Odisséia Grega

Capítulo 8

Os dias que se seguiram passaram muito rápido.

Caroline e eu, quando tínhamos tempo, saiamos em compras para o Natal. Precisávamos de roupas para as festas de final de ano e também dos presentes, que esse ano não seriam poucos por causa dos nossos convidados de Albany. Ela estava, mais uma vez, tentando chegar em algum lugar com os pais e pretendia presenteá-los com um cruzeiro de 9 dias para algum lugar no norte da Europa. Os meus presentes já estavam todos comprados e embrulhados, inclusive os de Andre, que me deu uma tremenda dor de cabeça para decidir o que escolher – como se presenteia com sucesso, alguém estupidamente rico e que mal conhece?

Eu também comecei a trabalhar na North OKeefe Events, então estava tudo uma grande loucura. Levei alguns dias para conseguir me adaptar novamente à rotina e com as pessoas. Gisele ainda me tratava com aquele mesmo desdém ao qual eu já me habituei e isso não passou despercebido pelos meus colegas, mas decidi ignorar sua implicância comigo, porque além de estar realmente gostando do lugar, acreditava que logo alguém novo surgiria para tirar a sua atenção das minhas costas.

Nós agora estávamos há 6 dias da véspera do natal e Andre estava ocupado, viajando de um lugar para o outro e depois voltando para cá e enfiando a cara no trabalho para agilizar a inauguração da sede de Atlanta. É claro que, ainda assim, ele tem encontrado algum – pouco – tempo para nós e nos vimos em um par de ocasiões. Embora, não tínhamos tido liberdade para fazer muita coisa, cada segundo que ele dedicava a mim era agradável e valioso. Nós nos divertíamos com pequenas coisas e a cada vez que Andre entrava no meu apartamento, suas ações me faziam esquecer seu sobrenome e o que ele representava para o mundo.

Ele era apenas... o meu grego.

Meus pais e eu, ainda almoçávamos a cada domingo e em um desses encontros, eu posso ter roubado o caderno de receitas da vovó para pôr em pratica algumas das suas – que fizeram a Carol comer como uma maldita caminhoneira e me pedir em casamento depois. O que poderia não ser uma brincadeira, diga-se de passagem. Ela totalmente se amarraria a mim por uma vida, se eu continuasse alimentando-a.

Mas foi pensando exatamente nos elogios que eu recebia sobre a minha comida, que numa sexta-feira à noite, eu tomei uma decisão que tinha tudo para dar certo.

Ou completamente errado, depende de como se via.

— Sim? — Uma voz grossa e rouca, atendeu a minha chamada e o meu coração deu um salto, me alertando que agora era tarde demais para voltar.

— Olá, Drake? — Limpei a garganta — Aqui é a Giovanna. Eu não tenho certeza se você lembra se de mim, mas nos conhecem-

— Giovanna! Claro que lembro de você, mulher — Ele exclamou ao me interromper e coisas na minha barriga se mexeram com a possibilidade de Andre falar sobre mim com o seu melhor amigo — Em que posso ajudar?

Eu quase podia vê-lo com aquele sorriso de covinha. Isso me fez rir.

— Ótimo. O que eu queria... era falar com você para... na verdade, isso pode soar estranho e eu não vou ficar brava caso diga que não — Eu tinha plena convicção de que estava me enrolando com as minhas inseguranças e que ele era um homem cheio de compromissos, então, tomando uma profunda respiração, soltei aquilo de uma vez por todas — Eu preciso da sua ajuda para entrar no apartamento do Andre sem que ele saiba.

A linha ficou muda por alguns – infinitos – segundos.

Eu realmente achei que Drake me chamaria de louca, desligaria o telefone na minha cara e chamaria a polícia para me acusar de perseguição ou algo do tipo, mas ao contrário do que eu pensava, ele soltou uma sonora gargalhada e perguntou qual era o plano. Simples assim. Algo me dizia que esse cara, por alguma razão que estava além da minha compreensão, confiava muito em mim ou então, ele vivia na espreita de ver o amigo se ferrando bonito.