Segue o baile!

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TRÊS MESES DEPOIS

Escuta-se muito sobre seguir o baile, com esses meses eu pude perceber que depois de uma separação seguir o baile não é nada fácil. É mais difícil do que eu imaginava. Seguir o baile, pra mim, foi quase impossível. Minha vida seguia um ritmo, pense em um ritmo que você ama, que te faz acordar feliz e animado, esse era minha vida, meu baile. Eu vi tudo se perdendo, fui escutando a música animada e feliz diminuindo cada vez mais, até que parou de vez, não restou nada, durante três meses eu tentei seguir o baile e quem me ajudou e fez tudo caminhar, foi meu filho. Seguir o baile pra quem está de fora, é fácil, difícil é comandar e fazer seguir pelo caminho certo. Eu segui, com 5 quilos a menos e noites mal dormidas, mas segui, com crises de choro, mas pelo Miguel eu segui.

Fernando estava magro, barba ainda maior que o normal, estressado como nunca. Não estávamos bem e isso era visível para todos os amigos e familiares. Nosso contato era normal, coisas da empresa, do Miguel, ele não deixou de ser um pai presente, acho até que melhorou, pois se mostrava mais atento aos horários do filho e dizia todos os dias: "Miguel, papai te ama!"

Meu filhote apesar de novinho entendia que algo estava errado, pois nos primeiros dias me perguntava:

"- Cadê papaizão? Vou esperar ele chegar."

Como era difícil responder a essa pergunta, eu sentia um nó na garganta toda vez, não só por ter que explicar para uma criança de quase três anos, mas era triste responder que o papaizão precisou se mudar por um tempo, mas que não deixou de nos amar e mesmo longe estava cuidando de nós.

E isso não era mentira, eu sabia que Fernando mesmo de longe se preocupava, Rosa me contava todas as vezes que ele ligava e perguntava não só do Miguel, mas perguntava também de mim, se eu estava me alimentando direitinho, se estava focada no TCC, afinal eu estava prestes a me formar, perguntas até que ele fazia pra mim, mas ele sabia que Rosa contava tudo, era super sincera, quando eu não almoçava ou não queria jantar, a danada contava. Parece meio bobo, mas eram pequenos cuidados que demostrava a importância que eu tinha pra ele. A verdade é que quando eu e o Nando estávamos no mesmo lugar, eu sentia o amor gritar por nós, eu sentia algo tão forte, algo inexplicável, que eu penso que todas as pessoas deveriam sentir isso por alguém pelo menos uma vez na vida. Por noites e mais noites me questionei sobre esse sentimento, se a gente se ama tanto e sente que isso é verdadeiro, onde estamos errando? porquê estamos separados? Pra que sofrer com essa separação? Eu procurava respostas com meu travesseiro molhado, pois sempre foi ali, no meu canto, depois de cuidar de tudo, que eu desmoronava.

Laís tentou de todas as formas se desculpar, me mandava várias mensagens, queria até conversar com Fernando e admitir sua culpa, o que neguei na mesma hora. Eu a desculpei sim, mas deixei claro que jamais conseguiria ser a mesma, a culpa da minha separação não era dela, mas ela traiu minha confiança, e isso é um caminho sem volta, na maioria das vezes.

João completou seu papel de moleque e sumiu, evaporou.

Com o passar do tempo, não tenho dúvidas de que fui amadurecendo e enxerguei que não podia afundar, de jeito nenhum, nem deixar minha vida se tornar um mar de sofrimento, era triste sim, doía sim, mas o tempo estava passando e eu precisava focar nos meus projetos, que por sinal, estava uma loucura. Casamento da Amanda se aproximando, festa de três anos do Miguel, e o final do meu curso de administração. A empresa em BH estava a todo vapor, não deixei de trabalhar com Fernando, e também por isso tínhamos muito contato. Tinha dias em que eu ficava enfurnada no escritório a tarde inteira e só saia já bem tarde da noite, tanto em casa quanto na empresa.

Era sexta-feira á noite, noite da badalação para alguns, mas não pra mim. Aproveitei que Miguel foi passear na praia com Maria, após passarmos a tarde juntos e fui revisar meu TCC e salvar algumas imagens. A minha sorte é que não era mais precisar apresentar para bancada dos professores. Agora era só montar nosso stand no corredor da faculdade e responder as dúvidas se caso os professores presentes, perguntassem. Eu fiquei tão aliviada, pois nunca fui tão boa pra falar em público, e aquilo já estava tirando meu sono. Tá certo que eu perderia um sábado inteiro na faculdade, mas faltava tão pouco pra pegar o diploma que isso se tornou apenas um detalhe. Eu teria muitos sábados, formada, pela frente.

Aconteceu! E agora? II (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora