XXVII - Conforto.

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ANTÔNIO

Tudo em que eu conseguia pensar neste momento é em uma alternativa para cancelar esse jantar. Com o eu apresentaria Marcos nessas circunstâncias para minha mãe? Ela com toda certeza do mundo perceberia um desconforto anormal, você sabe, mãe é mãe. O maior problema é que o jantar é em poucas horas e mal consegui falar com meu namorado depois do restaurante.

E foi assim que passei o resto da manhã: dando aula desconcentrado por estar extremamente ansioso com a situação.

Como minha última aula era um horário antes a que a do Marcos, fiquei sentado de frente para o Restaurante Universitário. O prédio ficava do outro lado do nosso bloco, o Instituto de Ciências Exatas e da Terra. Ficar esperando ali me permitiria vê-lo ao sair.

Quando notei que a fila do R.U. começou a encher, levantei-me e tirei os óculos. Fiquei tentando localizar meu namorado, mas fora em vão. Retirei o celular do bolso e comecei digitar uma mensagem de texto.

Distraído fui surpreendido por algum objeto metálico encostando em minha cintura. Faltou-me o ar para respirar.

— Quanto você está disposto a pagar para continuar vivendo? — disse a pessoa que me enconchava.

Não consegui dizer nada.

Apreensivo, tentei dar um passo para frente, não obstante fui impedido por uma mão que me segurava pelo braço.

— Passa o celular e a carteira — eu acho que aquilo foi uma ordem.

Mas havia algo de estranho naquela voz, era forçada.

Dei uma cotovelada em sua costela e consegui me soltar. Me afastei rogando aos meus orixás que eu não levasse um tiro nas costas e logo me virei. Pelo menos o tiro vai ser na cara.

MAS QUE PORRA É ESSA?

— Vocês?! — bradei confuso. — Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui?

— O professor estava ai todo distraído, não podíamos perder a oportunidade — explicou Caio.

— Quanta intimidade — tentei me recompor.

— Agora somos da mesma família, esqueceu? — ele retrucou.

— Impossível esquecer — infortunadamente.

Cruzei os braços e comecei a encarar meu namorado esperando que tivesse alguma reação. Nós três ficamos nos entreolhando por algum instante, mas ninguém disse nada. Eu tinha mais a fazer.

— Tchau Caio.

Comecei a andar em direção ao meu carro sem me importar se estava sendo seguido ou não por Marcos.

Joguei minhas coisas no banco de trás, conectei o celular ao ao painel do carro e selecionei a playlist "músicas para ouvir quando a vontade de morrer aparecer.". Meu aluno me olhou assustado e depois de antigripal hesitar três vezes a fala, me questionou.

— Está tudo bem?

— Por que não estaria? — ele não respondeu, então, insisti. — Tem algum motivo?

— Não.

[...]

Em meu apartamento, disse pra ficar à vontade, como sempre e fui pra piscina esfriar a cabeça, mesmo com o frio que estava a fazer naquele momento. Aquilo realmente iria me fazer melhor. Estar sobre a água era como ganhar um ingresso grátis para o parque de diversão novo da cidade.

Não sei por quanto tempo fiquei ali em introspecção, só reparei que ainda tinha uma via quando notei Marcos aproximando lentamente da borda da piscina.

Teus Olhos MeusOnde histórias criam vida. Descubra agora