XXII- fez uma pausa como que a buscar idéias...
Travejane reuniu seu estafe para discutir as táticas de investigação a serem usadas contra aquela turma de macumbeiros. A primeira opinião foi de Reinaldo, em forma duma advertência: nem ele ou Joca estavam dispostos a fazer diligências em terreiro de macumba, ou centro onde descessem espíritos. A resposta foi uma sonora gargalhada, logo em seguida, o chefe lascou a justificativa de que foi ele e Joca quem sugeriram aquela busca.
As diligências mais urgentes foram apresentadas. O problema da vez era a necessidade de coletar com urgência material para exame de DNA dos suspeitos, inclusive Marcola até então desaparecido. Carmelita e Grampola se recusaram a doar o material padrão. As pontas de cigarros coletadas na sala de recepção se referiam apenas a Carmelita. Apresentou os laudos estendendo-os sobre a mesa. A investigação chegou a um impasse quanto aos três. Os peritos não puderam adiantar nada sobre quem seria o provável autor dos homicídios. O Dr. Geraldo pediu uma reunião para discutir as provas encontradas pelos investigadores e confrontar com os indícios conhecidos. Em suma, nenhum policial tinha algo de concreto contra ninguém.
Para os exames de digitais, a cópia dos prontuários de Grampola e Carmelita eram suficientes. As fichas deles podiam ser encontradas no banco de identificação civil do Departamento de Identificação Civil. Marcola foi processado por porte ilegal de arma no Estado da Paraíba, e as fichas dele estavam a caminho via eletrônica. Quanto ao DNA havia coletado alguns tocos de cigarros usados por Carmelita, mas nenhum material dos demais. Como padrão para este exame poderia ser apreendido cabelos, unhas, copos usados, escarros, roupa suada recente, etc. Fez uma pausa buscando idéias, olhando para cada um dos presentes. Relatou a tentativa feita em relação ao casal Grampola e Carmelita. Dele ainda aguardavam resultados da diligência encomendada.
Reinaldo disse sobre as diversas vezes visitando o escritório dos suspeitos, ter visto Grampola cuspindo no cestinho de lixo ao lado do computador. Achou nojento e por isto não esqueceu. O delegado deu a palavra a Joca. No dia do crime, viu nos dois quartos da casa bonés bastante surrados e presumia serem usados por Júlio e Marcola quando estivessem dando duro no sol quente furando poços. O delegado anotou as duas sugestões e em seguida, informou que possivelmente o material de Grampola era coletado, com a ajuda dum colega delegado da distrital onde o suspeito residia. O mais difícil era as provas relacionadas com o foragido. Reinaldo e Joca foram despachados para a casa onde aconteceu o crime. Chegaram e falaram com o proprietário, mas as noticias foram desanimadoras, porque os pertences de Maricota e Júlio haviam sido levados há dois dias.
Eles resolveram visitar a firma, lá encontraram Carmelita. Ela era a menos agressiva do time, pensaram encontrar facilidade. A mulher estava prevenida para investidas dos homens da lei, os tratou com prevenção. Informaram sobre Marcola ter sido visto na cena do crime e precisavam achar um boné do tipo usado por ele, para mostrar a uma testemunha, ela se prontificou em colaborar, aquele traste a esnobou sexualmente muitas vezes preferindo o patrão. O que pudesse fazer para incriminá-lo, faria. Abriu uma porta de acesso aos fundos da empresa e convidou os policiais, pediu para um deles vigiar o escritório. Mal ela saiu da sala, Reinaldo foi até a porta do outro escritório na esperança de encontrá-la destrancada. Desejava ver o cesto do lixinho. A porta estava travada.
Joca foi levado a ver um armário antigo onde tinha calças velhas e outros objetos dos peões. Carmelita informou que da direita para a esquerda, o primeiro armário era de Júlio e o segundo de Marcola. A mulher mantinha sempre uma distância razoável do policial, temendo-o arrancar-lhe algum fio de cabelo. Viu uma cena parecida numa novela de televisão, não daria sopa para o azar, facilitando o trabalho da polícia. Joca examinou o armário de Marcola e encontrou um boné muito surrado. Perguntou se pertencia ao suspeito. Ela confirmou. Olhou rapidamente no interior dele e viu um punhado de cabelos grudados na espuma fina. Aproveitou para pegar uma calça jeans muito rasgada e suja. Ela estava com cheiro forte de suor. Se a equilibrasse em pé era possível parar. Disse à mulher que devolveria as duas peças brevemente. Por isto não precisava voltar. Não escondia o desconforto com as visitas da polícia, nenhum deles era bem vindo e não lhe agradava recebê-los.
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macumba - o terreiro da morte
Action04 NOITE MACABRA Uma história envolvente narrando dois assassinatos ocorridos logo após uma sessão de macumbaria num terreiro de macumba. O pretenso pai de santo Grampola, se envolve com um homossexual enrustido e arrasta seu...