P.O.V. Justin Bieber
Era estranho acordar e não ter ela ao meu lado. Não ter ninguém mandando eu ir tomar banho. Nem perguntando se eu almocei. Como foi o meu dia. Reclamando que eu deixei a toalha molhada em cima da cama. Ou mexendo no meu cabelo, antes de dormir.
Sentia falta de observar ela dormir. Ou dar uma risada. Ou até mesmo de pegá-la com a cabeça "nas nuvens". Geralmente, nesse último caso, ela estava na varanda de seu quarto, apenas observando o sol nascendo ou se pondo. Então, eu a abraçava por trás, passando meus braços pela sua cintura e apoiando o queixo em seu ombro. Ela, ou colocava seus braços sobre os meus, ou uma de suas mãos ia à minha nuca, fazendo um carinho no local por poucos segundos. Não foram poucas as vezes que fizemos isso. Então, eu perguntava se estava tudo bem e ela se limitava à um "uhum".
Juro a vocês. Posso não ser a melhor pessoa do mundo; posso ser até a pior. Mas eu a amava. Amava Amanda como nunca amei outra pessoa. Aquele amor de arder o peito, sabe? Sei que a mantinha presa, dentro dessa casa, mas sempre foi para o nosso bem. Juro que tentei atender a todos seus pedidos. Que sempre quis deixá-la mais à vontade possível. Que devem ter sido mínimas as vezes na qual eu dirigi um "não" à ela. E que, apesar de tudo isso, juro me arrepender de não ter feito melhor. De não termos tidos um relacionamento melhor, de eu não ter dado mais atenção ou o que ela precisasse.
Não sei se Amanda me amava de volta. Com tudo isso que Claire me contou, nunca vou saber. Nunca vou saber se ela me amava de volta. Qual foi o real motivo dela ter ido embora. Ou o que eu realmente fiz de errado.
E, do mesmo jeito que doía por eu amá-la, doía por ela ter ido embora. Em quanto uma dor era calorosa, quente e que queimava o peito, mas, ao mesmo tempo era boa, a outra era desgastante, me deixava sem ar, sufocando o tempo todo.
Alguns dias se passaram desde que eu soube toda a verdade, mas continuava pensando nela. Era Amanda. Amanda. Amanda. E Amanda.
- Você não pode ficar deitado nessa cama para sempre, Bieber. Qual foi a última vez que você comeu? Há uns 3 dias? E nem vem com a desculpinha de que não come quando tá triste, Justin. Acho que você já é muito grandinho para eu ter que chamar a tua mãe aqui. - Oi, Ryan. Bom te ver, também. - Ou eu vou ter?
- Como se a velha quisesse me ver. - Resmunguei. - E meu pai só quer saber do meu dinheiro.
Ele sentou na cama, ao meu lado. Ficamos alguns segundos em silêncio.
- Sei que é difícil para você, Justin. Nada do que você sentia pela Madison conseguiria chegar aos pés do amor que sentia por Amanda. Mas a vida segue. Nós vamos estar do seu lado, cara. Do mesmo jeito que você, apesar de tudo, sempre esteve do nosso.
Encarei o loiro.
- Sei disso, Butler. Era o mínimo que vocês podiam fazer por mim depois de tudo, não é?
Ele gargalhou.
- Metido.
Ficamos em silêncio por um tempo.
- Sente falta dela? - Ele perguntou.
- Quem?
- Como assim "quem", Justin? Da Amanda, é claro. Todo mundo aqui sabe que às vezes você até esquece que a Madison já passou por essa casa.
- Hunf. - Pûs o travesseiro sobre o rosto.
- Me responde, porra.
- É claro que sinto, Ryan. A Amanda foi única na minha vida. Eu nunca vou achar uma garota parecida com ela. Eu a amava. Eu mataria a população de uma cidade inteira por causa daquela garota, mas mesmo assim, na primeira oportunidade que ela teve, ela...
