P.O.V. Justin Bieber
- E aí? Quais os planos para sábado à noite? - Disse Chaz, se jogando no sofá ao meu lado. Pausei o jogo do video-game e Ryan me olhou con uma cara de "Eu estava quase ganhando, filho da mãe."
Christian, que estava jogado no sofá menor se manifestou.
- Boate? Mulheres? Bebidas?
- Carros? Drogas? Mulheres de roupa curta? Racha? - Ryan ponderou.
Logo os três se viraram para mim.
- Porque a gente não pede uma pizza? - Perguntei, e todos me encararam com uma expressão de incredulidade no rosto.
- O que? - Christian murmurou.
- Não! - Chaz disse. - Festa. Há quanto tempo não damos uma boa festa?
- Há meses. - Ryan disse.
- Por isso mesmo. E como vocês já devem esperar, quando dou a ideia da festa, é porque ela já está praticamente confirmada.
- Não sei se estou a fim de festas. - Murmurei.
- Nós meio que ficamos trancados nessa casa desde que a Mandy sumiu. Vamos sair. Dar uma volta. Eu não aguento mais ficar aqui.
- Concordo com ele. - Ryan disse. - Mas prefiro um racha do que uma boate. As festas tem sido tudo iguais, lá. E fiquei sabendo que o pessoal que está organizando o próximo racha tá de olho em nós. Ficaram sabendo da nossa fama de - O garoto pigarreou, e voltou a falar. - melhores competidores e, consequentemente, vencedores da maioria dos rachas. Querem competir com a gente.
Apoiei as costas no encosto do sofá, enquanto encarava o controle do Xbox na minha mão.
- O que vocês esqueceram, pessoal... - Chaz pigarreou, e continuou falando. - É que não temos como sair e deixar a loirinha sozinha dentro dessa casa.
- Nós saíamos quando a Amanda estava aqui. Porque seria diferente com a Claire?
- Porque quando Amanda estava aqui, Christian ficava com ela. E não sei se vocês perceberam, mas a loirinha já está aqui há um bom tempo e ninguém simpatizou muito com ela não. Vamos dar uma festa, nos divertir e a única coisa que vamos nos preocupar é com que ela não saia da casa. Simples assim.
Chaz me encarou, e Ryan e Christian pareceram por vencidos.
- Não sei não, Charles. - Eu disse, passando a mão pelo queixo e pelo pescoço, indo até a nuca, num explícito sinal de constrangimento.
- Ah, qual é, Justin? Eu sinto muito por você por causa de toda essa história da Amanda. Entendo que você a amava e tudo e tals. Mas a vida segue. A Mandy não vai voltar. Nós precisamos voltar à rotina normal. Nossos planos, cara. Os assaltos, os rachas, as festas, as mulheres. O número de zeros da minha conta diminui cada vez mais. Isso está a ponto de me enlouquecer.
- Chaz, você mesmo disse. E a Claire?
- Olha, sei que ela é amiga da Amanda. Mas nenhum de nós cultiva um pouco de afeto pela garota. - Ryan disse, colocando o controle do Xbox em cima da mesinha de centro. - Você diz que ela não te lembra nada da Mandy. Ela não vai nos ajudar nos assaltos, cara. Nem nos assaltos e nem em nada que fizermos. Dá um fim nela.
- Um fim, Ryan? Como? Não posso fazer isso com ela.
- Sei lá. Abandona ela em algum lugar. Dá um tiro na garota e larga ela na beira de alguma estrada. Ninguém vai dizer que fomos nós. Além de nós quatro, mais ninguém sabe que ela está aqui.
Larguei o controle do Xbox no meu colo e passei a mão pelos cabelos loiros, e em seguida, pelo rosto.
- Eu não vou conseguir fazer isso. Não vai dar.
- Não vai dar? A gente fez isso com a Madison, cara. Com a Madison! - Chaz disse, apoiando os braços no joelho e incliando o corpo para frente.
- Eu faço isso. - Ryan disse. - Simples. Pronto. Acabou. Eu faço.
Christian apenas observava a discussão. Olhei para o garoto, que desviou o olhar para Ryan.
- Não, não. Não dá. Eu não vou fazer isso. Ninguém vai fazer. Não há motivos para abandonarmos ou matarmos a garota.
- Ok. A gente não faz. - Ryan disse, voltando a pegar o controle. - Mas você tem noção de que ela vai acabar atrasando as nossas vidas, não é? Nossos planos...
Assenti, enquanto encarava a televisão.
Ryan suspirou, e voltou a se ajeitar no sofá.
Chaz saiu da sala, indo até a cozinha, e Christian passou na nossa frente, sumindo pela casa.
Ryan e eu voltamos a jogar vídeo-game.Terminei de abotoar a camisa social preta e passei a mão pelo cabelo dourado, numa falha tentativa de ajeitar as mechas no lugar.
A calça jeans cinza rasgada entrava em harmonia com a camisa social preta e o Vans também preto. Passei a mão pelo criado-mudo, pegando o celular e colocando no bolso, e me encarei no espelho.
Tenho que admitir, eu estava gostoso pra caralho, mas naquele momento não me fez muita diferença. Não que eu já estivesse acostumado, mas não foi algo relevante no momento. Ajeitei o relógio dourado no pulso e me encarei no espelho mais uma vez, agora observando o cama através dele. Os travesseiros, o lençol e as colchas brancas, todos bagunçados.
Não sei se eu estava enlouquecendo com a ausência dela, mas naquele momento foi como se eu estivesse visto Amanda ali. Deitada, de pijamas, com o cabelo castanho todo bagunçado e uma cara de sono. Foram tantas vezes que eu a vi assim, mas senti como se fosse algo que eu já estivesse esquecendo como realmente era.
