Capítulo 11: Ninho de Cobras

3.6K 343 19
                                    

O homem (lobisomem) que vinha descendo deliberadamente cada degrau da longa escada como se tivesse todo tempo de mundo e o sol não estivesse a passos de fritar-me, enquanto poderia muito bem em segundos estar aqui olhava-me com interesse sadomasoquista. Ele queria assustar-me com sua chegada lenta e triunfal, num passo seguro e animal, a caça, a espera, circulando.

E para dizer a verdade eu estava assustada: estava em território hostil, presa, sem força, Bruno não se encontrava em lado enho, preocupada com ele. Era mil e uma emoções tomando conta de mim, mas mesmo assim não desviei o olhar do Thor que vinha descendo as escadas com um sorriso triunfante e alegre, como se a tempos não botasse as mãos num brinquedo novo e seu alfa não estive em perigo.

- Respire fundo, - Christian desviou-me do meu alvo e olhei lhe desorientada.

- Respire fundo, - repetiu olhando nos meus olhos, sabendo exactamente o que eu sentia e segui seu conselho. – Não tenha medo.

- Eu não estou com medo. – Neguei venereamente.

Ele só esboçou um sorriso, - certo. Mas mesmo assim, saiba que nenhum mal aconteça-te até que Bruno volte.

- E se...

- Nem penses em uma coisa dessas. – Cortou-me. - Porque aí, não seria só você que estaria perdida. – Do que ele estava falando? Christian, às vezes parecia muito... sei lá, aéreo demais ou sábio demais, ou louco mesmo. Não dava para decidir.

- Vamos? – Disse, saindo do carro.

Abriu a porta pra mim.

- E o sol? – Perguntei temorosa olhando para o horizonte onde o grande inimigo vermelho nascia para acabar com a festa.

- Ainda temos alguns minutos. – Acenei.

Em pouco tempo aprendi a confiar no lobisomem, se ele queria ferrar-me, então era bom pra caramba na lábia. Sendo assim, sai elegantemente e parei a espera do lobisomem que ainda vinha a nós cheio de si.

- Aquele é Theo, irmão do alfa Bruno e Beta, — segundo em comando, Regente para vocês, vampiros — e também presidente do conselho. – Segredou Christian nas minhas costas.

Fodas! O membro mais alto do clã vinha receber-me, não sabia o que dizer disso. Respeito ou condenação?

Engoli saliva discretamente e mantive meu passo altivo encarrando o alvo. – Não tenha medo dele, e mesmo se tiveres, mascarre, não há nada que de mais prazer a Theo que o gosto de terror em suas vítimas.

Arfei não conseguindo esconder meu temor. – Respire fundo. Acalma-se e esteja segura que ele não pode fazer muito para prejudicá-la.

E com isso segui suas instruções, se esse Theo era o pesadelo que Christian o fazia ser, então era melhor eu personificar a minha mais pura chefe da guarda de Lunar, a inderrotável como chamou Bruno, que não tinha medo de nada nem ninguém, isso antes de ser capturada, humilhada, renegada e envolvida nessa medalhada toda.

Mas enfim, o mundo não era justo com ninguém. Cada um com sua sina, cada um sua cruz.

E meu papel nesse momento era carregar bem alto minha cruz e não deixa-la cair, por nada. Seja forte Bianca! Estiquei a coluna, empinei o nariz e esperei. – Isso. – Christian deus os parabéns discretamente.

Finalmente o lacaio veio a nós e seu olhar avaliou-me de cima para baixo, - então és a terrível Bianca, criada por Samuel, a chefe da guarda da casa Corvus? – Não respondi. – Um tanto pequena e frágil para meu gosto.

- Não dirias isso se estivesse com as mãos soltas. – Retruquei não conseguindo segurar a língua.

Ele parou por um momento e sorriu, seus dentes afiados como se estivesse ao passo de uma transformação. – Eu gosto de você. Pena que vou ter de quebrar esse espírito.

A Maldição do Sol e Lua: Lua de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora