Capítulo 31

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Saímos da cozinha e dona Ana continuou cozinhando.

- Ela passa a tarde toda assim ? - digo enquanto caminhamos pela casa
- Sim - ele diz com a voz baixa - após a morte do vovô, ela ocupa a cabeça com os doces. - sinto que sua voz mudou
- Ah, me desculpe - então ele me olha
- Isso já faz seis anos. Sei que ele está num lugar melhor - e um sorriso brota em seus labios. - vem - ele segura a minha mão e me leva até uma porta. Cada toque dele, era um "choque" que me dava, e eu amava aquilo.

Ele abre essa porta e entra primeiro e eu entro logo em seguida, e quando eu entro fico maravilhada, não imaginava que aquela casa que parecia ser pequena por fora, era tão enorme por dentro. O quintal era lindo, tinha uma árvore gigante e havia algumas pétalas de flores embaixo dela e um balanço de pneu.

Haviam também um canteiro de flores, um chafariz pequeno, e uma casinha que parecia ser de um cômodo e o espaço do quintal era todo gramado.

- Matheus, que lindo isso aqui - digo boquiaberta
- É lindo né - ele diz com um sorriso de orelha a orelha.
- Demais! - digo com as mãos na boca - mas como, como sua avó montou isso tudo?
- Sempre foi um sonho dela ter um cantinho que fosse só pra ela - ele pega em minha mão e caminhamos pelo quintal - então aos poucos ela foi montando com a ajuda do vovô, e passou a ser o lugar deles. - ele para, pega uma rosa e me entrega - mas após a morte dele, ela não quis mais entrar aqui, abandonou por quatros anos, então quem passou a cuidar, fui eu - ele limpa a garganta - mas a um ano atrás eu consegui trazer ela aqui de volta, então ela disse que esse canto passaria a ser meu e .. - ele me olha nos olhos, eles estavam brilhando, com um verde bem vivo
- E ..? - pergunto, estava curiosa
- E pra minha alma gêmea - ele aprofunda o seu olhar no meu e sorri. Não consegui dizer nada, aquilo havia sido uma indireta bem direta, então apenas sorri de volta. - eu venho aqui quando quero ficar sozinho, sento embaixo da árvore e começo a tocar violão, ou a escrever, ou simplesmente fico observando tudo e quando é preciso, fico cuidando das flores. - a cada palavra que saía de sua boca, era um sorriso que se formava em seus lábios, e nos meus também, é claro, pois vê lo sorrir daquela forma, me fazia sorrir também.

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