Capítulo 22 - Stockholm Syndrome.

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P.O.V. Justin Bieber

Acordei com a claridade do quarto. Eu havia esquecido a janela aberta, e a claridade do sol me incomodava o suficiente para levantar da cama xingando e fechar a janela e as cortinas. Voltei para a cama e deitei na mesma. Eu estava prestes a fechar os olhos quando me dei conta do que fiz e observei o meu lado direito. Ela estava ali. Nua, embaixo dos meus lençóis, e ainda dormindo. Voltei a levantar da cama, colocando uma cueca e a uma bermuda. Peguei meu celular e sai do quarto.
- Merda. Merda. Merda. - Murmurei, enquanto descia os degraus gelados da escada da mansão.
Entrei na cozinha, me deparando com Dorotha fazendo um café e Christian revirando uma caixa de cereal. Ryan procurava incessantemente alguma coisa na geladeira enquanto tentava coçar algum ponto das costas, e Chaz babava por cima do balcão.
- Bom dia, flor do dia! - Disse Christian. Havia um cereal grudado na bochecha do garoto.
- Ela está lá! - Exclamei.
Ryan desviou o olhar da geladeira e me observou como se eu tivesse enlouquecido. Christian se limitou apenas à levantar os olhos da caixa colorida enquanto Dorotha deviava o olhar de mim para a cafeteira.
- Ela quem? - Perguntou Ryan, pegando a garraga de leite e fechando a geladeira.
- Aquela menina. A Claire! Ela está lá.
Christian parecia divertido com a situação, como se achasse graça mesmo não sabendo de nada que estava acontecendo.
- Caso o sr. esteja falando sobre o segundo andar da casa, e o quarto de hóspedes na qual a garota está dormindo nesses últimos tempos... Sim, nós sabemos que ela está .
- Não, idiota. - Resmunguei. - Ela está no meu quarto, debaixo dos meus lençóis... e sem roupa.
- Justin, você está parecendo um virgenzinho que transou pela primeira vez, não se lembra da noite passada e se assustou ao ver uma mulher nua na sua cama. Cara, isso é normal. Achei que já tinha se acostumado. - Ryan disse, enquanto olhava com certa curiosidade a caixa nas mãos de Christian, que segundos depois, roubou das mãos do mesmo, fazendo o moreno lhe olhar com uma cara nada boa.
Bufei, enquanto passava as mãos pelo rosto.
- Não, não Ryan... Ele tá falando sério. - Christian disse, tomando a caixa de volta e me observando. - Tu não lembra de nada?
Caminhei até o balcão, puxando uma cadeira e me sentando ao lado de Chaz, que cochilava.
-Eu lembro que falei para vocês que ia acompanhar ela até lá em cima. Então nós paramos no pé da escada e ela falou alguma coisa sobre a Charlotte. Nós estávamos só conversando e... aí eu não lembro de mais nada.
Christian olhou para Ryan, que o encarou de volta. Ficaram nisso por uns 5 segundos, até o loiro se voltar para mim.
- Cara... você transou com a Claire.
Christian arregalou os olhos, com o termo explícito de Ryan. Em qualquer outra situação ele não teria ligado, mas não estávamos sozinhos.
- Desculpe, Dorotha. - Ryan murmurou.
Apoiei os cotovelos sobre no balcão, colocando as palmas das mãos sobre os olhos.
- Eu não acredito que fiz isso...
Christian suspirou antes de continuar.
- Olha, Justin. Aconteceu, né? Não tem mais como voltar atrás.
- Ela nunca iria me perdoar!
- Você tá falando de quem? - Ryan perguntou, procurando um copo no armário.
- Amanda. - Chaz murmurou, me fazendo levar um susto. O garoto parecia estar dormindo num sono tão profundo que uns minutos à mais e eu teria que verificar se ele estava vivo. Ele levantou a cabeça do balcão e limpou a baba que escorria pelo canto da boca. Christian pareceu se encolher um pouco ao ouvir o nome da morena. Chaz suspirou antes de continuar. - Sei que é difícil pra você, cara. Ela era melhor amiga da sua mulher... Mas vamos combinar, né? Tu andava meio carente de uns tempos pra cá. Talvez fosse necessário isso acontecer, porque talvez você acorde um pouco pra vida.
- Eu me sinto... horrível. Como se Amanda estivesse em todos os cantos dessa casa apontando o dedo para mim e me condenando pela noite passada.
- Amanda não está mais aqui, Justin. E não vai voltar. Talvez estivesse na hora de alguém aparecer e mudar o rumo da história. Você não podia ficar sozinho pelo resto da sua vida. - Christian disse.
- Mas eu não estou com ela! - Reclamei, e o garoto deu de ombros, descendo do banco e saindo da cozinha. O celular de Ryan começou a tocar e o garoto fez o caminho contrário do Beadles, indo para os fundos da casa.
Chaz deu dois tapinhas no meu ombro e fez o mesmo caminho que Christian. Se eu não soubesse que os três já têm os próprios problemas para resolver, eu facilmente diria que eles também estavam me condenando pela noite passada. Cruzei os braços sob o peito e apoei os mesmos no balcão, encarando meu reflexo sobre a superfície limpa.
Segundos depois, uma xícara de café foi posta sob os meus olhos. Encarei Dorotha. A senhora de idade deu um sorriso amigável, colocando uma xícara de café para si mesma e o açucareiro sobre o balcão, junto com uma colher.
- Sabe, Justin... Eu vou ser bem sincera com você. Há 3 anos, quando comecei a trabalhar aqui, achei que estava perdida. Fazendo uma escolha sem volta. Você nunca me disse ao certo o que você e os meninos fazem, e, tendo uma noção de que não é certo, não quero saber. Estavam sempre pelos cantos, cochichando e bebendo. Deus do Céu! Tenho certeza de que sou mais velha que a sua mãe, e sabendo do que vocês fazem dentro de casa, se eu fosse responsável por vocês, estaria mesmo perdida. Vocês, meninos, fazem coisas erradas mas no fundo, os quatro têm, cada um, um coração de ouro... Quando Amanda apareceu aqui, não sabendo dizer ao certo o que estava fazendo na mansão, eu soube de cara que ela tinha a ver com seus problemas... Mas eu estava enganada, sabe? - Eu apenas ouvia a governanta. Ela encarava um ponto distante, e parecia querer dizer aquilo há muito tempo. - Desde que pisou aqui, Amanda foi tudo, menos um problema. Não só para você como para os meninos. Um doce de menina. Com um coração gigante, e um sorriso mais ainda. Mas nunca vi um brilho naquele olhar. E como diz aquele ditado: "Os olhos são a janela da alma". Talvez ela não estivesse tão feliz assim, aqui. Talvez fosse necessário mesmo que ela tenha ido embora. É realmente uma pena o fim que aquela menina tomou. Mas agora eu falo sobre você. Desde que aquela menina foi embora, eu não vejo um brilho no seu olhar. Não é novidade para ninguém que você não superou. Mas talvez esteja na hora de isso acontecer. Você já se envolveu com essa menina, a tal de Claire. E Amanda não vai mais voltar. Está na hora de seguir a sua vida. Por mais que você ainda ame Amanda, ficar igual está agora não vai adiantar nada. Dê uma chance à Claire e aí... veja o que acontece.
Dorotha saiu da cozinha, me deixando sozinho com a xícara de café entre as mãos. Eu não tinha certeza se a governanta estava certa, mas uma coisa que eu menos tenho ultimamente é certeza de algo.

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