Semideusa: A Filha de Poseidon e Anfitrite

Capítulo 8

     Enquanto olho pela janela, vejo Maia se esgueirando e saindo pela porta. Decido não incomodar, afinal não era da minha conta.
    Sempre quando estava com algum sentimento a flor da pele eu desenhava, era o que me aliviava, para alguns é cantar, tocar um instrumento ou socar a parede, fico feliz do meu método ser tão pouco agressivo. Quando nos dedicamos a algo uma hora ou outra nos tornaremos bom naquilo e eu era boa.
   Tive uma infância conturbada, abandonada ao nascer em um orfanato com pessoas maldosas que só queriam me fazer mal, me fez crescer com muitos traumas e me influenciou a tomar decisões péssimas na vida, as coisas tinham ficado mais suportáveis há dois anos, quando me mudei pra cá.
   Quando fui emancipada no orfanato, conheci um cara, Nícolas, ele não era uma boa pessoa, me abriu caminhos ruins, pra mim a única solução pros meus problemas era fazer coisas ruins, mas não pensem que eu matei pessoas ou as machuquei, o que eu fazia ia mais pro lado do estelionatário, vendíamos peças de carros roubadas, fazíamos lavagem de dinheiro, a parte realmente ruim ficava pro Nicolas e seus comparsas, fiquei nessa vida por uns anos, me apaixonei perdidamente por ele, era como se ele fosse o meu ar, sem ele era impossível viver, eu era tão presa a ele, que se ele me pedisse algo insano não pensaria duas vezes em fazer, ele era minha droga, eu era dependente dele e acreditava que eu nunca ia "amar" alguém como o amei e de que não era digna pra outras pessoas me amarem, até que isso se voltou contra mim, eu fugi da Austrália principalmente por conta do que ele fez e do que eu quase fiz, espero nunca vê-lo novamente.

   (...)

    Estávamos em uma sala com uma mesa longa com várias cadeiras, na mesma estavam sentados Percy, Anne, Maia, Nico, Travis e uns deuses/guerreiros nórdicos.

-Cremos que o correto seja agir com estratégias, por isso não podemos nos precipitar e ir procurar o garoto em todo canto dos nove mundo sem uma mínima informação de que o mesmo se encontra lá.-Diz um homem de cabelos loiros longos.

-Exatamente, primeiro precisamos identificar alguns fatores, precisamos saber quem o levou e onde ele está pra podermos construir um plano.-Diz Annabeth.

-Podemos fazer um feitiço pra conseguir ver o que aconteceu quando ele foi sequestrado, seria ótimo ter algo que ele estivesse usando no dia ou algo com uma energia muito forte dele.-Diz Maia.

-Loki irá te ajudar com isso.-Diz a mulher que nos recebeu, Frigga se não me engano. O homem de cabelos negros, que julgo ser Loki pela expressão de desgosto que fez ao ouvir seu nome ser pronunciado, ergue a sobrancelha e Maia olha angustiada pro Nico, sua mão estava enfaixada, devo me lembrar de perguntar o que aconteceu.

-Enquanto eles não fazem o feitiço, preciso dos nomes e dados de todos os inimigos em potencial de vocês.-Diz Annabeth.

-Claro, isso não será problema, eu posso te ajudar.-O homem loiro diz.

   Travis que até então não tinha dito nada, pigarreia.

-Não tenho nada que ele usava no dia que foi sequestrado, também não trouxe suas coisas, como vamos achar ele?-Travis diz aflito.

-As pessoas mais ligadas com eles deverão participar do feitiço.-Diz Maia e Loki apenas concorda lentamente com um movimento afirmativo.-Você e a Nyx.

-Eu?-Questiono confusa.

-Sim, ele só pensava em você, sorria de uma maneira estranha quando te via, em tão pouco tempo posso afirmar com certeza total de que meu irmão está apaixonado.-Ele diz me olhando fixamente.

-O que devemos fazer nesse feitiço?-Pergunto, tentando desconversar desse tema em específico.

-Pensar nele, tentem se conectar com ele.-Diz Maia.

-Quando mais rápido fizermos isso, mas rápido acharemos eles e mais rápidos vamos voltar pra casa e resolver nosso outro problema.-Diz Percy.

-Maia, Travis e Ntx vão juntamente com o Loki fazer o feitiço, eu, Percy e Thor vamos tentar identificar possíveis sequestradores.-Annabeth conclui.

(...)

    Eu estava no centro de um círculo, ao meu lado esteja o Travis, Maia e Loki estavam preparando o ambiente pro feitiço.

-Até onde sabemos ele sumiu aqui.-Diz Maia, em um ponto do castelo, ela se ajoelha no chão e coloca suas mãos sobre o solo, fecha os olhos e sussurra algo que não consigo discernir.

-Se usarmos o sangue ou a pele do garoto vamos achar ele muito mais rápido, não precisa desse ritual todo.-Diz Loki.

-Ninguém aqui vai se machucar, o ritual funcionará perfeitamente só com a energia.-Ela diz.

   O Deus suspira, ele vai até Travis e o corta com a adaga, o garoto estava tão aéreo que não teve tempo de se defender, com um cálice, Loki, coleta o sangue de Travis.

-Loki!-Reclma Maia. Travis não expressa reação, nem de dor, nem de raiva...

-Não sou desocupado igual você, eu prezo pelo meu tempo, se há uma maneira de ser mais rápido, é por ela que vamos.-Loki diz.

   Maia apenas suspira, há algo
de errado entre esses dois, hora ou outra eles se olham com raiva e depois, seria até louca de dizer, mas parece que se olham com desejo, rancor.
 
-Como ele utilizou o sangue do Travis, não vamos precisar do seu, Nyx.-Diz Maia.

   Ela movimenta as mãos e o cálice levita, ela pronúncia algo em latim enquanto corta sua mão, o sangue dela se choca com o cálice e uma espécie de fumaça roxa surge em cima do mesmo, Loki faz igual, exceto que não pronúncia nada, o verde e o roxo dançam em cima do cálice.
   Uma fumaça acinzentado surge, ela vai até os olhos da Maia.

-Está frio, gelado, ele está amarrado, está machucado.-Maia diz, ela se meche de maneira desconfortável, Loki fecha os olhos.

   Seus olhos estão completamente acinzentados, de repente ela começa a a falar com mais dificuldade.

-Há alguém... Eu vejo, tá bloqueando minha visão, não consigo respirar!-Ela diz agarrando seu pescoço. Loki vai até ela e segura suas mãos para impedi-lá de se machucar.
 
   Enquanto seu corpo treme ela começa a dizer palavras aleatórias, ela cai, mas Loki a segura, ele coloca a mão na cabeça dela e a tremedeira para, segundos depois ela desmaia.

-O que houve?!-Questiono afoita.

-Alguém interferiu na visão dela.-Ele diz entre dentes. Aparentemente bravo.-Ela poderia ter morrido se eu não parasse antes.

    Que pessoa estaria interessada na morte dela?

(...)