Capítulo 30

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Os dias passaram e na última semana de abril, eu estava eufórica com o casamento de Renata. Não tinha grandes responsabilidades, exceto arranjar um vestido, pois a roupinha elegante para Heitor e o presente, eu já tinha em mãos. A noite dos Makayros em minha casa foi tão adorável que repetimos a dose, dessa vez no apartamento de Caroline. Eram os últimos dias de Sarah, Jesse e sua garotinha na cidade, então fizemos uma pequena reunião no final de semana. Eu aproveitei que estávamos todos ali para lhes mostrar um dos álbuns de fotografias que tinha de Heitor. Sonia deu gritinhos de excitação ao ver cada detalhe do primeiro ano de vida dele, completamente apaixonada. Ela era uma mulher fantástica. Criou o filho da irmã que tanto a odiava e transformou-o em um homem incrível.

Eu gostaria de ter esse dom com o meu garoto também.

Todos comentaram outra vez da semelhança gritante entre os meus rapazes, me fazendo gemer de desgosto. Heitor me daria cabelos brancos ainda na adolescência. Garotas, encontros... urgh.

Andre e Thomas observaram cada coisa que ele fazia como quem assistia ao lançamento do Apollo 11 e o garoto estava amando ser o centro das atenções, mas exatamente como da outra vez, assim que ele pôs os olhos em Antonella, todo o resto ficou de lado. Tínhamos que segura-lo o tempo todo, pois sua animação podia machucar a pequena. Ele queria segurar seu rostinho e morder, como fazia antes comigo para coçar a sua gengiva, mas que agora era apenas um habito doloroso. Ele chorou bastante chamando por Ella quando Jesse e Sarah se despediram e eu precisei obriga-los a prometerem que nos visitariam em breve, pelo bem da minha própria sanidade porque alguém aqui estava apaixonado.

Na Kara, foram jogados para mim mais alguns contratos novos e outros trabalhos para fazer. Um rapaz havia sido transferido, uma mulher entrou em licença maternidade, outra tirou férias e dois sujeitos foram dispensados. Estávamos sentindo o peso da ausência desse pessoal nas nossas costas, então tivemos que dar uma olhada em alguns currículos deixados lá durante os últimos meses.

Três dias depois contratamos Christian Berger.

O homem era charmoso como aqueles atores de novela mexicana. Tinha a pele bronzeada e os olhos pretos apenas um pouco puxados nas pontas. Seu corpo era agradável à primeira vista, visivelmente fortificado e semelhante ao de Drake, mas não chegava a tanto. Berger era simpático demais para o seu próprio bem e realmente tentador, preciso admitir. As garotas fizeram um tremendo burburinho quando ele surgiu, mas o cara não demonstrou interesse por nada além do trabalho.

E foi por isso que nos demos bem logo de cara.

Ele não demorou a pegar o ritmo das coisas na empresa e nesse meio tempo nos tornamos bons colegas. Era maravilhoso ter contato com alguém que fosse bom de olhar, mas que não estivesse desesperado para entrar nas minhas calças. Nos nossos almoços, eu descobri que Christian era filho único como eu, era natural de Tennessee e achou graça por moramos tão perto por boa parte de nossas vidas. Ele tinha 29 anos e acabara de terminar um noivado de longos 4 anos. Apesar de ainda estar apaixonado por Alisson, Christian parecia feliz e disposto a recomeçar a sua vida, se a moça não voltasse atrás em suas questões – absurdas, de acordo com ele.

De: Andre Makayros +(630-842-3200)

Hora: 13:05 p.m.

"Cheguei de viagem hoje bem cedo. Estou morrendo de saudades. Tudo bem ir até o apartamento mais tarde, certo? Tenho tudo acertado para registrarmos o Heitor."

Meu celular apitou enquanto eu mordia o meu sanduíche de frango no pão sírio. Pego o aparelho fazendo careta para o barulho que Christian emitia ao sugar com força as últimas gotas de suco no copo. Aquilo me deixava louca de raiva, mas nada tiraria o sorriso do meu rosto ao ver que Andre tinha voltado. Quatro dias sem falar com ele ou ouvir sua voz tinha sido quase doloroso. Tudo bem, nós conversamos por mensagens, mas não era a mesma coisa.

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