Capítulo 28

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— Espere, Andre... — Chamei baixinho, mas é claro que ele não voltou. Eric entrou segundos depois e me olhou com pena ao ver as lágrimas ainda escorrendo por minhas bochechas — Fique com ele só um instante, sim?

Saio da biblioteca limpando o rosto com as mãos da melhor maneira que conseguia, apenas ligeiramente preocupada com a bagunça que estava fazendo. Caminho pela grande e espaçosa casa sem saber exatamente qual direção tomar. Tantas portas. Tantas curvas. Para onde ele teria ido e por que diabos de repente eu me sentia tão culpada? Eu estava bem com tudo que fiz e não me arrependia da decisão que tomei, mas vê-lo daquele jeito me perturbou tanto!

As palavras de Mario vieram altas e claras em minha mente e eu quase pude ouvir sua voz ao meu lado, me julgando por ter envolvido a nossa criança em uma briga que não era dele. Andre tinha ficado com tanta raiva e tão magoado com a minha omissão. Como diabos eu poderia saber o quanto isso era importante para ele?

Mas talvez eu devesse mesmo saber. Quero dizer, Sylvia sempre me contou sobre como papai ficou nas nuvens quando soube que eu estava a caminho e lembro que me apaixonei pelo bebê desde que soube que ele, ainda pequeno como um feijão, estava dentro de mim, então por que ele também não o amaria, não é? Maldição. Eu estava mais confusa agora do que quando cheguei aqui.

O que ele faria a seguir?

Será que tentaria me machucar de volta?

Tirar o Heitor de mim?

Merda, não. Não!

Que ele não se atrevesse...

— Eu não sei o que você quer que eu diga — Ouvi a voz de Sonia dizer com certa impaciência assim que cheguei à sala. Ela estava sozinha usando o telefone sem fio. A porta da sala estava entreaberta e fazia com que o barulho do burburinho lá de fora chegasse até nós, mas isso não me impediu de ouvi-la falar — Ele não pode atende-la agora e nem acho que irá querer depois. Andre está nervoso e hoje não é dia para os seus caprichos — Continuou ao passar a mão em sua nuca. Ela parecia estar suando. Pensei em sair e lhe dar alguma privacidade, mas então o meu estômago apertou ao ouvir aquele nome — Tudo bem, Ariadna. Eu vejo o que posso fazer.

Eu não conseguia explicar a raiva e inveja que se apoderava do meu corpo toda vez que aquele nome era pronunciado. De repente, toda a vontade de me explicar para o Andre e pedir desculpas pelos meus atos se esvaiu. Eles que de danem! Andre podia pensar o que quisesse! Heitor não pertencia a ele e muito menos eu.

Ele não teve consideração por mim quando fez o que fez. Ele mentiu e omitiu coisas tão importantes e essenciais que perdeu totalmente o direito de me julgar por querer ficar longe dele e proteger o meu filho da corja que eram os Makayros.

Mordi o interior da boca ao lembrar do quanto Sonia tinha se mostrado diferente, autentica e boa. Ela não merecia estar inclusa em minhas ofensas, mas eu estava irritada demais para me arrepender de qualquer coisa. Pro inferno com essa casa, com essa gente, com o Andre e a sua queridinha esposa! Eles, com suas belezas extravagantes, se mereceriam. Que o casal desfrutasse da família que formaram e deixassem o meu filho em paz, pois, se tinha uma coisa que eu podia afirmar com certeza, era de que aquela mulher jamais chegaria perto do Heitor sendo ela mulher do pai dele umas mil vezes, que fosse.

— Wow. Calma aí! O que foi? — Eric perguntou quando tomei um Heitor meio bêbado de sono de seus braços — Você conseguiu explicar tudo para ele?

— Não. E também não pretendo — Rosnei de volta e Heitor resmungou no meu colo, dando-me um tapa fraco na cara por estar perturbando o seu sono. Ainda mais essa! — Engole esse riso e vamos embora daqui. Já fiz o que me comprometi a fazer, certo? Agora posso voltar e seguir com a minha vida como antes de Drake aparecer para encher a minha cabeça de fantasias.

Odisséia GregaOnde histórias criam vida. Descubra agora