Capítulo 13

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(...)

   Depois de estar alimentada e devidamente limpa, me sinto um pouco melhor.
    Bato na porta e escuto um "entre", ao entrar vejo Connor na cama e Travis dormindo na poltrona, deja vu.

–Oi, como você está?–Pergunto. Ele sorri.

–Mesmo aqui, ainda sinto o frio.–Ele diz, me sento ao seu lado.–Estou feliz de poder voltar pra casa.

–Vamos voltar quando?–Questiono.

–Hoje, mais tarde. É uma pena não termos aproveitado esse lugar tão bonito, mas mesmo presos, eu consegui conhecer você melhor e ter certeza de que eu gosto de você.–Ele diz. Eu arregalo os olhos, tenho medo de tudo dar errado.–Ei, calma, não precisa me responder, eu só quis ser sincero.

–Eu fico feliz que você esteja bem.–Digo e me levanto.

–Espera. Como tá a cabeça?–Ele questiona. Expresso confusão.–Bateu a cabeça quando desmaiou.–Ele diz. Coloco a mão na minha cabeça e percebo uma leve elevação, não doía muito.

–Acho que está bem. Estou realmente feliz por você estar bem.–Digo e ele sorri.

   Saio do quarto atordoada, simplesmente não consigo mais confiar em alguém desse jeito.
  Esbarro em alguém, Loki.

–Hm... Eu queria agradecer por ter nos salvado.–Digo.

–Tanto faz.–Ele diz e sai andando. Sem educação.

(...)
 
   Bom, finalmente, depois de uma viagem longa, sequestros, monstros de gelo e Deuses nórdicos, voltamos ao acampamento, com o nosso cotidiano nada normal, mas menos agoniante do que estar sequestrada.
Me deito na cama e respiro fundo, fecho os olhos e só consigo pensar no Connor. Deuses, preciso de ajuda, eu quero me permitir gostar de alguém novamente, sem que a pessoa me destrua ou me manipule.
  Ando até o campo de morangos, a procura da Maia, a vejo em cima da árvore, com sua habitual cesta comendo morangos.

–Oi, Maia. Cê tem um minuto?–Questiono incerta. Me sento embaixo da árvore, ouço ela descer.

–O que foi? Está estranha...–Ela indaga enquanto come os morangos.

    Mordo o lábio meio incomodada.

–Bom... Hipoteticamente, se eu gostasse de alguém, mas não conseguisse me permitir gostar, o que eu poderia fazer pra mudar?–Questiono olhando pro lado.

–Primeiramente, você precisa estar disposta....–A olho.–Hipoteticamente, tenta conhecer bem a pessoa e vai avançando aos poucos, com calma, sem forçar, quando for pras coisas acontecem vão acontecer, tenta só deixar rolar, ok?–Ela diz.

–Okay, mas hipoteticamente né.–Digo brincando com o cabelo.

–Claro, hipoteticamente.–Ela diz rindo.

–Como está as coisas entre você e o Nico?–Pergunto tentando mudar de assunto.

–Complicadas, como sempre.–Ela diz meio distante.

–O que tá te incomodando?–Questiono. Ela sorri desanimada e se levanta, começando a colher os morangos e os colocando na cesta.

–Eu tô confusa, sabe? Sinto falta das pessoas que conheci na outra vida, fico triste lembrando dos meus amigos, nem sei que fim eles levaram. Eu sabia de muita coisa e sinto que falhei com eles, porque poderia ajudá-los.–Ela diz e passa as mãos pelos cabelos.

–Você não teve culpa de ter sido assassinada, ok? Infelizmente aconteceu, você errou, as pessoas erram, mas nessa vida você pode concertar eles ou tentar não cometer eles novamente.–Digo, ela suspira.

–Você tem razão, acho que preciso recuperar o tesseract, mas.... Eu não me lembro.–Ela diz confusa.

–Como assim?–Pergunto.

–Eu sei que escondi, mas não me lembro onde. Genial...–Ela diz brava.

–Uma hora você vai lembrar.–Digo.

–Espero que tenha razão. Eu preciso falar com o Nico.–Ela diz, mais pra si mesma.

–Boa sorte.–Digo e sorrio, ela sorri de volta e se despede, indo embora.

   Observo o céu e me deito em baixo da árvore, fecho os olhos e sinto o vento acariciar meu rosto.

–Oi, Nyx.–Escuto uma voz que faz meu coração palpitar... Connor.

–Oi, como está se sentindo?–Pergunto ainda de olhos fechados. Sinto ele se sentar ao meu lado.

–Estou melhorando, a ambrosia tem me ajudado, eu não fiquei desacordado então tomei ela algumas vezes. Obrigada por ter ido me salvar e de ter ficado comigo.–Ele diz, sinto suas mãos no meu rosto. Abro os olhos.

–Fico feliz que esteja se recuperando, mas eu não tive escolha, fui sequestrada.–Digo o óbvio.

–Você me curou, me impediu de morrer, me ajudou, eu serei eternamente agradecido.–Ele diz.

–Não precisa me agradecer. Ainda sente o frio?–Questiono curiosa.

–Estranhamente sim. É como se ainda estivessemos lá, meu corpo não aquece muito.–Ele diz.

–Isso é estranho, deveria ir ao médico.–Digo.

–Não tem necessidade, vou ficar bem. Preparada pra voltar às atividades do acampamento?–Ele questiona.

–Muito pouco, me sinto cansada e sem propósito. Eu preciso conhecer meus pais, tenho tantas perguntas, preciso falar com a mãe da Maia, algo me diz que eu preciso falar com ela.–Digo.

–Eu posso ajudar você, quando nos recuperamos por completo, te levo no Olimpo.–Ele propõe. Sorrio.

–Muito obrigada.–Digo segurando sua mão.

–De nada.–Ele diz a beijando.

    E depois ficamos em silêncio, apenas desfrutando a companhia um do outro, o dia estava agradável, não estávamos maravilhosamente bem, mas estávamos vivos e isso era o suficiente.
    Contestar meus pais, seria uma tarefa difícil, é bem complicado perguntar pro seus progenitores por que não ficaram com você, por que não cuidaram de mim? cresci achando que eu era a errada, fui abandonada em uma casa com dois anos de idade e eles não me queriam, por isso fui pro orfanato. Não foi fácil me virar sozinha, eles não me deixaram ser criança, eu precisava ser madura e responsável, eu só precisava de pessoas que me amavam e me apoiavam, mas eu nunca tive isso.

(...)

Semideusa: A Filha de Poseidon e AnfitriteOnde histórias criam vida. Descubra agora