Ajeitei meu cabelo e minha blusa. Precisei respirar fundo e me abanar várias vezes antes de ir pra sala. Abri a porta já sabendo quem era, escutei a voz do Miguel explicando alguma coisa para o vovô.
-Oiii – Falei, animada, mas eu sabia que estaria muito mais se tivesse agarrada á Fernando naquela cozinha.
-Mamãe – Meu filho correu e se embrenhou nas minhas pernas.
-Boa tarde, Manu. Tivemos que voltar, ele esqueceu o famoso mamanco. – Meu sogro explicou, entrando.
-Parabéns, minha filha. Fernando contou que sua tese foi aprovada.
Recebi um abraço carinhoso dos dois.
-Ele já foi?
-Não. Está no banheiro. – Respondi, rindo por dentro, lembrando que ele não tinha condições de aparecer para atender os pais.
Eles entraram, sentaram no sofá, enquanto Miguel, depois de me dar beijinhos, entrou pra pegar seu boneco.
-Já almoçaram? - Perguntei, antes de sentar na poltrona.
-Já sim.
Eu achei que fosse ser uma passada rápida, dessas que a gente só entra realmente pra pegar o que esqueceu, mas não foi, meus sogros passaram o resto da tarde no apartamento. Decidiram ficar até a hora que Fernando disse que iria para o flat se arrumar, desceram todos juntos, inclusive meu filhote que passaria a noite com os avós, mas antes deixamos combinado que Fê passaria pra me buscar, ao invés de irmos em dois carros.
Quando entrei embaixo do chuveiro foi um alívio sentir a água gelada amenizando meu fogo, mais um pouco sairia fumaça. Dizer que o banho apagou completamente é mentira, afinal, só quem poderia fazer isso era meu marido, era o único jeito, mesmo que por diversas vezes eu tenha refletido sobre matar esse desejo e não resolver de fato a situação, aquela altura a saudade que eu estava de seu corpo estava falando mais alto. E eu não sabia bem o que a noite prometia, além de uma pequena farra na casa de minha amiga. Mesmo não tendo certeza de como seria a comemoração a dois, eu, malandramente, escolhi uma lingerie bem bonitinha e pequena. Fui preparada, né? Vai que...
Nando foi super pontual, chegou até alguns minutinhos antes, mas eu já estava pronta.
Entrei no carro e reparei como ele estava maravilhoso, com uma bermuda branca que eu adorava, blusa azul e sapa-tênis.
-Sempre linda e cheirosa – Elogiou.
-Obrigada. –Sorri – Amo essa bermuda.
-Eu sei.
-Querendo me seduzir? – Brinquei.
-Quem sabe – Fez charme.
Nós rimos juntos, mas foi só isso. Embora os dois quisessem, estava claro, ninguém avançou para tentar um beijo.
-Tem certeza que quer ir pra casa da Amanda? - Perguntou, quando paramos no sinal.
Olhei pra ele intrigada. Ele sabia que não tinha como faltarmos, nossa noivinha ficaria desapontada.
-Tô brincando - Se adiantou, antes que eu pudesse responder.
Mas eu resolvi atiçar:
-A noite está só começando.
Seu olhar malicioso disse tudo, ficou ainda mais evidente o quanto ele também queria ficar entre quatro paredes comigo. Ou melhor, ele já tinha deixado claro á tarde. A tensão estava grande entre nós dois.
Fomos pontualíssimos com o horário, fomos os primeiros a chegar. Amanda e seu futuro esposo nos receberam com abraços, estavam a felicidade em forma de gente, e não era pra menos, a casa era uma gracinha, o quintal grande, com uma piscininha e churrasqueira, do jeito que Gael sempre quis. Eu ainda não tinha entrado na casa, eles tinham se mudado a pouquíssimo tempo e nem com todos os móveis ainda estavam, coisa que atrasou e deixou minha amiga bem chateada, mas ela não quis adiar a reunião e aquilo virou apenas um detalhe. Ela sabia que em breve, tudo estaria no lugar, ainda mais arrumadinho. A casa era aconchegante, perfeita para os dois, e quiseram dois quartos já pensando no futuro quando fosse a hora de encomendar um bebezinho.
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Aconteceu! E agora? II (DEGUSTAÇÃO)
RomanceDois anos e meio passaram num piscar de olhos. Depois do casamento tantas coisas boas aconteceram, tantas mudanças, descobertas, com muito amor presente em todos os momentos. Fernando era um marido incrível, sempre me tratando com muito amor, cuidad...