P.O.V. Amanda Evans
- Entendeu tudo, Amanda? - Disse Justin. Levantei o olhar da mesa de madeira do escritório para o garoto, e assenti. Pelo que eu havia entendido, eu tinha que entrar pelos fundos da casa na hora do jantar e pegar não sei o que do cofre. Eu não estava nem um pouco a fim de fazer aquilo.
- E onde eu entro nessa história? - Disse Christian. O garoto estava sentando na poltrona de couro, ao meu lado. Chaz estava jogado no sofá que havia num canto do escritório e Ryan estava por trás de Justin, observando o movimento (inexistente) do lado de fora da mansão. O garoto bebia, apenas bebia.
Justin deu de ombros e se virou para Christian.
- Você já se passou de garçom outras vezes, irá apenas ajudar a Amanda. - Quase ri ao imaginar o Christian vestido "de pinguim".- Estaremos do lado de fora...- Disse Justin, explicando. Ele tinha a planta da casa (sim, ele tinha) que estava planejando o assalto, enquanto me mostrava por onde eu deveria entrar e o que deveria fazer.
- A gente tem mesmo que fazer isso? - Disse Chaz, olhando para o teto.
- Se você quer mesmo ter dinheiro pra gastar nas boates, o que você faz praticamente todos os dias... É, eu acho que nós precisamos fazer isso.
Justin me explicou mais algumas coisas e eu apenas fingindo que entendia, e que aceitava.
Depois de um tempo, suspirou.
- Estão dispensados. - Chaz guardou o celular no bolso e saiu da sala. Ryan fez o mesmo, com o copo na mão. E Christian seguiu os garotos.
Quando eu estava prestes a fazer o mesmo, Justin me chamou, mas eu fingi não ter ouvido e saí do escritório, torcendo para o garoto não vir atrás de mim.Mais ou menos no horário combinado, eu levantei da cama e caminhei até o banheiro. Eu ainda não me conformava que teria de fazer parte daquele joguinho de Justin, mas me arrumei.
Após um banho demorado e ter pensado em vários coisas que, no fundo, me direcionavam novamente para Christian ou Justin, eu saí do banheiro caminhando até o closet.
Primeiro, sequei o cabelo, e depois escolhi a roupa: uma calça skinny preta, uma camiseta verde-escura simples e meio larguinha e um sneaker branco. Coloquei uma jaqueta de couro por cima e me olhei no espelho que havia ali. Prendi o cabelo seco em um rabo de cavalo.
Voltei ao quarto. Era final de tarde, o sol estava sumindo e minha vontade de ficar ali (que já não existia), fazer parte de tudo aquilo parecia ir embora com ele.
Saí do quarto apreensiva, caminhando pelo corredor da mansão, que ligava o escritório, quartos vazios e salas por trás de portas que, provavelmente, eu nunca iria abrir.
Caminhei até o mezanino, observando Ryan, Christian e Chaz no andar de baixo. Os garotos conversavam sobre o roubo que estavam prestes a fazer. Observei eles por poucos segundos, e quando estava prestes a sair dali, Christian me viu, algo que eu realmente não queria que acontecesse. O garoto não fez nada, mas mesmo assim me senti tensa.
Não desci as escadas: fiz o caminho contrário.
Caminhei até o escritório. Justin estava de costas para a porta, e falava no celular, mas mesmo assim entrei. Fechei a porta atrás de mim, e caminhei até Bieber, ficando ao lado dele.
Poucos segundos depois, ele gardou o celular no bolso da calça social.
Ficamos em silêncio por um bom tempo, até eu me manifestar.
- Eu não vou.
O garoto se virou para mim.
- Como assim? Você me disse que iria.
- Eu não vou. - Repeti, ainda olhando pela janela. - Não vou fazer isto. Não vou fazer parte do seu joguinho, Justin.
- Garota... Com quem você acha que tá falando?
- Não preciso de muito para saber...- Retruquei. - Olha pra tudo isso, Justin! - Eu disse, falando sobre o escritório. - Olhe para os garotos lá embaixo! Você não consegue entender o quão ruim tudo isso aqui é? Você tem noção de tudo que faz? Vocês matam, roubam, apenas para manter um padrão de vida ridículo que acreditam ser maravilhoso. Forçam as pessoas a fazerem coisas perigosas para não sujarem o próprio nome e acreditam estar tudo bem. A sua família sabe disso tudo, Justin? Quer dizer, você tem família? Pai? Mãe? Irmãos mais novos? Eles devem morrer de vergonha da pessoa que você se tornou, não é? Um criminoso.
