Capítulo 18

449 50 39
                                    

Pela manhã, eu notei uma melhora significativa.

Meu apetite voltou quase que totalmente, as dores de cabeça e no corpo também diminuíram. Apenas meu nariz continuava do mesmo jeito e continuei espirrando algumas vezes. Sarah disse que eu poderia ficar com o remédio para ir tomando ao longo dos dias porque ela tinha mais em sua bolsa. Drake e eu, brincamos, a chamando de traficante, mas estava realmente agradecida e guardei bem os comprimidos.

Fiquei até às 14h com o Andre.

Como eu estava bem melhor, foi a minha vez de ataca-lo. Namoramos na cama, no chuveiro, um pouquinho no sofá e foi com muita dificuldade que consegui me despedir daquele homem. Ele estava bem mais carinhoso, poucas foram as vezes que suas mãos não estavam me tocando de alguma maneira.

— Andre! Você vai acabar ficando doente. — Alertei pela terceira vez e fui totalmente ignorada, tendo a boca selada por seus lábios macios. Eu, claro, aprovei cada segundo da sua disposição e não voltei a repreende-lo.

Falei com Sylvia no telefone assim que cheguei no apartamento.

Ela me contou que todo mundo viajou bem cedo e que ela já sentia falta da presença de Becca naquela casa. Até insinuou que eu já estava na idade de lhe dar netos – o que era um exagero. Ela ofereceu-se para vir e me fazer um chá, cuidar de mim como fazia em minha adolescência sempre que eu estava resfriada, mas eu recusei. Queria apenas descansar bastante para poder ir trabalhar no dia seguinte.

Os dias se seguiram em uma agitação só.

Estive tendo vários problemas com Gisele porque ela simplesmente se recusava a aceitar as minhas ideias e encontrava defeitos estúpidos em cada trabalho que eu executava, mesmo que o cliente ficasse satisfeito. Isso tudo acabou gerando um clima chato no trabalho e os meus colegas começaram a ficar afetados com isso, alguns tomando o lado dela por comodismo e outros totalmente ao meu favor.

Durante uma espécie de inspeção – que eu ainda não tinha presenciado – conheci Eric, o chefe da minha chefe. Nós já tínhamos nos visto antes, mas não tinha certeza se ele tinha percebido isso. Seu jeito me lembrava um pouco ao Andre. Ele também era muito respeitado e todos tentavam lhe agradar de alguma maneira, mas ao contrário do meu grego, que era sério e contido no trabalho, esse era simples, brincalhão e simpático até demais. As funcionárias suspiraram por ele e até tentavam chamar sua atenção com desculpas ridículas, mas para a surpresa da maioria foi comigo que ele conversou por um tempo.

— Então Gisele está te dando um tempo difícil? — Questionou encostando-se no balcão da cozinha, ficando na mesma posição que eu. Terminei de engolir o chá e o olhei preocupada — Calma! Não precisa ficar assustada. É que as notícias correm por aqui, você sabe... e ela mesmo me dá dor de cabeça. Imagino com vocês.

Eu sorri.

— Ela só é um pouco complicada, mas eu já tive patrões piores — Disse dando os ombros, o que o fez rir. Sua risada era bonita — Ao menos não é um imbecil que tenta passar a mão em mim porque é tecnicamente quem me sustenta — Bufei e voltei a levar a xicara à boca, mas de repente me dei conta da merda que falei. Não era exatamente ético falar mal do meu antigo chefe para o atual — Quero dizer...

— Sério que o cara fazia isso? — Ele perguntou virando de frente para mim e parecendo indignado — Mas que desgraçado. Como ele se chama? Eu posso tentar... espere, você o processou, não é? — Eu balancei a cabeça dizendo que não e Eric me olhou como se eu tivesse uma melancia pendurada no pescoço — Nossa, Giovanna, mas eu teria tirado até as cuecas dele no juiz. Garota...

Eu ri do seu bom humor e agradeci por ele não querer insistir no assunto até que ficasse um clima chato. Não me sentia à vontade de conversar sobre isso. Queria que o episódio ficasse no passado. Mais dois funcionários chegaram para beber café e entraram na conversa com um novo assunto. Passamos uns dez minutos papeando e eu estava impressionada como às vezes ele parecia mais colega do que empregador. Notei que seu braço roçava por diversas vezes no meu, mas ele parecia não perceber. Ao menos era o que parecia, até que o peguei encarando as minhas mãos que seguravam a xícara, procurando... uma aliança, talvez?

Odisséia GregaOnde histórias criam vida. Descubra agora