XXX - Onde Eu Estava Não Fazia Sol.

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MARCOS

Se tem uma coisa que eu queria poder fazer nessa vida é poder ler a mente do meu namorado, mas, ao contrário disso, quanto mais eu tento lê-lo, mais eu me confundo. O pior é que esse ser tem todo um passado antes de mim, e é um passado do qual ele não gosta muito de falar. "INFERNO". Eu me sinto inútil em não saber o que fazer pra deixa-lo melhor.

Eu preciso que ele me mostre o caminho.

Nós estamos há mais ou menos um ano juntos e eu não sei como confortá-lo.

Que desgraça!

Ele precisa parar de se recusar a responder.

Eu não quero mais ir jantar com esse homem porque sinto que eu nunca vou saber o que ele sente e tudo que eu queria é que ele confiasse o seu mundo em minhas mãos, mas parece que isso nunca vai acontecer.

"MERDA", bradei ao jogar uma caneta no chão na tentativa de descontar a raiva.

Eu tenho respeitado o espaço de Antônio, mas não sei até quando aguentarei isso.

Esses pensamentos me atordoaram durante todo o dia. Trabalhei a tarde inteira inquieto, com o peito apertado.

Isso tem que se resolver...

Depois de uma eternidade, o horário do expediente chegou.

Não quis nem tomar banho no vestiário, fui direto ao estacionamento e peguei o primeiro ônibus da empresa que me deixaria perto de casa.

Eu estava tão aflito que passei o trajeto inteiro projetando formas de como abordar meu namorado e questioná-lo sobre o que está acontecendo dentro de sua mente.

Se esse filho da puta arrombado não me disser, eu não sei mais o que fazer.

Por mensagem, combinamos o horário e o local d nosso encontro. Como ainda faltava algumas horas, tomei um banho extremamente quente, me enrolei em um robe de algodão e fiquei jogado no sofá lendo o conteúdo da aula do dia seguinte. Bem, notei que meu desempenho acadêmico melhorou bastante desde que passei a ir pra a aula sabendo do que o professor iria falar, então, não abriria mão disso nunca mais.

Mas agora é melhor eu me apreçar. Já é hora e se tem uma coisa que Tom me fez questão de mostrar é que ele odeia atrasos.

Coloquei a primeira blusa social que encontrei no armário, coloquei uma calça escura e um Oxford preto.

Pronto. Eu estava pronto.

Hmm... Quase pronto.

Escovei os dentes e passei o seu perfume favorito.

Caminhei até o espelho da parede e me encarei. Faltava algo.

Peguei meu relógio no criado mudo e o ajeitei no pulso.

Agora sim.

"Caralho, eu sou muito gostoso", ri enquanto ajeitava a gola da camisa.

Chequei o celular e havia uma mensagem do me namorado de alguns minutos atrás avisando que estava saindo de casa.

Logo ele estaria ali.

Senti um frio na barriga.

Meus pensamentos começaram a formar uma tempestade dentro da minha cabeça. Eu queria muito gritar e sair correndo em fuga.

Agora era tarde, o ouvi buzinar.

Peguei uma pastilha de cereja e saí.

Ao entrar no carro, ele elogiou a cor bonina da minha blusa e colocou sua mão em meu maxilar. Antônio me puxou para um beijo. O retribui sentindo o calor da sua boca enquanto seu cheiro me arrepiava da nuca aos pés.

Teus Olhos MeusOnde histórias criam vida. Descubra agora