(Roadhouse Blues — The Doors)
Yep, meu nome é Roxanne Evans, e eu tenho Geografia Física agora. Quis dar um tiro na minha própria cara, mas respirei fundo. Teria a primeira aula de handball essa tarde, e uma aula de dança depois. Sem dúvidas de que eu ia chegar em casa em pedaços e precisaria de, no mínimo, meia hora de molho na banheira pra me recuperar antes de conseguir pensar em ir para a casa de Brad.
Sim, estava tudo marcado, e Jullie ria abertamente com Diego, Brad e Izzy. Tim estava emburrado em seu canto, e Lou revezava entre eu e Izzy.
Dylan havia soltado meu braço quando sentamos, depois de comer, para passá-lo pelos meus ombros. Eu não entendi, mas também não reclamei. Estava abraçando minhas pernas, com Dylan me abraçando de lado, sem me soltar, enquanto conversávamos animadamente sobre qualquer coisa. A festa, a música e até Shakespeare. Qualquer um que nos visse interpretaria aquilo errado. Ou certo, não sei. Eu mesma não sei interpretar. Provavelmente eis o motivo por eu estar gostando tanto.
— Acho que devíamos fazer a cena em que eles se conhecem, mesclando nossas apresentações. Eu faria o momento em que ele vê Julieta a primeira vez, aí tem a cena juntos e depois você assume, com a cena posterior. — ele disse, me fazendo olhá-lo de lado.
Próximo demais, mas não pensei nisso. Pisquei algumas vezes, tentando processar o fato de que Dylan não precisara de um exemplar para dizer aquilo. Ok, é Romeu e Julieta, a peça mais conhecida de todas... Mas isso não garante que as pessoas tenham lido. Ou se lembrem de detalhes como aqueles.
Já eu lembrava muito bem dessa parte, e ela tinha um beijo. Um selinho, como chamam hoje, mas ainda assim um beijo.
— É uma boa ideia. — "Vamos começar a praticar agora!" — A Izzy pode fazer a Ama, e o Patrick pode ler as falas dos outros personagens na sua cena... Mas eu estava pensando em fazer um monólogo de Julieta, apesar de que a Ama ia acabar entrando... E acho que você devia fazer um monólogo do Romeu.
— Isso é o que esperam.
Gelei. Não estava acostumada a contestarem minha opinião, mas não sou nenhuma criança mimada. Gostava daquilo. Logo, aceitei a sugestão.
— Mas é o que demonstra mais a sua capacidade de atuar.
— Nem sempre. Se fizermos a cena dos dois juntos perfeitamente, talvez não precise de mais nada. Mas acho que é melhor treinar mais coisas, e na hora vemos.
Entendi.
— Margaret falou algo? — estreitei o olhar, analisando-o, e Dylan recuou quase que imperceptivelmente.
— Er, ela... Sim. Ela disse que só a cena que eles se conhecem já era boa o suficiente, se nós fizéssemos direito. Ela disse isso antes de qualquer coisa, eu nem tinha entendido até ela sair andando. Quer dizer, só foi fazer sentido mesmo quando vocês pediram para eu fazer Romeu.
— Hm. Ô Izzy! — me virei para puxá-la, mas ela não estava mais ali.
Nenhum deles estava mais ali. Nós estávamos sozinhos.
— Mas que porra?! Por que eles foram embora sem nos avisar? — perguntei, confusa. Pois é, um mistério.
— A pergunta certa é: como eles foram embora sem nós percebermos? — Dylan me corrigiu, e eu me distraí com seus lábios.
Ah, deve ter sido por isso. As duas perguntas tinham a mesma resposta.
Dylan pegou meu olhar e eu mordi meu lábio, sem querer. Ele abriu a boca, como se tivesse percebido a mesma resposta que eu, e fomos salvos pelo sinal. O sinal do fim do intervalo. Talvez não fosse exatamente uma salvação.
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A Melhor Amiga "Lésbica" Dele
Novela JuvenilUm aluno novo interessante, um boato antigo e um mal entendido. Uma amizade cheia de segundas intenções, um amor escondido e evitado a todo custo. Uma peça de teatro, um clube de dança, um baile de inverno... Inseguranças, incertezas e muito rock'n'...