Capítulo 17

468 50 24
                                    

Andre pegou o telefone da minha mão engolindo em seco, pressionou um botão e colocou de volta na base, dizendo que atenderia no escritório e saiu outra palavra.

Olhei para Sarah em busca de respostas, mas a mesma estava olhando fixamente para algum ponto no apartamento com uma expressão nada satisfeita. Jesse acariciava suas costas, quase alheio a tudo, sempre muito calmo e Drake coçava a cabeça meio nervoso e meio divertido.

Ninguém tem nada a dizer? Tudo bem, então.

Sentei no sofá e Drake me serviu uma bebida.

Tomei-a bem devagar, uma vez que já havia curtido um pouco na casa dos meus pais e não queria exagerar aqui para então acordar de ressaca. Outra vez.

— O que vocês fizeram? Saíram ou ficaram aqui? — Perguntei, resolvendo puxar um novo assunto já que estava todo mundo tenso.

Aparentemente aquela ligação não trouxe boas energias para o resto da noite.

Ouvir minha voz tirou Sarah do transe.

Ela voltou-se para mim com um sorriso e começou a tagarelar.

— Oh, eu preparei alguma comida para nós jantarmos. Nós vimos um filme, conversamos e ligamos para o papai e a mamãe. Conseguimos vê-los, bendito seja o Skype, Nana — Sarah ri soando quase infantil — Eu me sinto horrível e até meio culpada por estar longe da mamãe em um momento como esse, mas ela me tranquilizou e vendo o quão sua aparência estava boa, me senti bem melhor. E falando nisso, temos que adicionar uma a outra para quando eu voltar, poder falar com você! — Disse pegando minha mão na sua e apertando. Eu sorri e balancei a cabeça afirmativamente, porque sim, eu adoraria manter contato com Sarah.

Então assim, de repente, eu lembrei dos presentes que comprei para eles e avisei que ia pegar. Sarah ficou histérica dizendo que não tinha me comprado nada, bem como os outros, mas eu deixei claro que estava tudo bem, apenas sabia que em pouco tempo ela não estaria mais aqui e quis que todos tivessem uma lembrancinha minha.

Foi na volta do quarto de Andre, quando passei em frente ao seu escritório, que notei que a porta estava entreaberta, dando para ouvir sua voz alterada do lado de fora.

— Porque não! E quantas vezes eu preciso dizer que deve ligar para o meu celular? Eu não dou a mínima, se não atendo é porque sei que não é importante. Eu preciso ir, tenho visitas, Ariadna. Sim, depois, talvez. Não precisa ficar dessa forma, olhe, por favor, isso não é novidade para ninguém... Inferno, Ariadna! Você que sabe, eu não ligo mais para nada dessa merda.

O silencio que se fez em seguida foi tão grande que eu ouvia a minha própria respiração, um pouco acelerada pelo nervosismo de ouvir algo que, provavelmente, não deveria. Confesso que o tempo todo estive morrendo de medo de ele abrir a porta de repente e me ver ali, com a cara mais cínica, ouvindo a ligação que claramente ele queria atender com privacidade.

Apressada, eu estava prestes a sair quando ouvi sua voz outra vez.

— Você tem certeza disso? Eu... e-eu não sei o que dizer... E se, quero dizer, já faz tanto tempo, eu lembro perfeitamente que... Tudo bem. Claro! Ou você acha que eu vou simplesmente aceitar o que está dizendo? Olhe, não me aborreça. Eu não quero discutir isso agora. Você acha pouco tudo que está acontecendo? É... Lidaremos de alguma forma. Não, as coisas mudaram. Independentemente disso, eu não lhe devo satisfação. Deus, Ariadna! Sim, até mais.

Nossa. Andre parecia chateado.

Era obvio que ele tinha intimidade com essa mulher, quem quer que ela fosse, mas não parecia nada feliz em ter notícias dela. Seria uma ex namorada? A curiosidade estava me matando, por isso, na sala, depois de entregar as coisas aos seus devidos donos e receber seus abraços de agradecimento, precisei perguntar sobre ela antes que Andre chegasse ali.

Odisséia GregaOnde histórias criam vida. Descubra agora