Capítulo 35

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Os dias seguintes passaram em uma rapidez espantosa para todos nós.

Já tinha feito uma semana que chegamos em Atenas e estivemos virando a cidade de ponta da cabeça tanto quanto foi possível. Sarah, apesar de estar o tempo presa com Antonella – que nem sempre era uma bebê quieta e silenciosa –, foi uma guia turística incrível enquanto o seu irmão não estava disponível para passeios, o que era quase sempre. Andre, apesar de estar ocupado, não se descuidou de nenhum de nós. Ele levou Heitor e Drake para um programa de homens na terça-feira e enviou-me flores fantásticas na manhã seguinte por ter me deixado de fora. Às vezes, quando voltava do trabalho, ele me levava para sair e sua atenção era só minha.

Jantávamos, bebíamos um pouco e quando tínhamos tempo sobrando, visitávamos uma serie de lugares que foram especiais para ele em algum momento de sua vida. Ele me contava as histórias por trás daqueles pontos com tantos detalhes que eu me sentia inclusa como se tivesse vivenciado aquilo também – principalmente quando estávamos no chafariz da Praça Syntagma, onde Victor pediu a mão da sua namorada em casamento. Tinha sido há décadas, mas ainda soava emocionante.

Nos dias em que ele voltava para casa aborrecido e exausto, eu fazia o meu melhor para cuidar das suas necessidades. O trancava no quarto com o telefone desligado e lhe dava a comida, seguido de um banho relaxante e uma massagem para aliviar o corpo de todo o stress das longas horas no trabalho. Então, quando nos perdíamos nos braços um do outro entre os lençóis amassados, toda a sua tensão evaporava e ele era o meu Andre novamente. Atencioso, bem-humorado e apaixonado.

Eu não saberia dizer se Ariadna se recuperou do nosso encontro porque ela não voltou a aparecer aqui e, graças a Deus, a cidade era grande o suficiente para que não nos esbarrássemos em lugar algum. Sandra voltou dois dias depois – e não no seguinte, como havia dito – para recolher as suas coisas, pegar o cachorro e partir. Ela teve a ousadia de me culpar por ter sido convidada a se retirar da mansão dos Makayros e estava irritadíssima por precisar de autorização para entrar novamente, mas eu a fiz entender que apesar de querer ficar com todo o crédito por sua mudança, o seu filho era aquele que estava farto dos teatros, das mentiras e invasões. Para a minha surpresa, isso pareceu magoa-la de alguma forma, pois nos minutos seguintes, Sandra ficou em silencio e apenas ignorou a minha existência.

Eu não soube exatamente o que pensar quando a vi fazendo uma cena com Heitor enquanto suas malas estavam sendo lavadas para o táxi. Quando abri a porta principal para chama-lo para almoçar, ela simplesmente estava batendo palmas, rindo e dizendo coisas que o fazia sorrir com a mão dentro da boca – mostrando que ele estava se divertindo, apesar da timidez. Helena segurava-o no colo, parecendo satisfeita e um pouco deslumbrada. É claro que ela sabia que Sandra era avó do garoto, apenas não fazia ideia do tipo de relação que nós duas tínhamos.

A coisa toda durou cerca de um minuto inteiro. Logo ela se recompôs e se despediu deles com um sorriso para, em seguida, sair das nossas vidas de nariz empinado.

Mas não por muito tempo, eu supunha.

— Giovanna, a resposta é não! — Andre ruge descendo as escadas enquanto arrumava a sua gravata com pressa para sair. Fomos avisados que o seu motorista estava esperando há algum tempo — Nós passamos a noite passada discutindo isso e eu não mudei de opinião. Você precisa parar de insistir.

— Mas não é justo, Andre — Choramingo correndo atrás dele — Vamos lá, amor, eu só quero ir na casa da sua irmã. O que tem de mau nisso? Você sabe que não é tão distante daqui! São apenas dez minutinhos de carro.

— Isso é besteira. Sarah pode perfeitamente vir até aqui.

— Então você se preocupa mais com a minha segurança do que com a dela? — Apelo, mordendo a língua logo em seguida, então me preparo para a sua explosão.

Odisséia GregaOnde histórias criam vida. Descubra agora