Capítulo 38

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Por um longo minuto apenas ouvi a sua risada divertida sobre a minha expressão atordoada enquanto eu encarava o retrovisor que agora mostrava meio rosto do homem concentrado na estrada. Estávamos indo para algum lugar em alta velocidade e o sujeito ao meu lado me apertou contra Jenny quando eu tentei fazer um pequeno movimento para me inclinar para frente.

Os meus olhos piscavam como quisessem ter certeza de que eu não estava alucinado ou algo assim. Por que no mundo esse cara está nos sequestrando?

— Você está realmente tão surpresa? — Ouço ele perguntar novamente e detesto como sua voz soava falsa e desdenhosa — Eu realmente devo ter feito um bom trabalho com aquele imbecil. Eu estava bem longe do país quando soube que estavam me procurando, mas ainda não era o seu principal suspeito. — Jorge se vangloriou parecendo tentar arrancar alguma ração dos outros caras.

Era quase como se quisesse obter algum tipo de felicitação, mas os homens seguiram sérios, sem expressar qualquer sentimento ou reação, focando apenas no caminho que estávamos percorrendo.

— Para onde você está nos levando? — Jenny se manifestou pela primeira vez, parecendo tímida, quase medrosa. Mas isso não passava de um truque.

Eu podia ver suas mãos fechadas em punho sobre o colo.

Ela deveria estar furiosa por ter sido pega de guarda baixa, assim como eu estava por não ter percebido sequer que essa gente estava por perto, me observando, mas não podíamos reagir. O instinto de sobrevivência falava mais alto. Apesar da descontração de Jorge, eles não pareciam querer ter suas paciências testadas.

— Ah, você está aí — Ele respondeu erguendo as sobrancelhas como se por um momento tivesse esquecido da sua presença — Você é realmente uma coisinha lisa, hein? O seu pai vai ficar tão feliz em revê-la.

Ele ri pelo nariz quando ambas enrijecemos.

Claus estava aqui.

Por alguma razão, depois de descobrir que o desgraçado estava vivo por todo esse tempo, imaginei que ele comandasse o seu pessoal direto do Chile e não ousava dar as caras nesse país, mas se ele fez todo o caminho de volta para Atenas, era porque estava confiante em algo e o meu estômago resfriou drasticamente imaginando o que.

Fui tirada dos meus pensamentos quando ouvimos não muito distante, os sons de pneus cantando. Eu teria deixado passar diante do meu estado de choque, se não fosse pelo xingamento de Jorge e a movimentação intensa dos caras ao nosso lado.

Virei o rosto tentando ver alguma coisa através do vidro de trás quando uma bala veio exatamente na minha direção. Eu gritei e abaixei a cabeça para o colo de Jenny, que me segurou, abaixando-se também, mas não houve barulho de vidro quebrando. Os homens começaram a falar em grego, alto e a sacarem mais armas, apontando-as para todo lugar, me fazendo tremer de medo de um disparo acidental.

Enquanto isso Jorge conduzia feito um louco por ruas pelas quais eu nunca passei antes. Me atrevi a levantar a cabeça e reconheci o carro atrás de nós. Eu o tinha visto mais cedo, pouco depois de sair de casa. O homem no banco do passageiro, colocou a cabeça para fora da janela e nos mostrou a sua pistola, começando a atirar em nossa direção sem hesitar. Uma bala atingiu o porta-malas e outra no mesmo vidro – agora no nosso lado direto, mas não houve qualquer dano.

É claro que os carros de Andre estavam blindados.

— Eu acho que é aquele homem... — Jenny sussurrou perto de mim e eu assenti em reconhecimento. Sim. Certamente o homem nos seguindo era Ford.

Ele cumpriu com o que prometeu e manteve-se por perto.

Eu só esperava que isso fosse o suficiente para me tirar daqui.

Odisséia GregaOnde histórias criam vida. Descubra agora