Capítulo 5: Dinastia Corvus

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Enzo, três conselheiros, e um esquadrão da guarda estavam lá, fora do castelo, nos grandes exuberantes portões negros ornamentados minuciosamente com símbolos sagrados do nosso clã, na muralha e torres havia vários vampiros postados ao primeiro sinal de ataque, tinha que reconhecer: eles delinearam um forte perímetro de segurança sem mim, mas será que seriam capazes de deter esse bando de cães?

A batalha passada começava a instigar dúvidas na minha mente, mas eu tinha que relaxar e confiar, não podia entregar-me ao medo desse jeito, se eu que era a chefe da guarda dava-me por vencida, quem diria os outros?

Com isso em mente respirei fundo e inspeccionei o lugar procurando por formas de escape. Isso tinha que acabar, era suposto terem ascendido Sahara ontem na cerimónia de lua vermelha, mas será que os conselheiros conseguiram desperta-la com toda aquela confusão?

Uma parte de mim queria ver Sahara acordada, mas outra parte receava sua reacção e desapontamento ao encontrar uma batata quente dessas no meu regime, afinal eu era a general, era meu dever manter Asta salva ante ataques.

E eu falhei.

Enfim, em todo caso, esperava pelo melhor. Que a deusa Lunar nos protegesse, como se, Lunar tinha tanto poder nessa situação quanto eu, mas ensinamentos cravados em você a décadas sem fim eram difíceis de esquecer num minuto, e Samuel ensinou-me a orar pelas bençoes dos deuses, como ele dizia: mesmo que nesse momento eles estejam dormindo não quer dizer que não oiçam nossas preces.

Meu olhar cravou em Enzo e o olhar que ele lançou disse-me tudo que eu precisava saber. Estava lascada. Enzo olhava-me como se tudo isso fosse minha culpa, como se eu que tivesse chamado os lacaios as nossas portas e deixasse elas abertas para eles invadirem e ridicularizarem nosso povo. Como se eu tivesse me entregado de braços abertos a Bruno.

Isso irritou e cruzei o olhar também a ele. Por isso e outras que nós nunca daríamos certo. Definitivamente. Como se sobrase alguma sombra de dúvida. Nunca mais Enzo. Esquece. Mesmo se ele tirasse-me dessa encruzilhada toda.

O rosnado ao meu lado sobressaltou-me de pensamentos nocivos a Enzo. Distrai-me por um segundo e os lacaios já estavam transformados, prontos para a guerra e raivosos, mal se contendo para provar um pedaço de sangue vampírico.

Se eles estivessem só um pouco dentro do perímetro, seriam exterminados da face da terra, mas não, os espertinhos estavam encobertos pelas árvores e com visão privilegiada da força inimiga. Touché Bruno, touché.

Um lobisomem olhou para mim com aqueles olhos dourados raivosos e rosnou gravemente, mas Bruno que não tinha voltado a sua natureza lupina silenciou ele com um só olhar duro. Definitivamente Alfa. Com má vontade o lobisomem deixou de ameaçar-me e concentrou-se em meus companheiros vampiros.

Confesso que estar no meio de lacaios nervosos e a beira de um surto pela mera gota do meu sangue deixou-me inquieta, mas o que eu poderia fazer? Simplesmente relaxar, respirar fundo e acreditar piamente que nada iria acontecer porque eu era uma fodida boa guerreira, mesmo sem minhas platinadas era uma força a ser reconhecida. Levaria um grande número comigo antes de mandarem-me ao inferno. Boa garota!

Além de que era carga preciosa por enquanto e Bruno aqui ainda precisava de mim. Viva.

Medo? Em circunstância algum. Enterrar bem fundo e fingir que não existe, porque se esses lobisomens sentissem uma gota sequer do cheiro... acabou. Nem Bruno conseguiria salvar-me. Não existia melhor motivação para perseguição que o odor do pavor expelido de nossos poros para ambas as raças.

Senti a respiração de Bruno nos meus cabelos, coisa que arrepiou-me toda, mas subjuguei as reacções do meu corpo. Não tendo tempo suficiente para recuperar do seu assalto senti seu braço poderoso agarrar meu pulso e puxar-me para seu lado.

A Maldição do Sol e Lua: Lua de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora