Capítulo 19

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Assim que meu dedos tocaram a ponta da caixa, o laço se desfaz e a caixa desapareceu no ar. Em seu lugar surgiu uma borboleta. Uma linda borboleta rosa. As pontas de suas asas imitiam uma luz roxa que riscavam e marcavam o ar por onde ela passava. Sorri enquanto meus olhos acompanham seu voo. Ela veio em minha direção e pousou em meu pulso. Encarei fascinada enquanto suas asas se fechavam em torno do meu punho formando uma pulseira e seu corpo se transformava em um símbolo do infinito. Encarei a pulseira com o símbolo que parecia o número 8 e depois encarei Poncho.

- Gostou?! - ele me encarou e parecia ansioso e preocupado.

- É linda! - sorri mexendo o pulso com cuidado, como se a qualquer movimento meu a borboleta fosse criar vida e sair voando de novo.

- Algumas culturas no mundo dos humanos, assim como nós, considera a borboleta um símbolo de felicidade, transformação e imortalidade. Alguns de nós acreditam que quando morremos nossa alma retorna como uma borboleta sempre cuidando das pessoas que amamos e deixamos para trás. - sorri encarando minha pulseira. - Eu queria te presentear com algo que representasse o quanto você significa pra mim e tudo o que eu sinto por você. - Poncho ergueu meu rosto e me fez encará-lo. - Você surgiu na minha vida como uma borboleta, Any. Me trouxe alegria e me transformou em alguém melhor. Foi a primeira pessoa que olhou pra mim e viu algo de bom. Você me deu força e coragem, acreditou em mim em momentos em que eu mesmo duvidei da minha capacidade. Você mudou o que eu sentia por você... Essa borboleta representa tudo isso e que sempre, de onde eu estiver, sempre vou cuidar de você. E o símbolo do infinito é meu amor por você. Ele pode até se transformar em algo maior, mais intenso e até render frutos. Mas nunca vai deixar de existir. Eu amo você, Any, vou te amar eternamente.

Poncho acariciou meu rosto enxugando minhas lágrimas que agora não paravam de escorrer. Eu sentia meu peito se comprimir de tamanha alegria. Uma felicidade tão grande que eu não tinha palavras pra expressar o que eu sentia. Tudo que eu queria dizer à Poncho momentos atrás haviam desaparecidos. Nada do que eu dissesse à ele se igualaria às suas palavras e ao que ele acabara de fazer por mim.

- Quando... Quando eu descobri que era uma bruxa. - respirei fundo tentando encontrar as palavras. - Eu fiquei com muito medo. Eu sai daquele trem me sentindo a pessoa mais perdida e sozinha do mundo. Eu não tinha mais ninguém, as únicas pessoas que eu amava tinham me virado as costas. O mundo ao qual eu achei que pertencia, não era mais meu e eu fiquei com medo de também não pertencer a este mundo. De não ser aceita e amada. E então no meio de todos aqueles rostos desconhecidos você apareceu. - sorri me lembrando do garotinho de óculos que oito anos atrás me ajudara com as bagagens. - Você apareceu e foi como se eu tivesse me encontrado. Pela primeira vez me senti parte daquele lugar, algo dentro de mim se acendeu e eu soube que enquanto eu estivesse com você, não estaria mais sozinha. Nada do que eu disser será suficiente pra agradecer tudo o que você fez por mim, hoje e nos últimos oito anos. Dizer eu te amo chega perto, mas nunca será o bastante. - enxuguei o rosto.



Encarei Any mal acreditando no que acabara de ouvir.

- Você me ama? - pisquei atordoado.

Tinha ficado com medo de surpreendê-la ao me declarar e agora eu é quem estava sendo surpreendido.

- Vai acreditar se eu disser que sempre amei você? - ela sorriu timidamente e deu de ombros.

Puxei seu rosto pra perto do meu e a beijei. Não tinha mais sentido seguir adiando aquilo, agora que eu sabia que Any sentia o mesmo por mim. Minha língua pediu passagem por entre seus lábios e não consegui conter o gemido quando ela cedeu, suas mãos envolvendo meus cabelos, brincando com eles.

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