinheiro, maquiagem, roupas e tudo isso que as mulheres gostam. Pode ter um carro também. Sabe dirigir?
- Priorizo a minha liberdade, minha família e minha melhor amiga.
- Se você se comportar, o Justin pode deixar você ver sua melhor amiga... acho. Não sei. Mas o Justin funciona num trabalho de trocas, entende? Trocas, obediência e méritos quando o assunto é as mulheres que estão à volta dele. Faça "A" e ganhe "B". Faça "C" e ele dará o "D" por mérito seu.
Continuei olhando para ele.
- O Justin faz essa pose de durão, mas ele sabe agradar e no fundo também quer ser agradado. Se souber jogar com ele, no final, quem ganha é você.
Permaneci quieta, olhando para o piso de madeira do quarto.
Ele se levantou da cama e virou-se para mim.
- Shopping?
Suspirei, e em seguida, assenti.

Tudo aquilo era bizarro, estranho e ridículo. Tipo, eu tinha sido sequestrada mas podia ir ao shopping e dar uma volta pela cidade como se fosse a coisa mais normal do mundo?
Durante todo o percurso até o Shopping Center, fui conversando com Christian, ainda meio receosa da situação.
Ele veio me explicando umas coisas que poderia vir a acontecer na mansão, outras que sempre aconteciam, como as coisas funcionavam lá dentro, o que eu poderia fazer e o que eu nunca deveria fazer.
- Sei que para você é tudo muito confuso, Amanda. Mas a vida dentro daquela casa também é confusa, mais do que você imagina. Sei que tudo que você quer é voltar para casa, mas não dá pra brincar com o Justin. Não dá para simplesmente... fugir.
Entramos no estacionamento e ele deixou o carro num lugar mais afastado. Antes de descermos, ainda receosa do que poderia ou não dizer, perguntei:
- Vocês não tem medo de fazer isso? Tipo, quero dizer, frequentar lugares públicos?
- Por que teríamos?
- Tipo... a polícia.
Ele deu uma risadinha.
- Amanda, querida. Somos criminosos que a polícia não pega porque ela não sabe quem somos, não sabem com quem estão lidando, talvez não saibam nem que existimos.
Ele tirou o cinto de segurança e saiu do carro, fiz o mesmo.
- E bem...- Ele começou.- Agora você está do nosso lado, não está?
Lembrei do meu depoimento ao detetive George Fitz: "Eu ouvi ele discutindo com outro cara; um tal de Ryan."
Olhei para Christian, que ainda esperava uma resposta minha.
- É, estou.

- O que acha deste? - Eu estava olhando uma arara de roupas quando Christian chamou a minha atenção. Ele segurava um vestido de gala, vermelho, de tecido brilhoso, tomara que caia.
- Para que eu vou querer um vestido desse? - Eu disse, parando em frente ao espelho e Christian colocando o vestido em frente ao meu corpo. - Não vou usá-lo.
- E quem disse que não? - Ele fez uma pausa. - Temos um jantar na semana que vem, e você estará presente.
Puxei a etiqueta, vendo a quantidade de números que havia ali. No mínimo, quatro.
- Caro demais. Não posso.
- Mais uma coisinha do Império Bieber: dinheiro não é problema.
Peguei dois jeans e algumas camisetas.
- Não vou levar o vestido.
- Ok. Não precisa. Eu levo o vestido. Um presente meu para você, de boas-vindas ao...
- Inferno? - Eu disse, mudando minha atenção das roupas para ele.
- Amanda...
- Sabe qual é a verdade, Christian? Eu tô me controlando para não jogar essas sacolas de roupas na sua cara e sair correndo. Acho que a única coisa que ainda me mantém aqui, é a Forever 21 ao lado.
Ele suspirou.
- Essa é a sua vida agora, Amanda e...
- Isso não é vida. Isso é tudo, menos vida.
- Não posso fazer nada. - Ele deu de ombros.
- Pode me deixar ir embora, e se o Bieber perguntar, você diz que eu fugi e que quando estava prestes a me pegar, fui atropelada e que você foi embora para não dar merda.
- As coisas não são fáceis assim. - Ele disse, pegando as roupas dos meus braços e caminhando em direção ao caixa.
- Vocês dificultam tudo. - Eu disse, suspirando. Olhei para o esmalte preto, descascando das unhas.

Sirens // j.b Onde histórias criam vida. Descubra agora