IX - Café, Whiskey e Menta.

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MARCOS

A vida é bela e eu fui feito pra ela.

Depois de alguns dias repousando por causa da lesão no tornozelo, eu finalmente vou poder sair. Os calouros de todas as engenharias do meu campus estão organizando uma baita de uma festa.

Como a festa era aberta ao público resolvi convidar o meu professor de Mineralogia e sem hesitar, ele aceitou.

Eu estava acabando de vestir uma blusa polo azul quando recebi uma mensagem de texto de Antônio falando que estava saindo de casa naquele momento. Para meu alívio, eu não estava atrasado.

Acabei de arrumar o meu cabelo e desci para a sala onde meus pais e meu irmão mais novo conversavam sobre seu rendimento escolar.

Aquele assunto me deixava extremamente irritado, pois eu não queria que alguém que eu amasse tanto cometesse os mesmos erros que eu cometi. Não que eu tenha sido um aluno arteiro e tudo mais, mas se eu pudesse voltar ao tempo do ensino médio, me esforçaria muito mais, pois assim minha vida não seria este atraso.

Para não perder a cabeça e me intrometer no assunto, resolvi esperar na cozinha. Assim que coloquei meus pés no ambiente, dei-me de cara com uma enorme travessa de alfajores que minha mãe havia feito horas atrás. Acabara eu de embrulhar um em um plástico verde e escutara Antônio buzinar três vezes.

A gente havia combinado que ele buzinaria daquela forma toda vez que chegasse, já que ele me fez um grande favor me levando e trazendo da faculdade todos os dias enquanto um dos meus pés estava impossibilitado de qualquer movimento.

Verifiquei se estava tudo certo e tomei meu rumo.

Já na escada que levava até o portão não resisti de provocar a meu irmão.

Afinal, esse é o papel dos irmãos mais velhos, certo?

— Miguel, se você não melhorar essas notas vai se vir comigo. E o senhor sabe muito bem do que estou falando. — Gritei em tom de deboche acelerando o passo para que minha mãe não tivesse tempo de vir atrás me enchendo de perguntas.

Entrei no carro com um enorme sorriso estampado no rosto.

Ele estendeu a mão para me cumprimentar me dando um sorriso amarelo e logo o puxei para um abraço, afinal, já podemos nos considerar camaradas, não é mesmo?

— E aí, está animado para voltar a frequentar calouradas? — Perguntei ainda antes de ele acelerar o carro.

— Eu mal ia às minhas. — Ele respondeu seco.

— Quem diria na dos outros né? — Confesso que fiquei desapontado.

— É, algo parecido com isto daí. — Ele pausou a fala para voltar à atenção para um morador de rua que estava a vender doces no semáforo. — E você está ansioso, para a sua primeira vez?

— Minha primeira vez foi com catorze. — Debochei.

— Que? — Ele franziu o cenho. — Nossa...

O que estava acontecendo com Antônio que ele estava tão seco?

— Foi só uma piada cara, relaxe.

— Eu já estou.

— E quem te deixou relaxado? — Ele me fitou com os olhos de uma forma que desejei nunca ter nem se quer pensado em fazer aquela brincadeira. — Desculpa, vou parar com as piadas.

— Obrigado.

—­ Você precisa beber logo pra descontrair.

— É, mas quem vai dirigir na volta?

Teus Olhos MeusOnde histórias criam vida. Descubra agora