Capítulo 11

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(...)

    Minha mente não parava, eu estava pensando em diversas possibilidades de sair daqui, derreter a parede de gelo, matar os gigantes, mas nenhuma parecia viável.
    Eu não conseguiria matar esses gigantes com o Connor tão fraco, ele precisa da sustentação do meu corpo pra não cair, mesmo ele não estando mais congelado ele ainda está fraco.
    Ele está dormindo profundamente, hora ou outra sussurra coisas como "Não a machuquem, por favor." e sussurra o nome de alguém. 
    No meu interior, dentro do meu ser eu sinto alguém me chamando, na minha mente uma voz feminina e calma ecoa como música, a voz me pede para tomar cuidado, que as coisas iriam se resolver, não era a voz de Hell, era uma voz mais suave, mais gentil... Anfitrite!
    Uma onda de emoção é transmitida por todo o meu ser, me fazendo chorar, meu corpo se arrepia e finalmente eu não me sinto só, eu sou parte de algum lugar.
 
–Está chorando?–Connor sussurra.

–Não, como você está?–Pergunto secando as lágrimas. 

–Eu tô melhor, precisamos ir...–Ele diz, um grunhido de dor escapa de seus lábios.

–Onde dói?–Questiono. Ele levanta a camisa onde é possível ver uma queimadura de gelo, a área estava toda avermelhada e com manchas.–Deuses!

       Começo a pensar no que eu posso fazer, mas não consigo encontrar uma solução, eu não gosto de ver as pessoas sentido dor, ainda mais aquelas que eu me importo.
   "A água cura, a água é vida."
A mesma voz suave diz e é como se uma lâmpada se acendesse na minha cabeça.
   Descongelo um pouco de água e levo até o ferimento do Connor, fechando os olhos e imaginando a pele voltar ao normal.

–Como você faz isso?–Ele diz maravilhado.

–Eu não sei, algo dentro de mim me ajudou.

    Ele me olha agradecido, ele toca a ferida e fecha os olhos, aparentemente ainda doía.

–Ainda dói?–Questiono.

–Parece que só curou por cima, mas a dor diminuiu, obrigada.–Ele diz e pega na minha mão.–Eu realmente estou feliz de que você esteja aqui, mas eu me sinto muito culpado, o motivo de você estar aqui é porque eles me sequestraram.–Ele diz.

–Você não teve culpa deles terem usado você como isca, eu escolhi vir aqui e tentar salvar você junto com os outros. Eu tô feliz de estar aqui, eu fico tão mais aliviada sabendo que você tá vivo e relativamente bem, prefiro estar aqui do que em qualquer outro lugar.–Digo, ele sorri.

   Escuto passos pesados e um gigante de gelo aparece na porta, ele era grande e muito azul, nas suas mãos tinha algumas frutas, ele coloca na cela e sai.

     Suspiro e pego as frutas levamos até o Connor, como uma maçã e ele come uma banana. As frutas estavam meio amassadas, não estavam com uma cara boa, mas eu estava faminta, me serviria naquele momento e me daria energia pra fazer um plano e tentar sair daqui.

(...)

Maia

  As emoções de todos estavam a flor da pele, Percy estava tão irritado, nunca tinha visto ele nesse estado, ele se culpava por não ter protegido sua irmã. Já o Travis estava desolado, como se tivesse certeza de que o irmão estava morrendo.
  Eu estava muito confusa, ler meu diário e ter entendido minha história com o Loki foi algo totalmente diferente de ter lembrado tudo e até o sentimento que eu sentia por ele. Eu amo o Nico, mas eu não posso evitar sentir um desejo pelo Loki, me sinto muito mal em relação a isso, mas não consigo fazer isso mudar.
   Algo que está me intrigando é o motivo dos gigantes de gelo terem interesse em sequestrar a Nyx, pelo que eu me lembro, eles me sequestraram porque queriam que eu lhes desse o tesseract, a Nyxie não deve nem fazer ideia do que isso é.
   Não consigo descansar até ter os dois seguros, porque eu sei que tudo isso é minha culpa. Foi burrice eu ter mexido com coisas que eu não sabia controlar.

–Gente, o resgate deu errado e agora temos dois dos nossos sequestrados. Não é tempo de surtar, temos que nos concentrar e fazer um plano rápido pra buscar eles.–Digo chamando a atenção de todos.

–A Maia tem razão. Precisamos buscar eles o mais rápido possível.–Diz Percy.

–Maia. Por que eles sequestraram você?–Travis pergunta. Olho pro Loki que me olha magoado.

–Bom, eu acabei mexendo com uma força, uma das jóias do infinito e acabei machucando muita gente. Por coincidência do destino ou obra de alguém, eu encontrei o tesseract em uma caverna perto do vilarejo que eu morava, eu comecei a estudar, eu sou filha de um alquimista, tinha muitas ferramentas ao meu favor. Acabei destruindo o vilarejo, muitas das pessoas que moravam lá foram congeladas e acabei abrindo uma espécie de portal, de lá saíram os gigantes, eles estavam irados e com sede de vingança, eu não queria...–Digo e sinto minha voz embargar. Loki me olha e poderia jurar que seus olhos estavam lacrimejando. Ele sai da sala silenciosamente.

–Continue...–Incentiva Percy. Respiro fundo.

–Eles queiram levar o tesseract pra Jothunheim e que o Loki se tornasse o rei de lá, se eu conseguisse fazer isso seria imortal. Eles me ajudaram a descongelar as pessoas, elas ficaram extremamente machucadas com queimaduras de gelo. Eles poderiam pegar o tesseract e fugir, mas não, eles queiram o Loki também.
     Eu tinha medo de morrer, muito medo, achei que seria a forma de viver pra sempre, mas o Loki não tinha essa ambição, ele era tão gentil e agradável, amoroso...–Digo e me lembro da cena dele brincando com as crianças perto da minha antiga casa.–Eu tentei, várias e várias vezes, o convencer, até que eu consegui.

   Odin me olha. Ele sabia o final da história. Todos estavam calados e com um olhar distante, Nico me olhava com pena.

–Depois  eu me dei conta de que seria muita estupidez dar esse artefato pra eles, então enquanto o Loki dormia, eu o escondi. Os gigantes me sequestraram pra convencer o Loki a lhes dar o que eu escondi, mas ele não sabia. Eles acabaram me matando.–Termino de falar e sinto uma dor no meu coração.

   Tenho uma cicatriz no exato lugar que me mataram.

–Por isso o Loki te odeia?–Questiona Travis.

–Sim. Ele passou muito tempo se culpando pela minha morte, mas a única culpada fui eu.–Digo e uma lágrima escorre pelo meu rosto.–Eles querem que eu entregue o tesseract, mas eu não posso. Por isso precisamos resgatar eles, o mais rápido possível, eles fazem torturas, te dão comida estragada e te deixam em uma cela muito gelada, no final, te matam.

(...)

Semideusa: A Filha de Poseidon e AnfitriteOnde histórias criam vida. Descubra agora