O garoto agarrou o meu braço.
- Se eu falei que você vai, é porque você vai sim. - Me soltei dele, ignorando o que ele havia dito.
- Olhe para você...- O garoto engoliu em seco. Parecia que, ao "explodir" para cima dele, eu parecia apenas ter deixado o garoto mais vulnerável, e isso apenas me incentivava mais a continuar falando. - Cava o próprio túmulo com as próprias mãos. Primeiro lentamente, com cada copo de bebida ou arma disparada contra alguém. E então, o vício apressa o processo. Cada cigarro te dá uma aparência diferente. Se você soubesse o susto que levei quando vi você dentro daquele carro no dia que encontrei a Claire, teria noção de como o seu túmulo está prestes a ficar pronto. - Ao mesmo tempo que eu jogava as verdades na cara dele, debochava de tudo que acontecia. E não, eu nunca tinha visto Bieber bravo daquele jeito. Me assustava, mas eu sabia que se recuasse, as coisas piorariam para o meu lado. - Foi por isso que ela te deixou, não foi? O Carter deveria ser mais carinhoso com a Madison do que você era com ela.
Um tapa. Ele me deu um tapa no rosto, eu só consegui ficar com mais raiva ainda.
Nesse momento, a porta foi aberta, e Christian entrou. A raiva era tanta que eu nem me toquei que estávamos gritando. Chaz e Ryan apareceram logo em seguida.
Era ela. Madison era o ponto fraco do Bieber.
- Porque você a matou, Bieber? Qual o problema? Você tinha suas vadias, ela tinha o Carter. Não conheci nenhum dos dois, mas que Deus os tenha. É um inferno ter você presente em nossas vidas.
- Olha aqui, Amanda...- O garoto havia perdido completamente a paciência, e parecia se controlar para não me dar outro tapa. - Eu não sei o que deu em você, a única coisa que eu sei é que você vai calar a boca, nós vamos todos descer e você vai fazer tudo o que eu mandar.
Olhei para Justin.
- Você é muito otário mesmo... - Eu disse, balançando a cabeça. - Qual a parte do "Eu não vou." você não entendeu, Justin? Não vou fazer nada que você mande. - Me aproximei do garoto, e olhei no fundo dos seus olhos. - Você não é melhor que ninguém. Você não é o melhor no que faz. Acha que eu não percebo cada detalhe das coisas dessa casa? Se você não for esperto o bastante, posso desmontar o Império Bieber inteirinho.
- Você apenas uma menininha tentando pagar de mulherão. Nunca conseguiria isso.
- Madison parecia ser mais nova que eu. Foi só ela transar com outro cara que quase conseguiu isso.
Quando Bieber estava prestes a me dar outro tapa e eu me preparava, Christian entrou no meio da briga.
- Bieber! Chega vocês dois! - O garoto me agarrou pelo braço e me arrastava para fora do escritório. Aproveitei a deixa para continuar falando.
- Eu não vou deixar você fazer a mesma coisa duas vezes, Justin. Eu não vou deixar você fazer comigo o mesmo que fez com a Madison.
Enquanto me arrastava pelos corredores do mansão, Christian dizia coisas do tipo: "Você não podia ter feito isso." ou "Dessa vez você passou dos limites, Amanda.", mas eu não me importava. Quer dizer, as coisas que eu já tinha ouvido e visto dentro dessa casa, meio que "congelavam" a minha importância sobre o que viria acontecer comigo. Eu só conseguia pensar em não fazer parte daquele mundinho que Justin havia criado.
Quando entramos no quarto em que eu ficava, Christian me deixou lá, e eu me sentei na cama.
- Você fica aqui e tenta não aprontar mais nada pelo resto da noite. A última vez que eu vi o Justin assim, foi quando ele matou a Madison.
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Sirens // j.b
FanfictionSua boca era o lugar onde eu encontraria o sorriso mais lindo de todos. Seus olhos, o endereço de um mar cor-de-mel brilhante. Seu corpo, cheios de tatuagens, algumas estranhas, outra lindas, de hipnotizar o observador. Mas suas mãos... elas estavam...