(A Drop In The Ocean — Ron Pope)
Essa felicidade durou um bocado. Antes que percebesse, estávamos prestes a apresentar a nossa peça. Três semanas que passaram voando, para não dizer aparatando. Finalmente, a minha última apresentação de Teatro na Ferdinand.
Senti uma vontade leve de chorar que não havia previsto. Por sorte, consegui esperar as palmas da plateia para fazer isso. Minha família estava toda lá, o que era algo que eu também não havia previsto. A família de Dylan também — aparentemente, eles decidiram passar o Natal por aqui, com a família de Tim. Benjen não veio junto, e Dylan me contou que seus pais finalmente tinham internado o filho mais velho em uma clínica.
Obrigada, né?
Quando as cortinas se fecharam, eu não acreditei que tinha acabado.
Tivemos um momento de lágrimas e muita emotividade. Foi massa. Nem Margaret resistiu, vindo com aquele papo de que nós éramos a melhor turma dela em anos e etc.
Fofa.
Até Marcell apareceu para nos parabenizar. Eu disse, massa.
Para dizer a verdade, foi tudo um tanto surreal. Eu lembrava de ter sido uma ótima encenação, beirando a perfeição para algo que acontecia ao vivo, mas, ao receber os elogios, eles pareciam ser para outras pessoas.
Depois de fotos, elogios e flores, agradecimentos à professora e da professora, acabamos em uma pizzaria, numa mesa gigantesca. Fechamos o andar da pizzaria, que já estava reservado para nós.
Margaret fez outro discurso na mesa, e finalizou-o desejando que realizássemos nossos sonhos.
É, eu ainda passaria no Teatro antes de me formar, nem que fosse só para ver os alunos ensaiarem.
O Baile de Inverno era no dia seguinte, dando início ao recesso de fim de ano. Aimée estava com um vestido roxo maravilhoso, o cabelo com duas mechas frontais presas para trás e o resto solto e com cachos grandes.
Ela parecia tão mais velha assim que eu tive que resistir ao ímpeto de enfiá-la embaixo da minha "asa" figurativa e nunca mais deixá-la sair. Aimée estava crescendo; eu também senti orgulho pela jovem que ela estava se tornando.
De criança birrenta para uma adolescente madura.
Eu estava de vermelho, claro. Um longo vestido de veludo que abria na metade da minha coxa direita. Meu cabelo estava todo preso em um coque, com uma rosa vermelha de veludo de enfeite.
Nós estávamos arrasadoras.
Donna ficou nos paparicando e arrumando cada detalhe até o último minuto, quando Richard tirou uma foto nossa.
Eu totalmente postei no Instagram, com a legenda: "melhor par para o meu último Baile na Ferdinand ❤ Evans sisters ready o rock!", porque eu sou dessas que puxam o saco da maninha mesmo.
Eles nos levaram até a escola, e encontramos a galera na nossa mesa de sempre. A decoração do lado de fora era pouca, mas bonita. Discreta e perfeita. Parecia com o fim de uma era, e trazia consigo os ares da incerteza. Afastei os pensamentos disso, e fui ajudada pelos elogios dos meus amigos.
— Ataque cardíaco, ataque cardíaco certeiro. – Rapha disse, passando a mão pelo tecido da saia do meu vestido.
— Você quer matar um hoje, é isso mesmo? E esses lábios vermelhos! – Becky apoiou a cabeça no ombro de Eve como se chorasse.
Ah!, o drama.
— Você devia ter participado do Teatro, Rebecca. – eu disse, e ela riu.
Então eles mudaram o foco para a minha irmã, para falar de como ela estava linda e como havia crescido, um foco que eu preferia milhões de vezes mais.
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A Melhor Amiga "Lésbica" Dele
Novela JuvenilUm aluno novo interessante, um boato antigo e um mal entendido. Uma amizade cheia de segundas intenções, um amor escondido e evitado a todo custo. Uma peça de teatro, um clube de dança, um baile de inverno... Inseguranças, incertezas e muito rock'n'...