Listen to the sound of the world, watch it turn, but shake a little!
(This River Is Wild — The Killers)
Andei mais devagar depois que entrei no prédio, não de propósito e sim porque cada passo parecia fraco, torto, errado. Havia um peso gigantesco sobre o meu peito, dificultando as coisas para a entrada de oxigênio no meu cérebro. Cheguei até o meu armário, ou até o armário de alguém, e me apoiei com uma mão.
Em seguida, com as duas.
O corredor estava vazio, que era o que acontecia em dias bonitos. Todos entravam somente no último minuto, e ainda era cedo pra isso. Estavam todos lá fora. Lá, fora.
Pensei nos cartazes com os rostos dos meus melhores amigos, com coisas horríveis escritas sobre eles. Senti ânsia.
Minha visão estava turva, perdendo o foco. Concentrei meus esforços em respirar com calma e profundamente.
*
Decidi que metade de uma garrafa já era água o suficiente para a primeira aula assim que a vi entrar no prédio.
Abaixei o olhar, ignorando-a.
O bebedouro estava especialmente lerdo hoje. E eu estava especialmente chateado com Roxanne Evans, especialmente por ela estar tão tranquila quanto ao Baile de Inverno.
E o nervosismo me faz ficar usando a mesma palavra muitas vezes seguidas, ok.
Talvez o meu real problema fosse com a reação que eu tive na festa.
Sinceramente, eu.
Não queria encará-la porque não sabia como agir.
Então, demorou um pouco pra eu perceber que algo não estava certo. Notei que ela se apoiava nos armários com as mãos, mas até aí ela podia simplesmente estar cansada. Ou brava. Pra variar.
Isso, Dylan. Finja que não a ama perdidamente, omita que nada nela é um defeito pra você.
Mas aí ela virou, apoiando as costas nos armários, e vi que seu rosto estava lívido. Branco como uma folha de papel. Seus olhos estavam fechados, mas aparentemente nem isso ela conseguia fazer, deixando-os levemente abertos. Parei de lutar com o bebedouro.
— Hey, tá tudo bem?
Ela pareceu nem me ouvir. Tentei de novo, mais alto.
— Roxie?
Ela foi escorregando até o chão, e aí sim eu me movi, correndo até ela com medo de que Roxanne batesse a cabeça em algo, como os cadeados dos armários, ou até o chão, se ela tombasse. Cheguei a tempo de mantê-la apoiada nos armários, percebendo que ela teria sim tombado em seguida se eu não estivesse ali.
— Roxie? O que foi? Tá me ouvindo?
— S... Ss...
— O que é? Você parece que vai desmaiar? Tem pressão baixa?
— Óxi... Oxigênio...
— Roxanne, respira.
Ela estava tentando, mas fazia um esforço absurdo para respirar e aparentemente pouquíssimo ar realmente era puxado. Como em um ataque de pânico, mas ela provavelmente tinha apenas pressão baixa. O dia estava quente, perfeitamente normal.
— Eu... Cor...
— Não fala nada, você vai apagar. Licença?
Pedi por educação, porque ela mal estava me vendo. Seus olhos não abriam completamente e sua cabeça não se sustentava. As gotas de suor no rosto dela foram o sinal pra mim, só tinha um jeito de impedir que ela desmaiasse. Ou um jeito dela voltar rápido, se desmaiasse.
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A Melhor Amiga "Lésbica" Dele
Teen FictionUm aluno novo interessante, um boato antigo e um mal entendido. Uma amizade cheia de segundas intenções, um amor escondido e evitado a todo custo. Uma peça de teatro, um clube de dança, um baile de inverno... Inseguranças, incertezas e muito rock'n'...