Aconteceu! E agora? II (DEGUSTAÇÃO)

Telefone?

No primeiro instante, levei um susto com a animação do João.

Quer dizer então que ele estava atrás de mim? Pra que? – Me questionei.

Passado o susto com sua recepção, abri um sorriso.

-Está atrás de mim, é? – Perguntei num tom de brincadeira.

-Posso dizer que sim - Disse, ainda com sorrisão no rosto

João abaixou, ficando do tamanho do Miguel.

-E aí amigão. Lembra de mim? Jão, amigo da mamãe.

Miguel sorriu pra ele...

-Migo da mamãe mô?

-Isso.

Ainda abaixado, João me olhou

-Ele te chama de mô?

-Chama. Meu marido vive falando mô pra lá, mô pra cá, e ele acabou aprendendo.

-Que maneiro!!!! Seu filho é um bebê lindo mesmo.

-Eu sô apaz - Miguel falou irritado.

João deu uma gargalhada e eu ri junto.

-Desculpa. Tá certo. Você é um rapaz lindo. Tá bom?

Meu filhote fez que sim com a cabeça e começou a me puxar pela mão. Estava louco pra se embrenhar no meio das outras crianças e assistir a peça.

-Mamãe já vai...

Olhei para o João.

-Você já está indo embora? – Perguntei.

-Não. Enquanto o Miguel assiste á peça, podemos conversar. O que acha?

-Tudo bem. Deixa eu colocar ele sentado na lá frente.

João nos acompanhou e eu consegui um lugar para o Miguel bem de frente do pequeno palco. Na verdade, ele achou praticamente sozinho. Já estava craque.

-Como você tá? – João perguntou assim que parei ao seu lado.

-Bem e você?

-Também. Andou meio sumida daqui?

-Um pouco. Semana passada minha mãe chegou de viagem e acabei não trazendo o Miguel, viajei durante a semana... Não tinha como perder a peça hoje né? Miguel gosta muito e é bom que distrai ele.

-Sogra Márcia está no Rio? – perguntou sorrindo.

Eu dei uma gargalhada com o "Sogra Márcia". Ele brincava chamando minha mãe assim.

-EX-sogra Márcia está no Rio sim.

-Ah sim. Desculpa. Ex, isso mesmo. Mas que legal, hein.

-Muito legal. Sinto muita falta da minha mãe, do meu pai também.

-Imagino. Sempre bom ter a família por perto.

João ficou me olhando e se fez o silêncio entre nós, só se escutava o teatro e as crianças rindo e respondendo ás perguntas que faziam. João me lembrava uma época boa da vida, uma fase de muitas festas e poucas responsabilidades. Mas nem de longe se comparava com a felicidade da minha com Miguel e Fernando. Mesmo com o casamento balançado, o meu amor nunca deixou de ser amor ou se tornou menos amor. Por isso, Fernando sim era a parte mais linda da minha história. Fernando e meu Miguel.

-Estava atrás de mim pra quê? – Perguntei quebrando o silêncio entre nós.

-Queria seu telefone.

-Meu telefone? – Perguntei como se ele tivesse pedido algo anormal.

-É ué. Seu número. –Disse calmamente.

- Pra que? – Perguntei sem pensar.

Ele me olhou surpreso, mas sorriu.

-Calma, calma! Eu só queria...

-Desculpa, João. Saiu sem querer. – Fiquei sem graça.

-Tudo bem. Você lembra das minhas primas? Vitória e Cecília.

-Claro que lembro. Eu era super grudada com a Ceci. Nossa!! Agora que você falou bateu até saudade dela. Acredita?

-Então, eu comentei com elas que esbarrei com você e elas estão insistindo a beça para marcarmos algo. Um bate-papo, sabe?

-Sei, claro. Seria bem legal mesmo.

João me olhou um pouco mais sério.

-Não quero causar problemas, Manu.  Se você não puder me passar seu número, eu vou entender. Tem homem que é inseguro mesmo, né? Cria caso por pouca coisa.

Achei aquele papo de 'homem inseguro' muito estranho. Ele estava querendo insinuar alguma coisa? Me incomodou um pouco.

-Ah imagina. De inseguro meu marido não tem nada, ele sabe a mulher apaixonada que tem. Só achei estranho mesmo, mas sem problema, anota meu número aí e pode marcar o bate papo. Eu vou adorar rever suas primas.

-Ótimo. Eu vou falar com elas e te falo o dia. Vou marcar o mais rápido possível – João estava com um sorriso sapeca no rosto.

Nosso papo ainda durou um pouco mais, por várias vezes João me deixou sem jeito com seus elogios. Óbvio que toda mulher que gosta de ser elogiada, sem dúvidas, mas por algum motivo elogio atrás de elogio passou a me incomodar um pouco.

Antes mesmo de acabar o teatrinho, João se despediu e foi embora.

Cheguei em casa por volta de 21h com meu pequeno. Minha mãe estava na sala assistindo á um filme.

-Vou dar banho nele e volto pra gente conversar. – Falei depois do meu filhote ter dado um beijo na avó.

Depois do banho, ainda tive que ficar de papo com ele na cama. E no meio do nosso papo, Fernando ligou. Falamos um pouco e eu passei o telefone pro Miguel que fez mil perguntas ao pai e ainda contou que encontramos João no shopping. Quando peguei o telefone pra me despedir, a pergunta que eu já esperava, foi feita:

-Quem é João, Manu? É a segunda vez que Miguel fala esse nome.

LIVRO DA MAYA ATUALIZADO.

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Segue lá.