Aconteceu! E agora? II (DEGUSTAÇÃO)

Bônus - Manuela

Manuela - Bônus curtinho.

Por mais que eu tente explicar o tamanho da dor que estou sentindo, palavras jamais serão o suficiente. Parece que estão apertando meu coração todinho, pisando, quebrando, martelando. Tá doendo demais.

Saber que a chave do tal flat já está com Fernando, me arrasou. Me quebrou total. Eu sabia que precisávamos desse tempo. Eu sabia disso. Eu conseguia enxergar , mas mesmo assim doía muito.

Como chegamos nesse nível, meu Deus? Como? Quando?

Fernando me abraçou apertado por trás, assim que eu desabei.

- Me perdoa, por favor. Eu amo tanto você. Não fica assim, eu te peço... - diz baixinho enquanto me aperta.

Eu também te amo muito Fernando. Você é o homem da minha vida, eu não tenho a menor dúvida. O homem que quero para sempre ao meu lado. Eu não posso imaginar minha vida sem você, sem o pai do meu filho, meu melhor amigo. Eu te desculpo sim, vamos passar um borracha nisso tudo, vamos arrumar nossas coisas e vamos viajar por aí, nós três, como a família maravilhosa que sempre fomos. Vamos começar a pensar nos irmãos do Miguel... Eu te amo tanto, meu Fernando.

Gostaria de dizer isso tudo olhando em seus belos olhos verdes, olhos que tanto amo. Mas não faço.

Certas atitudes, por mais dolorosas que sejam, devem ser tomadas para evitar situações piores. Brigas maiores.

- Eu to bem - respondo tentando controlar o choro.

-Não, não está!!! - Fernando me vira pra ele - Nós não estamos!!!

-Não estamos bem há muito tempo.

-Estamos sofrendo com isso tudo. Não queremos ficar longe um do outro, você sabe disso.

-Mas é necessário. Ficar sob o mesmo teto brigando o tempo inteiro, só vai piorar a nossa situação. Tenho medo de um dia brigarmos tão feio, a ponto de sentirmos raiva

- Não faz isso com a gente, por favor - ele pede praticamente chorando, como se eu fosse a culpada, como se eu tivesse decidido assim.

-Não fui eu que decidi assim, Fernando.

Me solto de suas mãos e vou até o banheiro. Lavo meu rosto, respiro fundo, conto até dez e tento ficar calma. Fico parada me olhando no espelho...

Preciso ser forte!! Preciso pensar no Miguel!!! Isso tudo vai passar!!! Precisa passar!!! Essas são algumas das coisas que penso enquanto me olho no espelho.

Do banheiro, escuto Miguel entrando no quarto e Maria atrás chamando ele. Escuto também quando Fernando diz para Maria deixar, pois ele precisa conversar com o filho.

Continuo no banheiro e não escuto o que eles estão falando. Mas imagino que não deve estar sendo fácil para Fernando contar para o filho que vai ficar um tempo fora de casa, mesmo que Miguel ainda não entenda muito bem o que isso significa.

Fico pelo menos uns quinze minutos naquele banheiro, e quando resolvo voltar para o quarto, o choro chega na portinha mais uma vez. Vejo uma cena que tinha tudo pra ser linda, se fosse uma mala para uma viagem em família, mas como não é o caso, a cena se torna um tanto quanto triste.

Miguel está ajudando o pai a colocar algumas roupas numa pequena mala. Fernando dobra e ele guarda direitinho dentro da mala. Que dupla linda!!! Os mais lindos que ja vi na minha vida.

O dia se arrastou. Almoçamos em silencio absoluto. Rosa e Maria sentiram o clima horrível naquele apartamento. Rosa me abraçou apertado quando fui na cozinha pegar suco para o Miguel, ela disse que tudo ficaria bem, e eu acreditava nisso também. Eu só queria saber quando. A verdade é que aquele momento era o começo de um dos mais dolorosos. Fernando iria sair de casa.