- Você tem que aceitar que ela fugiu, Justin.
- Enfim. Ela foi. Ela simplesmente se foi. E há dias eu só consigo pensar em qual seria o motivo, Ryan. Sei que 90% das coisas que acontecem aqui são erradas. Mas não posso simplesmente voltar atrás e entrar na igreja. E enquanto o assunto for eu e ela, eu só vou me perguntar qual o real motivo pra ela ter me deixado.
Ele me encarou.
- Posso te fazer uma pergunta? Bem... desnecessária, vamos dizer? - Ele perguntou.
- O que foi? - Retruquei.
- E se você descobrisse que a Amanda não era bem a pessoa que você pensava que era?
- Como assim? - O questionei. - Amanda era...
- Não, não. Tipo, eu só fiquei com uma coisa na cabeça desde que ela sumiu.
- Diz, Ryan. - Eu disse, sério.
- Vou ser direto, ok? Amanda chegou aqui. Eu e Christian trouxemos, tudo lindo, tudo uma beleza. A menina entrou na mansão e a partir daí não queria te ver nem pintado de ouro. Bateu, bateu e bateu o pé. E aí, de uma hora para outra, vocês vivem abraçados, no maior love e isso dura por semanas. - Ele disse, dando ênfase na última palavra. - Mas então, quando todos menos esperam, puf... Ela some, como num passe de mágicas. Justamente no dia do jantar. Ninguém viu. Ninguém ouviu. Ninguém sabe de nada. Você não acha que tem alguma coisa estranha?
- Ryan, aonde você quer chegar?
Ela levantou da minha cama e abriu a porta.
- Só acho que a loirinha não disse tudo que precisamos saber. Segundo Claire, Amanda está morta, e talvez ela esteja sim falando a verdade. Nunca mais veremos a morena. Mas não acha que ainda está falatamdo alguma coisa? Que ainda não sabemos de toda a verdade?Talvez Ryan estivesse certo. Talvez Claire estivesse com as respostas para respondermos as perguntas que faltavam, mas eu, definitivamente, não estava com cabeça para isso. Não agora.
Sei que precisava seguir com a minha vida. Ou reconstruí-la, não sei. Mas eu precisaria voltar à realidade. À uma realidade sem Amanda.
Sinceramente? À todos vocês: espero que nunca percam uma pessoa que amam. Que nunca fiquem com o sentimento da culpa, de que poderia ter feito mais ou melhor, ou que, simplesmente, poderia ter feito.
Eu me sentia como se tivesse aberto um buraco no meu peito, depois de tantos buracos que tentei fechar. Primeiro, me afastei completamente de minha mãe. Depois, sérias brigas com meu pai porque ele só pensa em dinheiro. Acabei me afastando dele e, consequentemente, de meus irmãos mais novos. Então, só me restavam os meninos, que sempre estiveram ao meu lado. Não vou dizer que Madison não fez parte desse processo. Ela havia preenchido um espaço menor do que Amanda havia feito, então quando aconteceu tudo aquilo, o prejuízo foi menor. Mas então veio Amanda. Mal sabia eu, quando vi a garota de joelhos no tapete da sala, que ela iria causar um estrago tão grande. Que ela sim, iria causar uma destruição.
Outra coisa havia mudado: minha relação com Christian. O garoto havia se afastado bruscamente de todos desde que Claire havia aparecido. Nós até conversávamos, mas nada comparado à amizade que tínhamos desde infância. Mas por um lado, eu o entendia. Diferente de Ryan e Chaz, nós havíamos criado elos com Amanda. Tanto no amor quanto na amizade. E uma mudança brusca, assim, de uma hora para outra, era para deixar qualquer um, no mínimo, confuso.
Do mesmo jeito, acho que os meninos entendiam o meu lado, mas também sabiam que eu precisava seguir em frente.
