Capítulo 32 - Why don't we just surrender, please just take my hand.

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(The Kooks — Are We Eletric)


Acordei com algumas memórias breves da noite, como Roxanne deitada em meu peito, uma perna entrelaçada nas minhas e uma mão espalmada no meu ombro. Depois ela virava de lado e eu a abraçava. Trocávamos, mudávamos algo; mas sempre juntos, a noite toda.

O pior? Foi incrível. De algum modo, passei a questionar todos os casais que reclamavam de espaço na cama.

Não devia ser exatamente uma novidade pra mim, o garoto que dormiu com ursinho de pelúcia até os nove anos de idade. Isto é, até perceber que mais ninguém fazia isso, e ser zoado pelo meu irmão mais velho constantemente.

Quando saí da nuvem de sono, percebi que ela não estava mais na cama, e o vazio que eu sentia era o lugar que ela havia ocupado. Antes que eu entrasse em pânico, no entanto, ela apareceu na porta do meu banheiro.

— Hey, bem a tempo! — Roxanne tinha apenas a minha toalha na frente de seu corpo. — Vamos? E traz outra toalha, só tem essa aqui.

Claro que ela não esperou uma resposta. Quem diria, não? 

Eu fui afogado pela realização de que eu a queria, e isso não era novo.

O novo era que eu precisava dela. Era mais do que desejo.

Senti minhas mãos tremerem tão levemente que podia ser apenas coisa da minha imaginação, mas refletia perfeitamente o que eu sentia naquele momento. Pânico.

Dylan Beckendale estava acostumado a suprimir tudo o que necessitava. Ele não precisava de nada, ele só fazia o que queria. Necessitar de algo nunca acabava em coisa boa, só o deixava extremamente fodido no final.

Depois que parei de pensar em mim mesmo em terceira pessoa, percebi que tinha uma escolha a fazer. Confiar ou não em Roxanne Evans? Confiar, e aproveitar tudo que eu sabia que ela podia me proporcionar? Não confiar, e continuar vivendo a vida com as rédeas justas, sem um único afrouxamento, garantindo que nada seria espetacular, mas no ordinário também havia a certeira segurança de que não me foderia irremediavelmente no final?

Precisava vê-la, por isso levantei e peguei outra toalha antes de ir para o banheiro, onde ela me esperava já embaixo do chuveiro.

A sensação foi como abrir as janelas de um quarto fechado há tantos anos que o único aroma era o de mofo, e, ao abrir a janela, o frescor do ar limpo era uma brisa de vida no ambiente apodrecido.

Entendi que cada parte minha gritava: sim, confie nela, você quer ser feliz, e pode. Pendurei a toalha e entrei no box, encontrando uma Roxanne de olhos fechados embaixo da ducha, com um sorriso tão suave e feliz que soube imediatamente que eu sorria também. Ela abriu os olhos e sorriu mais, puxando-me para debaixo da ducha e saindo dela.

Fechei os olhos e deixei a água levar minhas inseguranças. Talvez eu devesse contar, talvez isso aliviasse todo o peso que eu sentia. Mas isso seria decidir por confiar.

Abri os olhos e ela estava ali, o corpo todo ensaboado, e assoprou sabão no meu rosto.

— Você tá quieto. — não foi uma pergunta, e ela me puxou para fora da ducha e começou a ensaboar meu peito. — Aconteceu algo?

Roxanne subiu o olhar até meus olhos, e o que vi não foi curiosidade, nem mesmo preocupação. Ela só estava perguntando.

Prendi a respiração. Era agora.

Sim ou não?

— Eu tenho algumas coisas pra te contar, mas vai ser durante o dia. Tudo bem?

— Tudo bem. — Roxanne sorriu, e passou a ensaboar minhas costas. Depois entregou a esponja pra mim e voltou para a ducha.

A Melhor Amiga "Lésbica" DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora