Aconteceu! E agora? II (DEGUSTAÇÃO)

Ele sabe demais!

Na sexta-feira á noite, arrumei Miguel e fui para o teatrinho com ele. A verdade é que eu já não aguentava mais aquelas músicas, mas Miguel simplesmente amava. E minhas férias estavam chegando ao fim, então eu queria fazer a alegria do meu pequeno.

Eu acabei não respondendo a mensagem do João, e achava melhor não esbarrar com ele. Apesar de João ser um cara agradável, simpático, e brincalhão, eu sentia, ás vezes, algo estranho no seu olhar, nos seus elogios, e aquilo me incomodava de verdade.

Chegamos ao shopping, e dessa vez, depois de colocar Miguel para assistir á peça, eu fiquei num cantinho mexendo no celular.

Aproveitei e mandei uma mensagem pro Nando.

"Você vem no shopping, amor?"

Minutos e mais minutos ali, crianças e mais crianças. Algumas do tamanho do Miguel, outras maiores, mamães e papais com seus bebês. Definitivamente dia de sexta era o dia das crianças naquele shopping.

Dei uma olhada no celular.

Nenhuma resposta do Nando.

Quando a peça chegou ao fim, Miguel ainda quis ficar brincando com uns meninos da idade dele, e eu acabei ficando de papo com as mães. Papo vai, papo vem, no meio da conversa, avistei João vindo na direção do palco. E o pior, ele estava com um embrulho e um buquê de FLORES.

Aquilo não podia ser pra mim!

Continuei o papo e fingi que não o vi. Mas obviamente aquilo não funcionou.

João chegou até nós e foi super simpático não só comigo, mas com todas as mamães.

-Cadê meu amigo Miguel? – perguntou pra mim.

-Bem ali – Apontei.

João chamou ele, que veio todo animado. Ficou todo bobo quando João lhe deu o presente.

Olhou pra mim, com um sorrisão.

-Aqui mãe mô.

Pedi licença ás mulheres e fui ajudar ele a abrir.

-Como se fala, Miguel?

-Bigado

-De nada, meu amigo.

João virou pra mim

-E isso aqui é pra mamãe mô – Disse me dando o buquê.

Me senti muito sem jeito. Aquela situação toda fez eu me sentir um pouco mal. Será que eu estava sendo mal interpretada pelo João? Será que estava parecendo que eu queria algo? Mas nunca nem o elogiei. Sempre falei do meu marido...

-Ah!...Não precisava...

-Como fala, mamãe? – Disse meu pequeno.

Nós rimos do abuso do meu pirralho.

-Obrigada, João.

Eu estava muito desconfortável.

Depois de abrir o presente, Miguel fez questão de ir mostrar para os amigos. Era um boneco grande, com três espadas diferentes.

Assim que meu filhote voltou para onde estava os amiguinhos, eu tive que ser sincera.

-João, agradeço muito o carinho que você tem com o Miguel, agradeço o presente e o buquê, mas eu não posso aceitar. Meu marido confia em mim, mas ele pode não gostar que eu chegue em casa com flores e eu prefiro aceitar só as dele.

Assim que eu terminei de falar:

-Já está tudo bem entre vocês? Ele voltou pra casa?

Aquilo me fez gelar. Como assim? Eu nunca comentei da minha crise no casamento com João. Que eu me lembre, nunca sequer comentei que Fernando saiu de casa por uns dias. Meu Deus! Como ele sabia da minha vida? Como?