Capítulo 4

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Travis (Primeiro) e Connor (Segundo)

(...)

    Minha cabeça doía muito, meus olhos estavam fechados e era possível ouvir vozes ao fundo, vozes essas que pareciam estar tendo uma discussão.

-Isso é contra as regras...-Alguém diz.
 
-Queremos ganhar, vamos logo.-Uma voz feminina diz, sinto passos indo para longe, e alguém se aproximando de mim.

-Ei, acorde.-Sou chacoalhada, abro os olhos lentamente, seu rosto estava preocupado.

-Oi.-Respondo.-A bandeira...-Digo.

-Não importa agora, é só um jogo, você está bem?-Diz, ele me coloca sentada.

-Minha cabeça dói.-Digo, tocando no local onde doía.

-Não encoste. Consegue andar?-Diz.

-Acho que não interferiu nas minhas pernas.-Digo, confusa.

-Você pode ter tontura.-Diz, me dando a mão e me puxando. Forte de mais, ele estava certo junto com a tontura veio a escuridão breve na visão.-Eu disse.-Ele sorri.

-A água.-Digo. Ele me auxilia até a beira do rio, onde me sento e o toco.-Obrigada, desculpa te atrapalhar na proteção da bandeira.-Respondo, culpada.

-Tá tudo bem, a grande pegadinha era que nos não estávamos guardando a bandeira, apenas deixamos eles pensarem isso.-Ele pisca.

-Inteligente.-Respondo. Escuto um barulho muito alto.

-Vem, vamos ver quem ganhou.-Ele, me da a mão e me ajuda.

    Assim que chegamos, é notório ver Annabeth balançando a bandeira, enquanto Percy e Maia estão emburrados e com os braços cruzados.

-Não é justo.-Resmunga, Maia. Percy, apenas concorda com a cabeça enquanto Annabeth ri, seus olhos se encontram no meu e ela para.

-O que aconteceu?-Ela pergunta seriamente.

-Nada, tá tudo bem.-Sorrio.

-Não me parece estar tudo bem.-Percy, diz.

-Está tudo bem.-Afirmo.

(...)

       Após toda aquela emoção, fui tomar banho e me arrumar para a fogueira. Quando cheguei o clima estava estranho, havia algo de errado.

-O que aconteceu?-Pergunto, baixinho, para Annabeth.

-Não sei ao certo, mas a Maia e o Nico mal estão se falando.-Responde.

-Que estranho.-Digo.

-Eles terminaram de novo.-Diz, Percy.

-De novo? Por quê?-Pergunto.

-Eles são o famoso casal ioiô, sempre terminam por inúmeros motivos que nunca entenderemos, mas dessa vez foi por causa da Elle.-Percy, explica.

-Elle?-Questiono.

-É uma irmã da Maia, ela sempre arrastou asas pro Nico, e a Maia sempre se mordia de ciúmes.-Percy, continua.-Ai, ela viu os dois se abraçando, e ficou brava, eles discutiram e terminaram.

-Que complicado.-Digo. Relacionamentos são tão complicados que me dão medo.

    A Maia senta ao lado de um carinha que estava tocando violão, ele começa a tocar e Maia começa a cantar, ela cantava tão lindamente enquanto olhava fixamente para o Nico, o trecho que mais me chamou a atenção e creio que para todos foi o que dizia "Você diz que quer terminar, então nós terminamos
É um erro, então nós voltamos
E então nós ficamos, você pira
Aqui vamos nós novamente
Você diz que vamos muito rápido, quando você está sóbrio
Então pegue uma bebida, você está vindo
E então nós ficamos, você pira" Nunca imaginaria que um acampamento onde haveriam semideuses gregos aconteceriam coisas como essas, era perceptível o clima mexicano que rondava por ali.
     Em todo momento Nico não tira os olhos dela, que se move lentamente conforme a melodia da música, ela é a pessoa que eu quero ser quando crescer.

-Como está sua cabeça?-Connor aparece do meu lado, me fazendo pular se susto.

-Meus Deuses!-Digo. Ele dá risada.-Doendo, não me dê sustos.

-Desculpe.-Ele diz.-Não parece novela?-Ele diz olhando pra Maia.

-Sim, é tão engraçado, me da vontade de acompanhar o resto.-Eu dou risada.

-Quer dar uma volta?-Ele sugere.

-Claro.-Digo, me levanto e bato no meu short afim de tirar a sujeira.

    Nos levantamos e começamos a caminhar, a lua estava linda, iluminando todo o acampamento o deixando cada vez mais belo.

-Mas e então?-Ele, pergunta.-Me conta de você.

-Eu não tenho muito o que contar, tenho a vida mais sem graça do mundo.-Digo.

-Você é filha de Deuses.-Ele diz o óbvio.

-Bom, é a única coisa de diferente que aconteceu.

-Me conta.-Ele insiste.

-Eu achava que era órfã, tinha poucas amigas quando criança, a maioria foram adotadas, chegando uma parte da minha infância ser bem solitária, estudei, sofri bullying no colégio. Depois fui expulsa do orfanato, e me virei.-Digo, fazendo um breve resumo.

-Uau, e como você vivia? Antes daqui.

-Quando eu saí do orfanato, eu fiquei desolada, fui pedir dinheiro na rua, aconteceram coisas, e eu saí da Australia.-Digo.

-Por que saiu de lá?-Diz.

-É uma parte delicada, que talvez eu te responda futuramente.-Sorrio sem graça.

-Eu sinto muito, mesmo você não me contando parece ser algo bem doloroso.-Ele diz, me abraçando de lado.

-Tá tudo bem, eu superei.-Minto.

-E nunca se apegou a ninguém?-Pergunta.

-Bom, uma vez, digamos que foi uma experiência ruim, então eu acho que fico melhor sozinha, não sei ter relacionamentos com as pessoas, de nenhum tipo.-Digo.

-Como tudo na vida, você vai aprender, não julga os relacionamentos por causa do uma experiência ruim.-Ele diz.

-Sim, mas eu não quero aprender isso, porque sempre há dores, e tenho dores de mais.-Digo, colocando a mão na cabeça. Ele pega uma bolsinha e me dá.

-Coloque em baixo do travesseiro antes de dormir, os filhos de Hipnos fizeram pra mim, caso tenha problemas pra dormir por causa da dor.-Ele coloca os dedos levemente na minha cabeça.

-Obrigada, dói.-Digo, me retraindo, pois ele pressionou um pouco mais forte.

-Desculpe, não está tão inchado vai melhorar logo.

-Obrigada, Doutor.

   Pingos de chuva começam a cair do céu, e depois mais fortes.

-Vem, vamos.-Diz, Connor.

-Tá brincando? A chuva lava a alma, não se molhar nela é quase um crime.-Explico. Fecho os olhos prestando atenção na sensação que as gotas me transmitem ao baterem em meu corpo.-É incrível.

-Você pode ficar doente.-Ele diz.

-Talvez, mas vai valer a pena.-Sorrio.

(...)

Semideusa: A Filha de Poseidon e AnfitriteOnde histórias criam vida. Descubra agora