Eu estava no escritório pensando em tudo isso, e em qual seria o próximo passo que eu teria de dar na minha vida quando meu celular tocou. Assim que atendi, me arrependi completamente de não ter visto quem era antes.
- Oie. - Ela disse, um pouco histérica.
- Oi, Charlotte.
- Tudo bom, meu príncipe? - Ew.
- Tudo sim.
- Não vai abrir a porta para eu entrar? Eu to apertando a campainha dessa casa tem uns 15 minutos e até agora ninguém apareceu! - Eu não ouvi nada.
- Sabe o que é, Charlotte? Eu tô viajando! Eu, os meninos...
- Mas o carro do Chris tá aqui fora.
Merda.
- O Christian ficou em casa, com a...
- Com quem, Justin?
- Com a Amanda. É, isso. Achei que seria melhor. Pra ele cuidar dela...
- Ah, mas ela não vai se importar se eu passar uns dias na mansão, vai?
- Aham. Vai sim. Ela é a mulher da casa.
- Ai, Justin... Não vou conseguir voltar para casa agora.
- Fala com o Joe, ele administra a segurança da casa, ele arranja um táxi pra você.
- Mas...
- Tchau, Charlotte.
Em seguida, mandei uma mensagem para Joe: "A Charlotte tá em frente a mansão. Arranja um táxi pra ela. Vlw."
Um problema a menos.- O que você tá fazendo? - Christian disse. Eu estava no quarto de Amanda. - O que está fazendo aqui, Justin?
Apontei pra TV.
- To assistindo séries, ué. - Ele pegou o controle que estava ao meu lado e pausou, depois se virou para mim.
- Isso é "Pretty Little Liars".
- E daí? - Dei de ombros.
- Desde quando você assiste isso?
- Qual o problema? Você assistia com a Amanda!
Ele pareceu incomodado com o que eu havia dito.
- É. Eu sei, mas...- Ele fez uma pausa e se sentou na cama, ao meu lado. - O que você tá fazendo? - Ele murmurou.
Observei ele por poucos segundos, e ele me encarou. - Não quer esquecê-la, não é? Está procurando um jeito de sempre se lembrar dela.
Eu nunca havia chorado por causa de uma garota. E nem imaginava que um dia isso viria a acontecer.
Quando eu soube que Amanda estava morta, não consegui acreditar. Mas eu não havia derramado uma lágrima. Eu me sentia mais como se tivesse sido atropelado e precisasse ficar o dia inteiro deitado, apenas pensando nela. Mas "a ficha ainda não tinha caído". Então, naquele momento, ao lado de Christian, eu me toquei disso. Eu estava tentando ter algo por perto que sempre me lembrasse ela, para amenizar a dor. Ela não iria voltar, e por mais que esquecê-la fosse o melhor, eu não achava disso. O melhor para mim era ter algo que me lembrasse dela. O melhor para mim era ter Amanda em minha vida. Nada mudaria isso.
Passei as mãos pelo rosto, coberto por lágrimas. Christian não estava no mesmo estado que eu, mas parecia ter levado um soco no estômago e ainda tentava recuperar o fôlego.
- Eu... eu vou estar lá embaixo com os meninos. - Ele disse, abrindo a porta do quarto. - Se precisar de alguma coisa é só chamar.
Assenti. O garoto saiu do quarto e desliguei a Tv. O quarto ficou escuro, e a temperatura pareceu ter caído uns 10 graus. Me cobri com o endredom branco que Amanda costumava usar. Não sei se levei muito tempo para dormir, mas o cheiro de Amanda naquela cama me fez ter uma noite de sono bem melhor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sirens // j.b
FanfictionSua boca era o lugar onde eu encontraria o sorriso mais lindo de todos. Seus olhos, o endereço de um mar cor-de-mel brilhante. Seu corpo, cheios de tatuagens, algumas estranhas, outra lindas, de hipnotizar o observador. Mas suas mãos... elas estavam...