Aquela manhã despertou com um gostinho especial, era dia 23, dia do Nando voltar de viagem. Acordei bem cedo, mas eu já sabia que ele só chegaria á tarde. Eu ansiava pela nossa conversa, queria muito tê-lo de volta dormindo e acordando em nossa cama.
-Bom dia - Cumprimentei minha mãe, que já estava acordada, lendo uma revista.
Dei lhe um abraço e um beijo.
-Bom dia, filha.
-Dormiu bem? - Perguntei, sentando á mesa.
-Muito. Seu pai ainda está lá roncando. - Riu, antes de dar um gole no café.
-Deixa ele. - Falei, me espreguiçando.
-Fernando volta hoje, né?
-Volta – Minha expressão mudava toda vez que eu lembrava, era mais forte que eu.
-Você ama mesmo ele, né, Manu? - Não soou como uma pergunta, e sim uma afirmação. Ela ficou me observando.
-Claro, mãe. - Respondi, pegando uma torrada.
-Eu sei, te acho tão diferente quando fala dele, sempre achei, desde o primeiro dia.
-Falo apaixonada - Concluí.
-Isso, mas fica com um brilho no olhar, um sorriso, você já teve alguns namoradinhos, não vamos esconder os fatos, e eu nunca te vi assim. Você parecia meio desapegada, sei lá.
-Mas já sofri a beça. - Recordei.
-Coisa de dois dias, depois esquecia e estava em outra. - Retrucou - Com o próprio João...
-Nem fala esse nome, por favor. - Pedi, fechando a cara. Só de lembrar me dava ânsia.
-Enfim, eu gosto de te ver assim, com esse brilho diferente, é bom. - Sorriu.
-Você não sabe como eu tenho agradecido por esses dias, mãe, por tudo estar voltando ao normal, por esse brilho, que você diz e eu sinto, estar voltando...
-Posso imaginar. E por imaginar tudo o que passou que eu fico mais feliz ainda de te ver bem.
Nosso papo da manhã foi bem amorzinho, meu pai e Migue acordaram um pouco mais tarde. Fomos almoçar na praia, e já quase ao fim do almoço, recebi uma mensagem do Nando, não tínhamos nos falado pela manhã. O conteúdo não era o que eu esperava.
"Boa tarde, princesa. Vou chegar mais tarde que o previsto, acho que vou passar no apartamento só amanhã, não fique aborrecida. Assim que eu chegar, te ligo"
Aborrecida não era a palavra certa, mas se eu disser que não fiquei desapontada, estarei mentindo. Fiquei BEEEEEM desapontada, criei aquela baita expectativa para sua chegada e... nada feito. O coração teria de aguentar mais um pouco. Acho que mesmo sem querer, minha cara mudou na mesma hora, pois meu pai percebeu:
-Aconteceu algo, Manu? - Perguntou, levantando. Já estávamos indo embora.
-Nada demais. Fernando deve voltar amanhã, só isso. -Contei, tranquila.
-Vai voltar só na véspera de Natal? - Minha mãe estranhou.
-Viagem de negócios é assim mesmo, sempre surge alguma coisa em cima da hora.- Meu pai parecia querer me consolar.
-Verdade.
Bem que dizem que é melhor você criar porcos, galinhas, qualquer outra coisa que não seja expectativa, porque se sentir frustrado é muito chato. No caminho pra casa, fomos falando sobre outros assuntos e eu acabei distraindo. Aquele imprevisto não era nada diante de tudo o que já tínhamos passado, eu podia esperar mais um pouco. Pelo visto ele chegaria já pra festa natalina.
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Aconteceu! E agora? II (DEGUSTAÇÃO)
RomanceDois anos e meio passaram num piscar de olhos. Depois do casamento tantas coisas boas aconteceram, tantas mudanças, descobertas, com muito amor presente em todos os momentos. Fernando era um marido incrível, sempre me tratando com muito amor, cuidad...