Odisséia Grega

Capítulo 4

Estávamos em Downtown. O homem que me trouxe até aqui, estava encostado ao carro e tinha um celular, no qual digitava algo enquanto me observava entrar em segurança. O Fandangles era grande e muito conhecido na cidade, mas eu nunca tive a chance de vir antes, apesar de que a família de Caroline me convidou quando se reuniram aqui há alguns anos para comemorar o seu aniversário. Foi a última vez que ela passou essa data ao lado deles e eu posso imaginar o porquê.

Uma moça baixinha, loira dos cabelos curtos na altura do queixo, estava conversando com outra que tinha o telefone pendurado no ombro e tinha os olhos presos na tela do computador. Quando a loira me viu, sorriu largamente e apressou-se para vir me receber. Ela foi muito simpática, perguntou-me sobre as reservas e quando disse a quem eu tinha vindo encontrar, seus olhos pequenos se arregalaram e brilharam por um breve instante.

Eu aceitei que ela tomasse o meu sobretudo e fui guiada para dentro do restaurante, onde o burburinho de conversas estava alto, mas agradável. Encontrei pessoas por toda a parte. No bar, nas duas saletas com poltronas e TV, nas mesas com cadeiras altas e encostados ao balcão liso que brilhava sob as luzes das pequenas luminárias penduradas no teto. A cor das paredes era neutra, ficou bem os outros tons de coral e marrom e galhos com flores foram pintados em alguns dos pilares. Enquanto caminhávamos, tínhamos uma boa vista da varanda com pequenas mesas para duas ocupantes e através das portas de vidro, fui capaz de ver a área onde mantinham a piscina luminosa, diversos tipos de plantas e arvores. Era encantador.

Uma mulher atraiu o meu olhar quando bateu o minúsculo copo com um liquido âmbar em frente a um cliente. Descaradamente, ela ergueu as sobrancelhas quando passamos. Eu lutei contra um rubor quando virei o rosto e a ignorei, focando a minha atenção em um par de olhos azuis que me observavam como um falcão atento enquanto nos aproximávamos dele.

Sorri quando Andre se levantou para me cumprimentar. Ele estava tão bonito e elegante. Os seus olhos não deixaram o meu rosto quando se despediu e agradeceu pelo atendimento da moça, livrando-se dela rapidamente. Eu sorri outra vez quando percebi que estávamos em uma das mesas mais reservadas do lugar, no fundo do restaurante. Das que estavam próximas à nós, pouquíssimas eram ocupadas, o que nos garantia uma excelente privacidade.

— Giovanna — A maneira como ele disse meu nome soou como um suspiro de alivio ou admiração. Eu gostei disso — Você está maravilhosa — Incapaz de evitar, enrubesci com o elogio e mais ainda quando tomou a minha mão direita, levou-a aos seus lábios e a beijou demoradamente. Quando o meu nervosismo estava prestes a me envergonhar, ele colocou a mesma mão que me segurou, nas minhas costas e me guiou até a cadeira mais próxima da dele, ajudando-me a sentar em seguida — Obrigada por aceitar meu convite.

— O seu convite de última hora.

Pisquei quando percebi que aquilo saiu em voz alta. Temi encontra-lo chateado, então quando levantei a cabeça e encarei o seu sorriso, fui pega de surpresa.

— Sim, esse mesmo.

— Você sumiu por um tempo — Observei e quase pedi desculpas pela minha impertinência. Eu não tinha qualquer direito de cobrar-lhe nada, mas mesmo assim, eu queria. Mais uma vez, me surpreendendo, ele soltou uma sonora risada que mesmo sendo linda, me irritou profundamente — Algo engraçado, Sr. Makayros?

Assisti quando limpou a garganta, enrolou os dedos na taça de água e tomou um pequeno gole do liquido gelado, antes de sorrir para mim.

— Eu sinto muito por isso, mas estive abarrotado de compromissos durante toda semana. E não, nada engraçado, estou apenas muito contente em ver que sentiu minha falta — Andre retrucou com um sorriso malicioso, mas silenciou-se quando um garçom se aproximou — Nós não escolhemos ainda. Saia.