Desviei o olhar da cama e terminei de me arrumar. Passei um perfume e saí do quarto em seguida, trancando o mesmo. O pessoal dessas festas são tão sem noção que seriam capazes de quererem transar no meu quarto. Coloquei a chave no bolso e estava prestes a descer as escadas quando me lembrei de Claire. Será que a garota estava sabendo da festa? Bem difícil. Dei meia-volta e caminhei em direção ao quarto da garota. Ao encarar a porta branca, hesitei. Eu havia ido parar ali, mas no fundo, não tinha a plena noção do que realmente estava fazendo.
Bati três vezes, e observei Claire abrir a porta. A garota usava um short jeans e uma camiseta simples, mas aquilo realmente me incomodou. Chaz havia pegado algumas mudas de roupas do quarto de Amanda que, aparentemente estavam novas, com etiqueta e tudo, mas podia jurar já ter visto a morena usando a mesma camiseta.
O barulho da festa lá embaixo pareceu ter assustado Claire, que fez uma careta ao ouvir o som já alto.
- O que está acontecendo?
- Nenhum dos meninos te contou? O Chaz organizou uma festa. Achei que iria aparecer por lá. - Fiz uma pausa. A camiseta verde simples que a garota usava estava realmente me incomodando. - Mas aí pensei que você poderia realmente estar sabendo da festa e... - Deixei a frase no ar. Era bem estranho manter um diálogo com Claire.
- Não estou sabendo de nada.
- Você pode descer se quiser. Amanda também já compareceu a uma das festas do "Império Bieber." - Tentei sorrir, mas tenho completa certeza de que saiu como algo forçado. - Não me lembro dela ter dito que se... arrependeu. - Olha que milagre, eu estava tentando ser legal com alguém. Qual foi, realmente, a última vez que isso aconteceu?
Claire percebeu o quão tenso o clima estava, e como eu estava tentando quebrá-lo sem parecer um chato insistente.
- Ahn, muito obrigada Justin, mas... Eu não sei, eu... Não tenho nenhuma roupa.
Pensei por um instante.
O que eu estava prestes a fazer era algo errado? No mínimo, inapropriado?
- Vem comigo. - Dei as costas para a garota e caminhei em direção ao meu quarto, mas parando duas portas antes. Claire parou ao meu lado e ficou observando o que eu fazia. Tirei o molho de chaves que estava no meu bolso e peguei uma chave diferente das outras, colocando na fechadura e destrancando a porta e abrindo a mesma.
Eu não entrava no quarto de Amanda há semanas. Tudo para evitar quaisquer lembranças da garota. Objetivo concluído com sucesso? Não. Fracasso, muito fracasso. Eu estava sempre pensando na garota. Me manter longe do quarto dela não adiantava nada.
Ao abrir a porta, respirei fundo. O perfume dela estava por todos os cantos. A cama estava arrumada, coisa da Dorotha. A última vez que entrei aqui, dormi por aqui mesmo e deixei uma bagunça no dia seguinte.
- Esse era o quarto dela. - Murmurei, e Claire me encarou.
A janela estava fechada, e a cortina delicada dificultava a visão para o lado de fora da casa.
- Porquê me trouxe aqui? - Claire perguntou, um tanto receosa.
Encarei a penteadeira branca encostada em uma das paredes perto do quarto. Todas as maquiagens que Amanda raramente usava ainda estavam ali, organizadas uma ao lado da outra. Ao lado, à direita e num nível mais alto, a TV que eu e Christian havíamos instalado, logo do lado da porta. O ambiente estava limpo. Não duvido nada de que Dorotha tenha conseguido uma chave reserva do quarto e estivesse cuidando para que tudo ficasse dentro do padrão da casa: limpo, organizado e sofisticado. Era realmente um trabalho difícil para ela, já que era uma casa gigante com 4 homens residentes. Mas ela e as ajudantes davam conta.
- Porque, eu... Eu não sei, Claire. Você disse que estava sem roupas para a festa e achei que... - Abri e porta do closet e liguei a luz. - Pegar um vestido de Amanda não faria mal.
Eu não estava tentando impressionar a Claire emprestando um dos vestidos de Amanda ou algo do gênero. Eu realmente achei que não faria mal algum. Já teria eu me arrependido?
- Isso é certo? - Claire perguntou, entrando no closet e observando as roupas ali.
- Eu não sei também. - Respondi, coçando um dos olhos. Aquela situação ali havia me cansado rapidamente.
Isso foi uma péssima ideia, Justin. - Pensei, enquanto observava a garota loira observar os vestidos.
- Posso mesmo pegar um emprestado?
- Claire perguntou e assenti, soltando um longo suspiro em seguida.
Não queria ficar mais ali. Para falar a verdade, eu não queria mais aquela mulher na minha casa. Mas sabia que, se eu soltasse Claire por aí, ela iria falar com a polícia e eu estaria fudido.
Por um momento, me lembrei de Ryan me falando para dar um "sumiço" nela, mas era outra coisa que eu não poderia fazer. Não porque não queria, mas sentia que tinha uma dívida com Amanda. Fazer isso só pioraria o peso na minha consciência.
- Pode usar o que quiser. Eu vou... vou estar lá embaixo. - Observei a garota assentir e saí do quarto, encostando a porta.
Antes de descer, me apoiei no mezanino e fiquei por ali por alguns segundos, apenas observando a movimentação lá embaixo. Seria uma longa noite.
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Sirens // j.b
FanfictionSua boca era o lugar onde eu encontraria o sorriso mais lindo de todos. Seus olhos, o endereço de um mar cor-de-mel brilhante. Seu corpo, cheios de tatuagens, algumas estranhas, outra lindas, de hipnotizar o observador. Mas suas mãos... elas estavam...