IV - Você É A Causa Do Meu Caos.

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ANTÔNIO

"Puta merda, eu sou muito gostoso!". Pensei em frente ao espelho acabando de me ajeitar minutos antes de sair para me encontrar com Marcos, meu aluno do primeiro ano.

Passei meu perfume e tomei rumo a sala, onde estava as chaves do meu carro.

Desci cantarolando em silêncio alguma musica qualquer dos The Smiths. E ignorei completamente a inexistência do insuportável do sindico do meu prédio que não passava de um fanático religioso que fazia questão de colocar na caixa de correio de todos os inquilinos convites para frequentar a igreja da qual ele era pastor todos os dias.

Pelo horário, não havia muito transito. Por conseguinte, não demorei muito para chegar até lá.

Não enfrentei a fila imensa que se estendia pela rua por já ter colocado meu nome na reserva e assim que entrei fui para o lobby do bar esperando o rapaz chegar. O tempo parecia estar congelado, maldita ansiedade.

Enviei uma mensagem de texto avisando que ele não precisaria enfrentar a fila por já ter o nome na lista e torci para que ele lesse rápido.

Foram oito malditas músicas de espera.

Ao som de Open Your Eyes do Snow Patrol pude vê-lo na entrada procurando por mim com os olhos cerrados enquanto conversava com a recepcionista. Assim que acenei, a donzela compreendeu e o deixou passar.

Antes de ele chegar até a mim, dei um gole no whiskey e me levantei pra cumprimenta-lo. Por educação, é claro.

Estendi minha mão esboçando um leve sorriso e para minha surpresa, mais uma vez, ele me puxou para um abraço. Sua mão direita foi em direção a meu pescoço puxando meu corpo para perto do seu. Desajeitado, tentei retribuir, mas aquele cheiro citrino adocicado tirara toda a minha atenção.

"Por que você faz assim comigo?! MERDA.". Pensei enquanto nos soltávamos do abraço.

Estendi minha mão em direção a cadeira o convidando para sentar.

— Opa! — Ele me deu outro sorriso. — Como foi o seu sábado?

— Passei a maior parte dormindo e a outra resolvendo problemas da companhia. — Disse seco, deixando claro o meu desapontamento.

Ele me encarava sem saber o que dizer.

— E o seu? — Franzi o cenho.

— Ah, acordei tarde porque saí ontem com meu primo, o Caio, lembra dele? — Afirmei com a cabeça tentando afastar os pensamentos que me faziam não gostar de Caio. — É, depois fui comer massa e assistir série.

— Cara, eu não sei o que eu amo mais, massa ou assistir série.

— A coisa que eu mais amo neste mundo é mulher. — Ele soltou uma risada.

Que caralho cheio de verruga! Esse demente é um heteronormativo babaca que só sabe falar de mulher, futebol e do tamanho do próprio pênis? Ótimo Antônio! Veja bem onde você foi amarrar a sua égua.

Sem saber o que responder soltei uma gargalhada forçada.

Lembrei do meu Whiskey que esquentava e dei um grande gole.

— Não vai beber nada? — Perguntei.

— Não sei se devo, a grana ta pouca e tenho que voltar de táxi.

— Relaxa, qualquer coisa passo no meu cartão e te dou uma carona.

— Eu definitivamente não posso aceitar isso. — Ele inclinou o corpo para trás. — E outra, o senhor, digo, você, sei lá, não deveria dirigir bêbado.

Teus Olhos MeusOnde histórias criam vida. Descubra agora