A campainha tocou e os meus olhos abriram automaticamente. Eu não sabia quem era mas um forte pressentimento atravessava-me. Talvez fosse Harry, para me dizer que estava fora da lista de suspeitos. Ergui a cabeça das pernas da minha mãe e olhei para a porta, vendo a minha avó abri-la e Harry entrar no meu campo de visão. Levantei-me num ápice mas quis sentar-me outra vez.
E se ainda houvesse a possibilidade de ele ser o culpado? Os seus olhos encontram os meus e trancam-se. Ele abriu os seus braços e eu aproximei-me mas a outra parte de mim que desconfiava de Harry não me deixou avançar mais para os seus braços, para o seu conforto. E ele pareceu notar que eu estava desconfiada.
"Char..." Ele chamou. "Eles não têm nada contra mim neste momento, e tu sabes que eu não fiz nada." Contou.
"Porque é que estás aqui?" Pergunto e vejo lágrimas formarem-se nos seus olhos.
"Porque tu estás." Responde e o meu coração dá uma forte pancada no meu peito. "E porque eu preciso de te contar tudo o que se passou na esquadra." Acrescenta. "E porque te amo." Acrescenta novamente e eu evito sorrir.
"Nós vamos deixar-vos." A minha avó diz e os meus pais saem de casa juntamente com ela.
"Charlotte." Harry chama assim que a porta fecha. "Eu respondi a tudo o que eles me perguntaram, eles pediram-me para não sair do país e que iam analisar a navalha." Conta. "Amor, eu não fiz nada, estou de consciência tranquila. Porque é que de repente deixaste de acreditar em mim?" Pergunta e eu balanço a cabeça.
"Eu não sei, Harry. Tu não me contaste o que foste fazer, nem sei onde dormiste." Digo.
"Eu fui sair com o Louis e acabei por dormir em casa dele, Charlotte." Conta e eu suspiro.
"Prometes?" Pergunto e olho nos seus olhos, vendo-o ficar um pouco hesitante.
Ele não me está a dizer a verdade
"Prometo." Diz num tom determinado e os seus braços rodeiam o meu corpo, puxando-me para um abraço. "Eu juro por tudo o que sinto por ti que não fiz nada." Diz-me e eu coloco os meus braços à volta do seu tronco, apertando-o contra mim.
"Eu amo-te." Tenho necessidade de dizer e sinto os seus lábios no meu pescoço.
"Eu também te amo, Charlotte." Retribui. "Muito." Acrescenta e eu sorrio ligeiramente, inalando o seu cheiro. "Até ao meu último suspiro." As suas mãos grandes vagueiam pelas minhas costas e uma delas entrelaça-se nos meus cabelos.
Separamo-nos e beijei os seus lábios carinhosamente, iniciando um beijo lento.
***
Encostei o telemóvel à minha orelha e esperei que a sua voz soasse do outro lado da linha. Tocou uma vez, tocou outra vez, e outra, e outra.
"Olá, daqui fala a Perrie, deixa a tua mensagem!" A sua voz soa e eu espero pelo som do 'pi' para iniciar os meus desabafos.
"Olá, sou eu..." Começo. "Eu..." Tento continuar mas as lágrimas formam-se nos meus olhos ao lembrar a sua voz.
E choro
"Eu tenho tantas saudades tuas, Pezz." Digo e soluço. "Quem é que te tirou de nós?" Pergunto e o pensamento de ter sido Harry atinge-me mas eu tento enxotá-lo.
Tento
"Eles dizem que foi o Harry, Perrie, mas eu não acredito. Eu não quero acreditar." Desabafo e deixo-me cair na cama. "Dá-me um sinal de que me estás a ouvir." Peço e encaro o teto, chorando.
Assusto-me quando algo bate na janela e olho rapidamente para lá. Os meus olhos não captavam nada de suspeito lá fora então só podia ser o sinal de Perrie. Nunca fui muito de acreditar em coisas deste género mas Perrie acreditava e onde quer que ela esteja, ela está a ouvir-me.
"Ouviste-me?" Pergunto e olho novamente lá para fora, à espera de outro sinal. Mas o que eu vejo não é o melhor.
Os olhos verdes, o cabelo branco, o sorriso maldoso.
Senti o meu coração bater muito depressa, a minha respiração acelerar e os meus pés recuarem em cima do colchão até cair no chão. Levantei-me desajeitadamente e olhei lá para fora. Nada. Ninguém lá estava, ela desaparecera numa fração de segundos. Engoli em seco e respirei fundo para me tentar acalmar.
Olhei novamente lá para fora, fechei e abri os olhos para ter a certeza de que ninguém estava lá fora, de que ela não estava lá fora. Preciso de me acalmar, preciso de um copo de água fresca para me trazer à realidade. Respirei fundo mais algumas vezes e virei-me para a porta do quarto. Olhei para o ecrã do telemóvel e vi que tinha terminado a chamada.
Suspirei e abri a porta. Porém, uma silhueta impede-me de avançar. O pânico que estava a alastrar-se pelo meu corpo renasce e eu recuo, sentindo a minha respiração acelerar cada vez mais. O seu sorriso falso e malicioso é notável no seu rosto, os seus olhos verdes são frios e assustadores. E o pior é o que ela traz nas mãos, o chicote que ela usava.
"Olá, Charlotte." Cumprimenta e eu recuo à medida que ela avança até mim.
"Sai da minha cabeça, tu não és real!" Grito para ela e o seu riso barulhento e assustador ecoa nos meus ouvidos, fazendo-me apertar a cabeça e fechar os olhos. "Sai da minha cabeça!" Grito novamente e a sua gargalhada ecoa cada vez mais alto.
"Devia ter acabado contigo há muito tempo, fedelha." Rosna e eu fecho os olhos quando vejo que não tenho hipótese de recuar mais e a vejo cada vez mais perto de mim.
"Harry!" Berrei e a sua gargalhada soou novamente.
"Ele não vem, tu estás completamente sozinha." Disse e eu gritei.
"Não!" Berrei enquanto as lágrimas caiam dos meus olhos a toda a velocidade. "Não!" Voltei a berrar.
Continuei a berrar.
Ninguém vinha, eu estava sozinha, a levar chicotadas, a sofrer novamente.
Gritei.
Abri os olhos e ergui o meu tronco. Suor escorria pela minha testa, a minha respiração estava ofegante e eu encontrava-me sentada na cama, sozinha. Ginger não estava aqui, nem Harry. Ouvia vozes na sala. Reparei no meu telemóvel em cima do colchão. Estava em chamada, em chamada com a Perrie. Desliguei e passei os dedos pelos meus cabelos.
Foi só um sonho, um pesadelo.
Olaaaaaa!!! Espero que tenham gostado do capítulo! Foi muito confuso o sonho dela?
Beijinhos
Xx

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Charlotte |H.S|
FanfictionEla é uma rapariga bonita e inteligente. Tem a sua casa e não confia muito nas pessoas, exceto nos seus dois melhores amigos, Zayn e Perrie. Foi abandonada num orfanato pelos pais mas conseguiu sair de lá aos 18 anos. Agora com 22, tem um trabalho...